Fotojornalista premiada aconselha planejamento e paciência para fotos bacanas

Oct 30, 2018 em Diversos

Nikki Kahn, uma fotojornalista premiada que já trabalhou no Washington Post, ofereceu dicas para reportagens visuais a um grupo de jornalistas africanos em um treinamento do Code for Africa em Zanzibar.

Kahn é a primeira beneficiária da bolsa Michel du Cille, criada em homenagem ao fotógrafo do Washington Post, vencedor do Prêmio Pulitzer, que morreu na Libéria em 2014 enquanto cobria o surto de ebola. Como parte da bolsa, ela viajou para Zanzibar em fevereiro para ser instrutora e mentora de 20 jornalistas africanos que trabalham em projetos de jornalismo investigativo multimídia, em temas que vão desde serviços de saúde precários para mulheres grávidas no Quênia rural até a perda de fazendas de cacau a mineração ilegal em Gana.

Os jornalistas africanos são vencedores do desafio de notícias impactAFRICA, patrocinado pelo Code for Africa com o apoio do Centro Internacional de Jornalistas. Kahn disse estar impressionada com a qualidade e o entusiasmo dos jornalistas.

"Foi um privilégio trabalhar com esse grupo de jornalistas talentosos e inspiradores que estavam tão empenhados em encontrar e cobrir histórias importantes em suas próprias comunidades", disse ela. "A colaboração com o impactAFRICA traz à vida o sonho de Michel de atender a comunidade de jornalismo."

Aqui estão algumas dicas que ela compartilhou para obter grandes imagens que dão vida a histórias e conectam o público com as pessoas e lugares cobertos.

  • Seja presente no momento. Para ser um fotojornalista você tem que estar onde a notícia acontece. Fotos bacanas precisam de planejamento e paciência. 

Kahn tirou esta foto depois do terremoto de 2010 no Haiti. Depois de dias sem comida ou água, os sobreviventes do terremoto carregam os produtos de uma loja na principal rua comercial em Porto Príncipe em meio à poeira . A polícia veio para controlar a multidão, mas em poucos minutos eles voltaram para levar mais items.
  • Uma vez lá, espere o momento certo para a foto. Passe algum tempo com as pessoas. Seja respeitoso. E comunique para as pessoas que você está lá para contar sua história. Elas vão deixar você entrar em suas vidas.
  • Não importa qual ferramenta você usa. Um celular é a câmera mais acessível e pode ser a menos intrusiva. Lembre-se de chegar perto. Se você pode alcançar e tocar o alvo é um bom começo.
  • Decida sobre um tema visual consistente para documentar a história. Isso pode ser em um estilo documental ou retrato. Saiba o que você está tentando comunicar e quem é seu público. 
Kahn usou o tema de retrato para cobrir partes da campanha de 2012 do presidente Obama para a reeleição. Raramente emocional, as lágrimas rolam pelo rosto do presidente Obama quando ele concluiu sua campanha em Iowa, o estado que lançou o senador pouco conhecido no centro das atenções quatro anos antes.
  • Saiba que sua matéria tem o potencial de gerar mudança dentro da comunidade e além, por isso seja metódico na criação das imagens que irão atender a uma variedade de plataformas: jornais, apresentações online e até mesmo museus de arte.
  • Não minta ou deturpe quem você é. Isso diminui sua credibilidade como jornalista. Um fotojornalista terá melhor acesso a um entrevistado sendo honesto e estabelecendo confiança.
  • Obtenha os detalhes da legenda. Identifique pessoas e lugares com precisão. Se a informação está errada e a foto for disseminada, você não pode recapturá-la.

Kahn, que foi casada com Michel, cobriu histórias domésticas e internacionais para o Washington Post, incluindo o catastrófico terremoto do Haiti em 2011. Ela fez parte de uma equipe que ganhou o Prêmio Pulitzer por Cobertura de Notícias Urgentes pela reportagem do terremoto. Ela também trabalhou no Afeganistão, Egito, Guiana, Índia e Tunísia. Kahn deixou o cargo em janeiro de 2017. Antes de se juntar ao jornal em 2005, ela era fotógrafa e editora para o Knight Ridder Photo Service.

O Michel du Cille Fellowship é um projeto da National Press Photographers Foundation em Washington. Três vezes vencedor do Prêmio Pulitzer, Michel era conhecido por fotografias compassivas que capturavam o custo humano da guerra, desastres naturais e doenças. Ele trabalhou para o Washington Post por 26 anos.

Fotos cortesia de Nikki Kahn