Um painel composto por jornalistas e especialistas do Newseum expressou na segunda-feira que pessoas continuarão a usar a mídia social para lutar contra regimes opressivos, apesar das táticas de censura utilizadas por esses governos.
Algumas dessas táticas incluem perseguir manifestantes, fechar sites de mídias sociais e desacreditar blogueiros.
"Eu não acredito em tecnologias, mas tenho esperança nas pessoas", disse Chiranuch Premchaiporn, diretora e webmaster do Prachatai, um site de notícias alternativo na Tailândia.
Premchaiporn, que enfrenta acusações na Tailândia por desacreditar a monarquia tailandesa, falou em um painel intitulado: “Novas Barreiras: Censura na Era Digital” no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Washington, D.C.
Premchaiporn pode pegar até 82 anos de prisão na Tailândia por violar a lei Computer-Related Offences Commission Act de 2007. Oficiais do governo a culpam por difamação em postagens online sobre a monarquia mesmo ela não tendo feito os comentários e ter removido os mesmos tão logo foi notificada pela polícia tailandesa.
Redes sociais como o Facebook e o Twitter estão tornando mais fácil para cidadãos de regimes opressores organizarem manifestações e transgressões, disse Wael Abbas, fundador e blogueiro do Misr Digital no Egito. Ele ganhou credibilidade - e ampla atenção – dos leitores ao postar vídeos de repressão policial no YouTube.
A pobreza não é intransponível, disse Abbas e outros panelistas. Apesar de apenas 25 por cento da população egípcia ter acesso à Internet, a maioria das pessoas – até mesmo nas áreas rurais – possuem telefones celulares. Custa muito pouco acessar a Internet de um cyber café, onde as pessoas baixam informações e compartilham com as outras, disse ele.
O governo não possui pessoas suficientes para monitorarem os telefonemas, disse Abbas. Manifestantes utilizaram mensagens de texto SMS para re-locar protestos em tempo real para evitar a repressão policial.
Os governos, entretanto, estão achando maneiras inovadoras de usar a nova mídia. Na China, o governo persegue blogueiros e postam informações falsas para tentar desacreditar os que não gostam uma prática utilizada também em outros países, disse Xiao Qiang, um expatriado Chinês que é diretor China Internet Project em UC-Berkley. O governo Chinês prendeu blogueiros e fechou o Twitter.
De qualquer forma, a Internet vem provendo uma forma alternativa de notícias, disse Qiang.
“As pessoas notam mais o que não está sendo dito a elas,” disse ele.
Os painelistas concordaram que a nova mídia vem causando uma catálise para mudanças, mas, são as pessoas que promovem as reformas.
"Sem a mídia social eles poderiam ter uma revolução, mas talvez tarde e de maneira mais lenta”, disse Abbas.
Michael Koma, um membro da audiência e jornalista do Sudão do Sul disse que os comentários dos panelistas podem ajudar o seu país no future, na medida em que se aprofunda mais na mídia social. Apesar da maioria dos leitores não terem acesso à Internet, eles possuem telefones celulares e já os utilizam dando a ele dicas para estórias
“Não há razão para sermos pessimistas”, disse Koma, que escreve par ao The Juba Post. “Eu espero que em 10 anos a [mídia social] faça diferença.”
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) organiza as comemorações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa para celebrar os princípios fundamentais da liberdade de imprensa; defender a imprensa dos ataques à sua independência e pagar tributo aos jornalistas que perderam suas vidas no cumprimento do dever. Para maiores informações sobre a conferência global de 2011 do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Washington, D.C., acesse www.wpfd2011.org (em inglês).