Em 2018, as empresas de mídia mudarão a forma como interagem com os consumidores, criando relacionamentos mais pessoais em preparação para serviços mais personalizados, de acordo com um estudo do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo em colaboração com a Universidade de Oxford. Com a capacidade de processar e usar dados efetivamente se tornando mais importante, muitas plataformas se esforçarão para garantir que seu conteúdo seja transmitido e interpretado com precisão.
Mais de 190 CEOs, editores e líderes digitais foram entrevistados sobre as tendências de jornalismo, mídia e tecnologia em 2018. Enquanto metade (44 por cento) dizia estar mais preocupada com a influência das plataformas online, como as redes sociais, 36 por cento concordaram que a resistência ao poder dessas plataformas, e outros formatos de mídia emergentes, é realmente a maior "barreira ao sucesso".
Na tentativa de acompanhar as tecnologias emergentes e as tendências da mídia, as organizações estão aderindo a elas. O formato de mídia escolhido: podcasts. Cinquenta e oito por cento disseram que voltarão sua atenção para podcasts e outros canais de áudio.
Aqui estão algumas outras lições principais do relatório:
Rompendo a dependência das editoras nas plataformas e restaurando a confiança na era das notícias falsas
A disseminação contínua de notícias falsas em 2017 teve um enorme impacto na credibilidade das notícias online. O Facebook e o Google, em particular, abordaram o problemas da disseminação de informações erradas, lançando fact-checkers e outras iniciativas. Muitas plataformas estão trabalhando em algoritmos que manterão o público em seus sites por mais tempo, garantindo que seu conteúdo seja factual.
A linha fina entre o controle da "notícia falsa" e a censura será um tópico quente em 2018, enquanto muitas plataformas são atacadas por publicidade e propaganda enganosas. Isso representa um enorme desafio para as empresas, na medida em que trabalham na remoção de conteúdo prejudicial ao mesmo tempo que permitem a liberdade de expressão. O debate deste ano não será sobre o que acreditar, mas em quem acreditar, segundo o relatório.
O Google disse que fará mais para exibir conteúdo confiável na web e marcar suas fontes. Algumas empresas estão experimentando com verificadores artificialmente inteligentes como o Replika. Os checadores de fatos que usam inteligência artificial podem até ajudar jornalistas a confirmar fatos em tempo real, possivelmente até durante entrevistas. Os jornalistas simplesmente falam no seu smartphone e os robôs verificadores de dados coletam rapidamente os dados para verificar suas declarações ou perguntas.
Modelos de mudança de negócio: de publicidade ao pagamento do leitor
O tema é "de volta ao básico" para tendências publicitárias e receita de empresa em 2018. O estudo Reuters prevê que a mudança de publicidade baseada em assinatura voltará a emergir em pleno vigor este ano. As gerações mais jovens são mais inclinadas do que suas predecessoras a assinar meios de notícias e serviços de streaming. No entanto, é mais difícil para países mais pobres em regiões como na Europa Central e América Latina manter a tendência de assinatura.
Os pacotes são a chave para a estratégia de marketing deste ano, porque são uma das melhores maneiras de atrair consumidores. O New York Times recentemente deixou de oferecer 10 artigos gratuitos por mês para oferecer cinco, além de amostras e melhores opções de preços. Juntamente com as assinaturas, muitas empresas também buscam atrair o registro de usuários e melhorar a capacidade de dados. Quase dois terços dos editores (62 por cento) disseram que melhorar a capacidade de dados foi a iniciativa mais importante para 2018.
Novos dispositivos e tecnologias
Estima-se que em cinco anos, 55 por cento das famílias dos EUA possuirão um assistente virtual, como Google Home e Amazon Echo, de acordo com a Juniper Research. Esses dispositivos estão mudando o comportamento do consumidor, com mais pessoas envolvidas com o conteúdo da mídia.
Em resposta a essas tendências, as empresas de mídia disseram que vão investir mais este ano em mídia baseada em áudio, como podcasts. Muitas empresas veem a mudança para o áudio como um investimento mais importante do que o vídeo de longa duração ou a realidade virtual.
À medida que as mídias de áudio proliferam, jornalistas e empresas de mídia serão forçados a se tornar mais engajantes em suas reportagens, incorporando mais recursos ao vivo e seminários interativos.
O aumento contínuo do smartphone significa que mais e mais pessoas em todo o mundo acessam notícias constantemente a partir do conforto de sua casa. A dependência do consumidor desses dispositivos está crescendo, com 46 por cento dos usuários de smartphones em 36 países acessando notícias de sua cama. Uma tela menor também significa que o visual criativo e a formatação são mais importantes do que nunca.
O relatório conclui:
"Nos próximos anos, não vamos apenas estar perguntando o que é verdade, mas se a informação foi gerada por um ser humano. Bots e agentes inteligentes terão um papel crescente em nossas vidas. As notícias serão escritas por máquinas, a programação de televisão será montada e selecionada com base em nossos gostos pessoais, os carros se autodirigirão. Aproveitaremos a conveniência e a escolha, mas também nos preocuparemos se podemos manter o controle. Nós nos preocuparemos cada vez mais com quem programa os algoritmos."
Clique aqui para ler o relatório na íntegra (em inglês).
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Esther Vargas. Imagens secundárias cortesia do Instituto Reuters para o Estudo de Jornalismo.