Jornalista do mês de outubro: Thiago Medaglia

por Alanna Dvorak
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

Quando era criança o jornalista brasileiro Thiago Medaglia tinha duas paixões: escrever e o meio ambiente. 

“Desde pequeno, eu gostava da natureza”, explicou Medaglia. "Fazia passeios na natureza quando era criança, viagens à costa, floresta, montanha. Era meu interesse natural."

Medaglia estudou jornalismo na graduação e se viu atraído por matérias de longa duração. Para o seu projeto final, ele escreveu um livro inteiro sobre o médico nazista Josef Mengele, que fugiu para o Brasil em 1960. No entanto, ter se concentrado no livro significou que ele não fez nenhum estágio durante a faculdade, o que o colocou em uma situação difícil após a graduação.

"Quando eu terminei e me formei, não tinha trabalho", disse Medaglia, rindo. "Então liguei para uma ex-professora e disse que precisava de um emprego. E ela me perguntou: "Onde você gostaria de trabalhar?" E eu disse que adorava a revista National Geographic e adoro a Terra, que é como uma versão local da National Geographic."

Medaglia trabalhou na Terra por quatro anos, chegando a posição de editor, antes de finalmente mudar para a National Geographic Brasil e mais tarde o InfoAmazonia, um projeto digital que fornece notícias e reportagens sobre a Amazônia.

Mas Medaglia tinha suas próprias ideias e queria aprender a torná-las realidade. Então, tendo encontrado duas oportunidades pela IJNet, Medaglia tornou-se um bolsista  do "Caminho Digital para o Empreendedorismo e a Inovação na América Latina" do ICFJ e, mais tarde, foi selecionado para o Centro Tow-Knight em Jornalismo Empresarial da CUNY. Ele diz que ambos os programas o ajudaram a lançar o Ambiental, um projeto de notícias digital que trabalha com cientistas para transformar notícias ambientais em matérias interessantes.

IJNet: Como você consegue obter informações científicas e torná-las fáceis de entender para o público em geral?

Medaglia: Não faço isso sozinho; é importante dizer. Somos uma equipe trabalhando para produzir o conteúdo ambiental que publicamos online no InfoAmazonia e Ambiental. Nós nos vemos como um time, por isso temos desenvolvedores, designers, fotógrafos e outros jornalistas. E também é uma mentalidade. A crença que tenho e o que estou tentando fazer através do Ambiental é mostrar que o conteúdo científico ou os resultados científicos não só devem ser acessíveis, mas também devem ser atraentes. Precisam ser atraentes para o público em geral, caso contrário, essa informação passa despercebida.

IJNet: Você encontrou suas bolsas na IJNet. Pode falar sobre o que aprendeu e como ajudou você a lançar o Ambiental?

Participei da bolsa do ICFJ em 2015 e o estágio na revista Mother Jones [através da bolsa] foi realmente mudou minha vida. Eu tinha essas ideias de projetos na minha cabeça, mas não estava avançando e fazendo progressos para que acontecessem. Então, quando me inscrevi para a bolsa, eu tive que colocá-las em um pedaço de papel e por em ação para desenvolver um projeto, primeiro teoricamente e depois começar a implementá-las na prática. O estágio foi realmente bom porque tive tempo de me concentrar no meu projeto e aprender com jornalistas modernos a fazer meu projeto virar realidade. Eu realmente estava tentando entender a mudança na indústria de mídia e sabia que nos EUA, [eles] estavam muitos anos à frente nesta transformação da indústria da mídia e na mudança do modelo de negócios. Essa bolsa foi como um momento mágico quando você abre os olhos e vê: "Oh, meu Deus, há todo esse mundo novo lá fora; há muitas opções."

IJNet: Quais são seus objetivos para o Ambiental? 

Nós temos esse nicho muito específico onde prestamos serviços aos cientistas e, em troca, criamos conteúdo jornalístico. O objetivo desse ano era ter um projeto muito grande e isso aconteceu com a Floresta Silenciosa e foi melhor do que eu esperava. Em seguida, temos uma campanha de crowdfunding que está começando a ser desenvolvida. E quanto a passos futuros, após o crowdfunding e manter nossos parceiros [científicos] e encontrar dois novos parceiros, iremos buscar dinheiro com as fundações, o que achamos que será muito necessário. Não creio que possamos nos estabelecer sem esse tipo de recurso. Mas se eu falar sobre o aspecto editorial, o objetivo que temos é ocupar um espaço específico no Brasil, cobrir temas científicos e ambientais e dar voz aos cientistas e tornar acessível essa informação científica e ambiental, o que é muito importante para o Brasil.

IJNet: Que conselho você tem para outros aspirantes a jornalistas ou jornalistas que esperam criar suas próprias organizações?

Você não faz nada sozinho. Você precisa trabalhar em parceria com outras pessoas. E confie na sua visão. Quero dizer, se você tem uma visão e essa visão é algo que criou sem experiência, então, é claro, deve se perguntar se faz sentido e falar com mais pessoas. Mas se você tem alguma experiência e viu alguma coisa no mercado, confie no seu instinto.

Esta entrevista foi resumida e editada.

Foto cortesia de Thiago Medaglia