A organização-mãe da JNet, ICFJ, fez parceria com o YouTube em seu programa Jogo Limpo, para combater a desinformação durante a eleição presidencial de 2022 no Brasil. As seguintes iniciativas surgiram desse esforço.
Na segunda parte desta série, vamos conhecer um pouco mais dos projetos Influenciadores no TSE e Fake Dói. Eles receberam 25 mil dólares mais suporte de mentoria com foco na alfabetização midiática de influenciadores digitais e jovens. Os projetos foram desenvolvidos pelo Redes Cordiais e pelo Instituto Vero respectivamente.
Influenciadores no TSE, da Redes Cordiais
No início de agosto, o Redes Cordiais levou um grupo de 29 influenciadores digitais para participar de treinamentos ministrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Numa encontro inédito, eles puderam conhecer os detalhes do processo eleitoral, inclusive, com direito a desmontar uma urna eletrônica para aprender sobre o seu funcionamento.
Clara Becker, coordenadora do projeto, conta que a alfabetização midiática é cada vez mais fundamental para os influenciadores digitais, visto que eles são os principais responsáveis por gerar tráfego e assuntos nas redes. “Eles precisam entender que são os novos atores no ecossistema da informação. E, com isso, vem responsabilidades, entre elas, a de não transmitir informações falsas ”, diz Becker. O Redes Cordiais tem como objetivo manter o grupo de influenciadores – que pode atingir até 10 milhões de brasileiros – mobilizado durante a campanha eleitoral.
Alguns resultados começaram a aparecer já no dia em que o evento foi realizado. Com um alcance de 9,9 milhões de seguidores, os influenciadores produziram mais de 500 conteúdos na ocasião e atingiram mais de um milhão de visualizações. A visita ainda rendeu 55 menções na imprensa. Becker diz que houve a preocupação de trazer influenciadores de áreas completamente diferentes. “Tivemos pastor evangélico, jornalista, ativista ambiental, tik toker, youtuber, enfim, foi um grupo bastante heterogêneo para falarmos com grupos diversos”, explica. A visita rendeu até uma aula com Henrique Neves, ex-ministro do TSE, que explicou a atuação da Justiça Eleitoral, desde a sua criação, em 1932.
O aporte do Jogo Limpo facilitou todo o processo. “Era um projeto que já estava pronto e queríamos muito fazer, e o programa possibilitou. Superou as nossas expectativas em relação a produção de conteúdo”, diz Becker. Ela também cita a mentoria como um ponto positivo, pois o Rede Cordiais ainda não tem uma estrutura muito grande. “Então serviu para a gente pensar e vender melhor o nosso produto”, conta. Para o futuro, ela acredita que é possível replicar o formato bem-sucedido com outros temas.
Fake Dói, do Instituto Vero
No começo do ano, dados da Justiça Eleitoral indicavam que a participação dos jovens nas eleições seria a menor registrada devido a baixa procura para emitir os títulos de eleitor. “Graças a uma enorme campanha de mobilização da sociedade civil, na qual tivemos papel relevante, mobilizando influenciadores e usuários de internet, conseguiu-se reverter esse índice”, diz Camila Tsuzuki, coordenadora do projeto Fake Dói. “Vimos o interesse e o engajamento do público jovem e criamos esse projeto para este público contribuir mais ativamente com o combate à desinformação durante o ciclo eleitoral de 2022”, conta.
O Fake Dói propõe uma jornada de formação que vai apresentar aos jovens ferramentas de investigação cidadã. “É pensado especialmente para os mais novos, então é composto de vídeos curtos disseminados nas redes sociais com o apoio de influencers digitais, mas também localizados no site do Vero”, diz Tsuzuki. A equipe do projeto, entre profissionais do Instituto e consultores, soma mais de quinze pessoas. “A ideia é trabalhar diversas habilidades como a busca avançada de informações, investigações visuais, geolocalização, entre outros. Também vamos propor um desafio para que eles possam testar suas habilidades”, explica. Com isso, será mais fácil identificar conteúdos falsos que se tornam virais.
Nesse sentido, a seleção do Jogo Limpo se mostrou fundamental para o projeto vingar. “O financiamento e a mentoria foram essenciais para garantir que pudéssemos investir na produção dos vídeos e definir uma estratégia assertiva de disseminação de conteúdo, que garantisse o engajamento de jovens”, diz Tsuzuki.
A previsão é que o projeto seja lançado ainda em setembro, e, além de ficar no site, quem se cadastrou também receberá as informações por e-mail. A duração é de dois meses, e as ferramentas de investigação cidadã serão divulgadas de forma gradual ao longo do projeto.
A coordenadora do Fake Dói diz que a expectativa é continuar o projeto, com a produção de mais vídeos com ferramentas de investigação cidadã. “Ou nos aprofundar naquelas já apresentadas. Entendemos que, à medida que a tecnologia avança, são criadas novas formas para se produzir desinformação e nosso projeto pode ser uma forma de manter todos atualizados sobre novas ferramentas que ajudem a distinguir fatos e fakes”, conclui.
Foto: montagem com as marcas e fotos dos projetos