Jornalismo esportivo: acaba uma Olimpíada e já é hora de pensar na próxima

Oct 14, 2024 em Diversos
Olimpíadas

Quando um Ciclo Olímpico termina os Comitês se reúnem, as Federações e atletas fazem inúmeras avaliações das performances para entender o que é preciso mudar, melhorar e ajustar para a próxima competição. Quando uma Olimpíada acaba outra já começa, nesse caso Los Angeles 2028.

Com a imprensa é preciso ter o mesmo processo para analisar a cobertura. O que funcionou, se os imprevistos foram resolvidos, se as datas dos credenciamentos foram adequadas. E assim observar todos os pontos que necessitam de maior ou menor atenção para o próximo evento.

Preparação Contínua

E com tantas mudanças na área digital, como prever o que acontecerá daqui a quatro anos? Será que podem impactar o trabalho dos jornalistas?

Para Carol Knoploch, do Jornal O Globo, que fez a cobertura em Paris, a principal ferramenta do jornalista para qualquer Olimpíada não é o equipamento, é o conhecimento dos esportes olímpicos. “Mesmo que você esteja há muito tempo na área, precisa se preparar, conhecer as modalidades e os atletas, para não correr o risco de perder a oportunidade de uma boa reportagem ou entrevista. Sem esse conhecimento, até a pergunta simples fica difícil. Em relação a equipamentos... a gente se vira”, diz Knoploch.

“É uma preparação contínua ao longo dos quatro anos entre uma Olimpíada e outra. Já estamos pensando agora e iniciando as metas para Los Angeles”, completa Knoploch, que considera o último ano antes das Olimpíadas crucial: serve para reunir informações para entrevistas, mapear dados e resultados obtidos.

Alexandre Loureiro, um dos fotógrafos oficiais do Comitê Olímpico do Brasil, em Paris, estimula aos que querem investir nessa área que comecem novas experiências entre os ciclos olímpicos, para um olhar diferenciado do esporte.

Loureiro explica que, no Brasil, o foco principal do fotojornalismo esportivo é o futebol e isso acaba dificultando o exercício e conhecimento dos esportes olímpicos. “Por mais que você tenha criatividade, fica limitado a um espaço do campo de futebol e com 22 atletas. Nas Olimpíadas, você solta a criatividade. Todo dia é uma lição nova que aprendemos”.

Estudo sobre a cidade olímpica

Além do conhecimento dos esportes, a cobertura olímpica requer planejamento para trabalhar na cidade sede, incluindo definição de data de chegada e deslocamentos internos, além de se preparar para imprevistos.

Knoploch explica que chegar alguns dias antes serve para você se situar melhor na cidade, ter tempo para retirar a credencial e os tickets de transporte com calma, além de calcular as distâncias que terá que percorrer entre as arenas. “Saímos do Brasil com um plano base. Essa definição depende da formatação da cobertura de cada veículo e do número de jornalistas da equipe", diz ela.  "À medida que os Jogos acontecem, os resultados podem mudar o planejamento inicial e isso também precisa estar na previsão do trabalho. Você pode ter uma programação e, de repente, um atleta surpreende e vai a uma final. É hora de ajustar.”

Pautas além do esporte

Para Aline Falcone, integrante da equipe em Paris da produção do Sportv (emissora oficial das Olimpíadas), se envolver e entender a rotina da cidade faz toda a diferença, inclusive para observar possíveis pontos sensíveis que podem interferir no trabalho ou gerar novas pautas. 

Entre as pautas que surgiram estava o fato da cidade que iria receber as Paralimpíadas não estar preparada para ser acessível. Falcone explicou que matérias explicando sobre o problema foram feitas. Ela acredita que a exposição do problema provocou mudanças em Paris.

Opções para não credenciados 

Ela lembra que para quem não consegue credenciamento oficial paras as arenas, existem outras opções oferecidas à imprensa não credenciada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), como aconteceu em Paris com o Media Center.

Falcone explica que é possível ter acesso a opções que facilitam o trabalho. “São oferecidos vários serviços, como locais para entrevistas e contato com autoridades locais, com funcionamento quase 24 horas. Havia disponibilidade de estações de trabalho e estúdios”. Mas mesmo o agendamento e credenciamento para essas áreas precisam ser feitos antecipadamente. 

Os imprevistos previstos

Em toda a cobertura, que envolve trabalho externo, é preciso prever problemas e ter um plano B. Um desses momentos foi a cerimônia de abertura em Paris. A chuva forte alterou vários processos de trabalho, já que a maioria dos jornalistas estava trabalhando em áreas descobertas. Knoploch explica que situações assim exigem nova estratégia definida previamente com equipes em outros locais.

“Não conseguíamos usar os computadores para fechar as matérias debaixo de tanta chuva. Contamos com apoio da redação que estava no Brasil. Os textos foram feitos a quatro mãos. Você precisa estar preparado para situações assim”, conta a correspondente.

Agenda Antecipada

Para quem já está pensando nas próximas Olimpíadas é importante ter atenção aos prazos de credenciamentos e encontros de mídia. Segundo a agenda do COI para Paris, os formulários de acreditação para imprensa, por exemplo, foram distribuídos com dois anos de antecedência. Já de 18 a 31 de outubro de 2022 foi realizado o World Briefing Paris, com a participação de 330 representantes da mídia internacional.

Para se aprofundar no conhecimento das Olimpíadas de 2028 em Los Angeles, o site oficial dos Jogos disponibiliza a Olympic World Library,  com acesso a 40.000 publicações, incluindo 15.000 documentos eletrônicos, com Relatórios Oficiais desde Atenas 1896. Também existe um canal de comunicação para obter informações históricas ou factuais do Movimento Olímpico, o Olympic Studies Centre, através do email: studies.centre@olympic.org.

A agenda para 2028 está definida com a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos marcada para 14 de julho e a dos Paralímpicos em 15 de agosto. Los Angeles é daqui a pouco. 


Foto: montagem via Canva