Anna Valmero sabia que queria ser jornalista desde criança depois de ver jornalistas fictícios no cinema e nas histórias em quadrinhos.
"Ambos [Superman e Homem-Aranha] trabalham para o jornalismo diário e estão sempre no meio da ação na rua", disse ela.
Agora, uma jornalista freelance baseada em Manila, nas Filipinas, Valmero cobre inovações na cidade, ciências e desenvolvimento, mudanças climáticas e outros temas para publicações como Citiscope/Citylab da Atlantic, SciDev.net e Climate Wire. Ela também trabalha como coordenadora de projetos da Orange Magazine da European Youth Press, que resultou da cobertura do Fórum de Mídia Global da Deutsche Welle para a revista em 2014 -- uma oportunidade que ela encontrou na IJNet.
Valmero acabou de concluir uma bolsa de mudança climática da Fundação Thomson Reuters, uma viagem para cobrir as conversações COP21 sobre o clima em Paris, e foi vice-campeã do concurso We Journalism Awards em 2015. A bolsa Thomson Reuters, que ela também descobriu na seção de oportunidades da IJNet, levou Valmero à Universidade Chinesa de Hong Kong para um treinamento de uma semana de reportagem climática antes das negociações COP21 de dezembro.
A IJNet falou com Valmero sobre o monte de coisas que ela fez nos últimos anos e o que vem a seguir:
IJNet: Como você desenvolveu uma paixão para cobrir o meio ambiente e ciências? Quais são alguns aspectos únicos de cobrir essa editoria?
Valmero: Explorando o jornalismo científico, reportagem de mudanças climáticas e agora escrevendo sobre inovações da cidade, devo dizer que o desafio único para os jornalistas nesta era é como continuar a aprender algo novo: novas ferramentas, habilidades de contar histórias ou apenas um novo tópico.
Normalmente, pensamos em mudanças climáticas quando eventos catastróficos extremos acontecem, como é o caso do tufão Haiyan que devastou as Filipinas em 2013. Mas há também eventos de início lento, como secas e períodos de seca, que têm vários impactos na sociedade.
Fornecer esta conexão de como o homem e o meio ambiente estão ligados é um conceito básico da ciência. E o jornalismo fornece uma boa ferramenta para contar histórias sobre o que está acontecendo atualmente e como encontrar soluções com base no que as pessoas estão fazendo em campo.
Como foi cobrir a COP21? Como acha que a mídia deve cobrir o acordo climático seguindo em frente?
Cobrir a COP21 foi um marco na minha carreira de jovem jornalista. Foi uma cúpula chave que, espero, vai definir a forma como os nossos futuros líderes irão moldar a agenda global de desenvolvimento sustentável.
Além de cobrir os acordos importantes e reuniões, a parte mais legal do evento para mim foi ir para os comícios organizados por pessoas, organizações, estudantes e voluntários. A mensagem é clara: a mudança climática é uma questão que todo mundo se preocupa, e mais pessoas estão envolvidas para mostrar que a ação popular é tão poderosa quanto o próprio acordo. A cobertura sustentada da narrativa do clima é fundamental.
World leave it in the ground for a 1.5 deg C warming limit. Photos from Paris march, Sat 12 Dec 2015 #COP21 pic.twitter.com/mLgNj2gneB
— Anna Valmero (@AnnaValmero) December 13, 2015
Qual foi a matéria ou projeto mais desafiador que você trabalhou até agora? Como conseguiu superar esses desafios?
Cada matéria é diferente, mas estar na rua é definitivamente mais desafiador do que assistir aos eventos habituais. Cobrir o [Tufão] Haiyan com uma equipe de TV americana para o Climate Wire foi uma oportunidade que não acontece muitas vezes. Trabalhar em um ambiente espartano certificando que as histórias de sobrevivência foram retratadas de forma justa foi um desafio único. Depois, há também a questão de como lidar cuidadosamente com as entrevistas, sabendo que os sobreviventes estão se recuperando da tragédia e muitos estão sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático.
Muitas vezes, quando você cobre um evento, tem as comodidades típicas de escritório e orientação de um editor. [Mas] ficar entre as diferentes províncias afetadas pelo Haiyan para produzir a cobertura por dois meses foi um desafio. O que funcionou para mim até agora é estar preparada quando sair no campo e ouvir bem, desde o conselho de editores ao que guias locais e os entrevistados estão dizendo.
O que você diria ser a coisa mais importante que aprendeu na sua carreira?
[Uma coisa que eu aprendi] é a de não se acanhar em fazer perguntas, mesmo a seus heróis. Eu fiquei intimidade em conhecer Vint Cerf, um dos pais da internet, em uma conferência alguns anos atrás. Não tinha certeza se poderia ter uma entrevista com ele, mas eu me aproximei dele e ele de bom grado aceitou conversar. Uma das coisas que ele mencionou foi nunca parar de aprender e contar novas histórias que podem inspirar outros. E não tenha medo de falar com as pessoas mais velhas, porque elas adoram aprender com as perguntas dos jovens, também.
Imagem principal cortesia de Anna Valmero