Jornalista do mês: Jake Soriano

por Ana Batista
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma biografia curta e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

Jake Soriano cresceu no sul das Filipinas, onde os conflitos são geralmente subestimados e simplificados pela mídia. Movido por essa deficiência, Soriano saiu de casa aos 16 anos para se mudar para a capital de Manila e estudar jornalismo.

Ele começou sua carreira cobrindo notícias de tecnologia, mas seu interesse real era política e desenvolvimento. Como freelancer, Soriano publicou matérias no Global Post, pesquisou para um documentário da BBC sobre direitos filipinos migrantes e publicou um artigo sobre tráfico para a Fundação Thomson Reuters --resultado de uma bolsa que descobriu na IJNet.

Em 2014, Soriano conseguiu uma posição no VERA Files, uma organização sem fins lucrativos de mídia independente nas Filipinas. A organização dedica-se a esclarecer assuntos pouco reportados como o tráfico de seres humanos, direitos de deficientes e conflitos. Durante as eleições das Filipinas em 2016, o VERA Files lançou um projeto de verificação de fatos para tornar os políticos mais responsáveis pelo que dizem. Soriano tem participado ativamente do projeto, escrevendo e editando os relatórios.

Falamos com Soriano sobre seu trabalho, os desafios que encontrou e seus conselhos para jovens jornalistas.

IJNet: Por que você gosta de ser jornalista? O que motiva você?

Soriano: Eu sempre fiz reportagem de profundidade, e parte da minha motivação é responsabilizar os políticos e os funcionários do governo. Especialmente nas Filipinas, onde temos problemas relacionados ao governo e à elaboração de políticas. É necessário para o país cobrir os problemas que são pouco reportados e responsabilizar os funcionários do governo.

Como a IJNet lhe ajudou a avançar na carreira?

Em 2012, respondi a uma oportunidade na IJNet solicitando inscrições para um prêmio de jornalismo do Instituto Asiático do Banco de Desenvolvimento. Inscrevi uma matéria e fui escolhido um dos finalistas; eu pude viajar para Tóquio e partes do Japão afetadas pelo grande tsunami e terremoto do ano anterior.

Em 2014, respondendo a outra postagem da IJNet, solicitei uma bolsa da Fundação Thomson Reuters para participar de um curso de reportagem de tráfico de seres humanos e escravidão moderna em Londres. O curso foi extremamente útil, pois eu estava cobrindo o tráfico de seres humanos. Em Londres, conheci outros jornalistas do mês da IJNet Christy Ejiogu e Shaun Swingler, com quem ainda converso no nosso grupo no WhatsApp.

A IJNet também é minha fonte para webinários, como uma sobre deficiência e jornalismo em 2015, o que revelou ser útil para um livro que eu estava escrevendo, em seguida, sobre reportagem de deficiência nas Filipinas e uma matéria de vídeo digital complementar.

Que conselhos você tem para jornalistas jovens?

Nunca tenha medo de cometer erros porque é assim que os jornalistas aprendem. E nunca tenha medo de editar e trabalhar com seus editores. Certamente, aprendi muito trabalhando com jornalistas veteranos no VERA Files. Isso realmente me ajudou muito. Acho que é um bom conselho para qualquer jornalista jovem, aprender com mentores e editores e sempre buscar pelos fatos. Sempre seja crítico.

Qual foi a matéria mais desafiadora que você cobriu? Como superou os desafios e quais foram os resultados?

É tão difícil escolher uma matéria apenas. Em termos do tempo que me levou a terminar, eu diria que foi a reportagem investigativa que fiz sobre uma fraude de corrupção maciça nas Filipinas, envolvendo bilhões de fundos de "barril de porco" canalizados através de várias organizações sem fins lucrativos fraudulentas. A pesquisa para a reportagem demorou vários meses para ser concluída. Em termos de dificuldades de trabalho em campo, provavelmente minha matéria sobre os problemas enfrentados por ativistas contra o tráfico na fronteira Filipinas-Malásia, especialmente após operações de resgate em massa.

Como superei os desafios? Trabalhando com excelentes editores que forneceram feedback inestimável especialmente quando eu me perdia em detalhes. E aprendendo a não ter medo de revisões. Matérias que são complexas, mas não complicadas, acredito que quase sempre são o produto de uma boa colaboração entre o repórter e seu editor.

Esta entrevista foi resumida e editada.

Imagem cortesia de Jake Soriano