A International Fact-Checking Network (IFCN) do Instituto Poynter (IFCN) emitiu um apelo à ação.
Equipado com as ferramentas e métodos certos, qualquer um pode se tornar um habilidoso verificador de fatos e ajudar a conter a desinformação na web. Um site central para esse esforço, o FactCheckingDay.com, oferece um arsenal de recursos para ajudar a deter desinformação digital.
"A desinformação não conhece fronteiras", diz o novo diretor da IFCN, Baybars Orsek. “Os fact-checkers [profissionais] não conseguem fazer isso sozinhos”.
“Iniciativas como a IFCN e outras devem trabalhar para capacitar fact-checkers e construir ações colaborativas para enfrentar esse fenômeno global”, acrescenta Orsek, cofundador do projeto de checagem de fatos políticos da Turquia, Dogruluk Payi. “Todos têm responsabilidade e capacidade de contribuir para a causa.”
Orsek adverte que fraudes, teorias da conspiração e rumores podem ser fatais. “Em muitas partes do mundo, dezenas de pessoas perderam a vida devido à disseminação de desinformação em velocidades virais, levando inclusive a crises humanitárias em alguns países”, disse ele.
Em novembro de 2018, a BBC informou que rumores falsos de crianças sendo sequestradas para terem seus órgãos vendidos se espalharam pelo WhatsApp em uma pequena cidade mexicana. Uma multidão ateou fogo em dois homens, que morreram, apesar dos apelos da polícia de que eles eram pequenos infratores, não sequestradores de crianças.
Rumores também levaram à violência em outras partes do mundo, incluindo Índia, Mianmar e Sri Lanka, para citar alguns.
O correspondente-chefe da CNN, Brian Stelter, declarou que relatórios falsos são "uma praga na web" e aconselha a aplicação de uma "regra de verificação tripla" antes de compartilhar links. Stelter acredita que cabe a todos os internautas, não só profissionais, detectar falsidades e evitar disseminá-las.
É aí que o FactCheckingDay.com entra em cena, como recursos para treinar usuários comuns a combater a desinformação online.
O conteúdo foi desenvolvido para atingir quatro públicos: jornalistas, educadores, estudantes e consumidores de notícias.
Aqui está uma amostra do que tem para oferecer:
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Interactive EduCheckMap: Esta ferramenta tem 200 recursos disponíveis em 15 idiomas, de 57 plataformas de checagem de fatos, todas relacionadas à educação midiática e o ensino de checagem de fatos. Entre os recursos, o EduCheckMap inclui um plano de aula sobre como as notícias falsas se espalham, um vídeo sobre a checagem de fatos na internet e um questionário interativo para ajudar a distinguir notícias falsas das reais. O site ajuda usuários a se conectarem com verificadores de fatos em todo o mundo.
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Crash Course sobre navegar informação digital: Esta série de vídeos de 10 episódios do Crash Course promove habilidades práticas para ajudar a avaliar informações online. Apresentado por John Green, autor de best-sellers e personalidade da internet, os participantes aprenderão a avaliar as informações online usando os mesmos processos que os verificadores de fatos e a entender melhor como as plataformas comuns gerenciam as informações.
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Curso curto de fact-checking na prática: Este programa gratuito de 90 minutos pode ser autodirigido ou usado como recurso de sala de aula. Inclui uma visão geral das melhores práticas de verificação de fatos, desenvolvidas por fact-checkers e jornalistas experientes.
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Outros artigos para workshops de treinamento de mídia e redações: A plataforma online oferece uma infinidade de outros artigos sobre as últimas notícias e métodos para verificação de fatos. Entre os cursos oferecidos estão “10 ferramentas e truques para verificar os posts do Instagram”, “Três maneiras de evitar amplificar as teorias da conspiração” e “Preparando-se para o pior: como se preparar para o próximo grande embuste viral”.
A IFCN foi fundada pelo Poynter em 2015 para ajudar a coordenar e apoiar o crescente número de iniciativas de verificação de fatos. Seus principais objetivos são estabelecer um código de princípios para a profissão, promover as melhores práticas e monitorar o impacto da checagem de fatos entre os membros. A organização tem uma variedade geográfica de membros ao redor do mundo, incluindo Croácia, Grécia, França, Brasil e Cazaquistão, entre outros países.
Todos os signatários da IFCN devem passar por um rigoroso processo de avaliação, baseado em cinco princípios que incluem transparência de fontes, financiamento e metodologia. Seu nome é adicionado à lista somente quando eles são totalmente compatíveis.
Orsek quer ver a IFCN se tornar mais ativa em ajudar fact-checkers em lugares onde a liberdade de imprensa está em jogo e ver a checagem de fatos “expandir para todos os cantos da terra”.
Imagem sob licença CC no Pixabay via Thomas Ulrich