O Viewspaper é um site de notícias na Índia à frente do jornalismo cidadão e inovação midiática para jovens.
O site da Internet, lançado em 2007, prevê uma plataforma livre para os jovens na Índia lerem e discutirem os temas atuais. Desde então, tornou-se a maior organização de notícias direcionada a jovens sendo pré-selecionada para o prêmio Manhattan Awards em 2008.
Seu fundador Shiv Dravid de 25 anos estará discursando em uma sessão extra durante os eventos do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que ocorrerá no dia 2 de maio no Newseum em Washington, D.C.
Como parte de uma série da IJNet com os perfis dos participantes do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (WPFD, em inglês), conversamos com o Dravid sobre o Viewspaper, plataformas online e jornalismo cidadão.
IJNet: Qual é a estória por trás do Viewspaper?
Shiv Dravid: Eu fundei o site por causa de uma experiência pessoal que eu tive na universidade. A minha universidade ficava há cerca de 30 quilômetros de distância da minha casa. Todos os dias eu me levantava às 4:40 da manhã e tinha que mudar de ônibus três vezes para chegar à escola. Durante esse tempo, o governo tentou implantar um sistema de gás natural nos combustíveis dos sistemas de ônibus. Era um programa controverso, houve várias greves e os ônibus passaram a não funcionar. As pessoas estavam realmente tendo dificuldades – incluindo eu – mas quando eu via os noticiários, as pessoas que discutiam o problema não estavam andando de ônibus há 25 anos. Foi aí que eu notei que havia uma grande desconexão entre as duas gerações e que os jovens realmente precisavam de uma plataforma própria.
IJNet: Como você encontra os seus colaboradores? Qual é o seu processo de edição?
SD: Quando nós começamos, costumávamos fazer várias apresentações nas universidades. Mas, com os aumentos no nosso número de leitores, muitos também começaram a escrever. Nós agora temos mais de 5.000 colaboradores no total, que produziram 7.000 conteúdos para o site. A maioria dos nossos escritores tem entre 17 e 25 anos e nós não aceitamos colaboração de maiores de 35.
Nós temos um quadro de funcionários semi-integral com 15 funcionários e a nossa política editorial é bem branda. O nosso maior objetivo é promover uma variedade de pontos de vista, para que, caso estejamos recebendo uma estória pela primeira vez, nós ainda assim iremos querer essa nova perspectiva. O elemento mais importante que nós oferecemos em troca são os nossos comentários: cada escritor recebe aconselhamento em como melhorar a sua escrita.
IJNet: Como Viewspaper apóia o jornalismo cidadão?
SD: Eu acho que o que nós realmente conseguimos fazer com esse projeto é criar credibilidade para os jovens e realmente mudar percepções dando-lhes um canal. Outras empresas de comunicação tentaram lançar coisas similares no formato de uma “mídia mais tradicional,”mas não funcionou por dois motivos: não é financeiramente viável; não podem se afastar do modelo de ter os chamados especialistas, com 60 anos e cabelos grisalhos que criticam a geração mais jovem.
Um exemplo de como nós apoiamos o jornalismo cidadão pode ser visto numa recente campanha que ocorreu na Índia contra a corrupção, onde centenas de jovens apareceram para protestar contra a corrupção nacional. Antes de o evento acontecer, nós tivemos uma grande campanha de jovens no local para incentivar a participação. Nós queremos continuar apoiando esse tipo de atividades.
IJNet: Qual o seu modelo de negócio?
SD: Nós não temos um quadro de funcionários integral e não pagamos aos autores. Essencialmente o que nós oferecemos é uma plataforma para uma comunidade envolvida. A nossa equipe de edição também é semi-integral e doa o seu tempo. Nós não recebemos financiamento de nenhuma agência. Originalmente, eu colocava o meu próprio dinheiro no projeto, mas nós agora fazemos dinheiro suficiente para nos sustentarmos através de um modelo tradicional de propaganda.
IJNet: Qual é o próximo passo para o Viewspaper ?
SD: Nós temos uma edição no Reino Unido, que lançamos há cerca de seis meses. Nós agora estamos tentando lançar uma edição nos Estados Unidos e estamos conversando com pessoas em outros países.
Também estamos focando em seções de tópicos específicos – como alimentação e moda – que já temos encaminhados. Esperamos expandir esses para cerca de 50. Também estamos trabalhando com escolas para que nos ajudem a lançar revistas universitárias.