Inovador de mídia explica por que redações devem usar APIs

por Margaret Looney
Oct 30, 2018 em Jornalismo de dados

O projeto Code for Africa ajudou redações na África do Sul, Uganda, Quênia e outros países a liberar dados e produzi-los como aplicativos que oferecem informação que jornalistas precisam na vida diária.

Mas Justin Arenstein, o estrategista-chefe da iniciativa e bolsista do Knight International Journalism Fellowship do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), disse que desenvolver um aplicativo nunca deve ser o fim da linha.

"Cada evento ou projeto que fazemos é sempre projetado para resultar em um recurso perene, e não apenas uma história", disse ele durante uma recente apresentação no Centro Internacional para Jornalistas, em Washington, "Você deve deixar para trás um recurso que pode reutilizar e reaproveitar, e depois começar a construir escala."

Para isso, entra a interface de programação de aplicativos (API, em inglês), que torna o conteúdo de um site fácil de ler por um computador. Isso permite que outros serviços acessem facilmente o conteúdo. Redações, incluindo do New York Times, BBC e Guardian, lançaram suas próprias iniciativas de API.

Ainda assim, muitas redações "estão menos inclinados a usar informações de outra pessoa, por isso preferem baixar um banco de dados e depois tentar descobrir como carregá-lo em seu próprio sistema, o que é uma bobagem", disse ele. "Assim, uma grande parte do trabalho que fazemos com as redações é apenas tentar botar nas suas cabeças que eles precisam começar a pensar na notícia como uma API."

No vídeo abaixo (em inglês), Arenstein diz: "Em muitas das conversas que tenho tido em redações na África, as pessoas estão dizendo agora que há uma mudança radical, o que somos? Somos criadores de audiência ou somos produtores de conteúdo?"

"Se você remover todos os canais de distribuição [como] a imprensa, rádio, TV e o restante, no núcleo somos uma organização jornalística que cria conteúdo de valor agregado."

Mas vai levar uma reestruturação do fluxo de trabalho editorial para fazer com que essas redações abracem plenamente este conceito a um nível fundamental.

No vídeo abaixo (em inglês), Arenstein diz que, tradicionalmente, "o material que você não usa em uma história fica amontoado ao lado de sua mesa ou simplesmente é abandonado. Agora precisamos encontrar formas de digitalizar, organizar e, em seguida, também agregar o conteúdo em dados acionáveis.​​"

Code for Africa incorpora uma abordagem de "fail fast" (falhar rápido) para seu trabalho, que envolve a elaboração rápida de protótipos de novas ideias e fazer melhorias e ajustes para falhas quando necessário. Isso significa fazer mais e planejar menos. A abordagem permite que as redações experimentem com novos empreendimentos rapidamente, sem um grande risco financeiro e se adaptem rapidamente às lições que aprendem ao longo do caminho.

No vídeo abaixo, Arenstein diz: "Muitas vezes, as redações são excessivamente ambiciosas quando tentam fazer o seu primeiro jornalismo de dados ou outro projeto digital. Quase exageram."

"O que tentamos fazer nas redações com as quais trabalhamos é incentivá-las a fazer experiências muito menores e menos ambiciosas, mas fazer muito mais delas e, em seguida, analisar todas as falhas para descobrir por que falharam... e construir imediatamente sobre as lições que aprendemos."

Code for Africa aprendeu muito em sua experiência de trabalho com as redações: uma melhor compreensão de como medir o retorno sobre o investimento (ROI, em inglês); por que começar com software de código aberto para um novo projeto; e como fazer atualizações enquanto um projeto começa a decolar.

Margaret Looney, assistente editorial da IJNet, escreve sobre as últimas tendências de mídia, ferramentas de reportagem e recursos de jornalismo.

Imagem sob licença CC no Flickr via Matt Ephraim

Leitura relacionada: Redações experimentam em cobrar por informação com valor agregado