A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma biografia curta e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.
Nikita Mandhani sempre teve fome de aventura. Quando era criança na Índia, ela queria ser piloto de avião e voar ao redor do globo.
"Meu pai não gostava muito dessa ideia", Nikita disse com uma risada. Ela se tornou uma engenheira de informática de uma grande organização multinacional na Índia. Mas não era apaixonada pelo que fazia.
Para dar vazão a sua criatividade, ela começou um blog sobre diferentes tópicos internacionais, onde oferecia sua própria análise. Depois de dois anos com tráfego em crescimento contínuo, Nikita percebeu que jornalismo era o que ela queria fazer pelo resto da vida.
"Comecei a fazer muita pesquisa e a ler sobre a Faculdade Medill de Jornalismo [da Universidade Northwestern]", explicou Nikita. "Eu vim para os EUA em 2015. E a Medill mudou minha vida."
Durante o programa de mestrado de um ano, o qual Nikita descreve como "muito rigoroso", ela aprendeu os prós e contras das reportagens de vídeo. E apesar de não ter se tornado piloto de avião, ela recebeu subsídios para viajar e reportar da Califórnia, Filadélfia, Michigan, Porto Rico e Alemanha. Seu trabalho se concentrou principalmente nas experiências de imigrantes e refugiados nos Estados Unidos.
Agora, ela trabalha como editora de vídeo e produtora do Washington Post, produzindo conteúdo para o Snapchat, o Lily (uma publicação do Post focada na mulher da geração do milênio) e a Apple News. Seu portfólio freelancer inclui organizações como NBC, Buzzfeed India e Vox.
A IJNet conversou com Nikita para discutir sua transição para o jornalismo e seu futuro no campo.
IJNet: Você falou sobre como gosta de escrever muito. O que a fez focar em vídeo em vez do jornalismo escrito?
Nikita Mandhani: Queria tentar algo novo. Eu sabia que tinha vindo de longe para este país e estava investindo muito na minha educação. Percebi o que um vídeo pode alcançar em sete minutos e senti que pode dizer muito mais. Eu queria contar histórias dessa maneira. Comecei a focar no vídeo, mas nunca deixei de escrever. Eu fiz trabalho freelance porque queria continuar a escrever.
Conte sobre como você obteve essas oportunidades freelance.
Quando eu estava na Índia, quando deixei meu emprego [antes da faculdade de pós-graduação], comecei a fazer freelance, mas realmente não sabia o que era uma reportagem; eu simplesmente sabia pesquisar e escrever. Eu comecei a propor pautas e fazer artigos de listas para publicações em crescimento e artigos de viagem. E então, quando cheguei aqui, foi um processo muito lento. Recebi muitas rejeições. Eu enviava pautas e as pessoas não estavam interessadas. Escrevi para uma tonelada de publicações gratuitamente, apenas para divulgar meu nome. Mas, então, para a Marcha das Mulheres de 2017 em Washington, fiz uma matéria para uma publicação indiana, entrevistando os indianos americanos que participaram. Comecei a enviar mais propostas, tentando entender o que era o meu nicho. Daí, eu fiz uma matéria para a NBC Asia sobre indianos muçulmanos nos EUA. Depois disso, eu não parei de propor pautas. Eu tento realmente pensar sobre meus pontos fortes e sobre o que posso fazer melhor do que outras pessoas com a minha experiência.
Quais são seus planos para o futuro?
Volto para a Índia em janeiro; reservei minha passagem. Foi uma decisão complicada e difícil, sabendo que tenho um emprego aqui. Mas uma das maiores razões pelas quais queria ser jornalista era porque estava lendo muitas publicações internacionais e sempre sentia que a Índia não era retratada corretamente; muitos países do Sul da Ásia e do Sudeste Asiático não o são. Isso me irritava. Achava que muitas reportagens dessas regiões não ofereciam um contexto. Essa é uma grande razão pela qual queria cobrir notícias no meu país.
Como a IJNet ajudou sua carreira?
Eu checo a IJNet quase todos os dias. Há muitas oportunidades que não vejo em nenhum outro lugar, especialmente conferências e workshops. Eu amo como tudo está em um único espaço. Encontrei o Workshop Minority Writers do Poynter lá. Também encontrei a bolsa de diversidade da CNN. Depois participei da Conferência da ONA de 2017. Eu sempre quero aprender o máximo que puder. E na IJNet me sinto dentro de uma comunidade.
Que conselhos você tem para outros jornalistas?
É muito importante ter curiosidade e questionar tudo. Minha curiosidade me ajudou muito e me ajuda a pensar em pautas. E também: nunca pare. Você deve continuar. Aproveite seus pontos fortes. É difícil, tão difícil. Posso dizer isso porque trabalhei em outro campo. A vida como engenheira de informática era mais estável e era mais fácil encontrar um emprego. Ser jornalista é difícil, mas é muito divertido.
Esta entrevista foi resumida e editada.
Imagem cortesia de Nikita Mandhan