Copie estas 8 práticas comuns de jornalistas empreendedores de sucesso

por James Breiner
Oct 30, 2018 em Sustentabilidade da mídia

Nos últimos sete anos, entrevistei jornalistas empreendedores bem sucedidos em vários países de várias classes socioeconômicas. Conversei com publishers e editores com equipes de uma pessoa só a 100 funcionários.

Os que sobrevivem e prosperam após vários anos compartilharam algumas práticas comuns:

1. Eles desenvolvem múltiplas fontes de receita. Eles aderem a patrocínios ao invés de publicidade, associações, em vez de assinatura de paywalls. Eles reconhecem que não podem fazer dinheiro com taxas padrão de de publicidade de custo por mil ou custo por clique. Buscam patrocinadores que abraçam sua missão e valores centrais. Monetizam seu público através da criação de clubes ou grupos de membros que apoiam sua missão de jornalismo. Realmente podem cobrar muito mais do que um assinante jamais iria pagar.

Entre outras fontes de receita: venda direta de produtos, como livros, música, roupa; criação e gerenciamento de sites e canais de mídia social para terceiros; criação de conteúdo para blogs e sites; consultoria em mídia digital; venda de dados; fundações; eventos; crowdfunding; e mais (12 fontes de receita para as organizações de mídia digital).

2. As comunidades são construídas em torno de conteúdos de alta qualidade. Satisfazem uma necessidade de seus usuários ou ajudam a resolver um problema. Eldiario.es da Espanha criou um tipo de clube de 10.800 parceiros que pagam €60 por ano e recebem certos benefícios, como acesso a artigos poucas horas antes de não-sócios. No entanto, o acesso ao site é gratuito, então o que eles estão realmente pagando, diz o fundador Ignacio Escolar, é o apoio a um jornalismo fiscalizador de alta qualidade que é livre de influência política. Embora estes usuários representem apenas 2 décimos de um por cento dos 6 milhões de usuários mensais, eles são o suficiente para fornecer €570.000 e um terço das receitas anuais (veja o relatório financeiro para os leitores, em espanhol). O site tem uma equipe de 40 e continua a crescer.

3. Eles têm uma grande paixão pela ideia. Sua paixão é tão grande que podem ver claramente quando a ideia não está funcionando e estão dispostos a mudar de tática e ir em uma nova direção.

Leo Prieto, fundador da Betazeta no Chile, uma plataforma de sites especializados com 10 milhões de usuários mensais, viu o movimento do público para plataformas móveis e sociais e decidiu há mais de um ano redesenhar os sites para servir as audiências.

4. Eles inovam constantemente. Juanita León, fundadora do La Silla Vacía ("A cadeira vazia"), um site de notícias investigativo na Colômbia, mobilizou sua pequena equipe de cinco jornalistas para criar bases de dados com os principais nomes do país na política, negócios e poder. O banco de dados do "superpoderosos" inclui um mapa de suas conexões, família, educação, negócios, partido político e outras organizações. (Mais sobre o successo e a filosofia de Juanita).

5. Eles desenvolvem uma sustentação de três pernas de competências. Sites bem sucedidos têm pelo menos uma pessoa com habilidade nas três áreas críticas: jornalismo, tecnologia, vendas e marketing. El Confidencial, também na Espanha, sobreviveu e prosperou por 14 anos, mais da metade do tempo durante a profunda crise financeira do país. O publisher Alberto Artero hoje tem uma equipe de 100. O site é conhecido pelo seu jornalismo investigativo, especialmente na interseção de negócios e política. Sua unidade de inovação (descrita por Silvia Cobo, em espanhol) desenvolve projetos nas três áreas.

6. Eles promovem a interação com o público. Sites de sucesso tiram vantagem da comunicação de duas vias para desenvolver conversas em torno da notícia em várias plataformas sociais e sua própria seção de comentários. Envolvem usuários na escolha de temas e fornecimento informações. La Silla Vacia é líder nesta área. Sua equipe responde a cada comentário no site.

7. Eles buscam diferenciação obsessivamente. Entendem que não podem sobreviver publicando a mesma informação sobre os mesmos temas como todos os outros. Assim, eles buscam nichos inexplorados de informação. O site de startup Quién Compró de dois recém-formados, liderado por Israel Piña, encontrou um nicho fazendo reportagens investigativas sobre os relatórios de despesas dos membros do Congresso no México. Eles descobriram, por exemplo, que dezenas de senadores e membros do Congresso haviam comprado motocicletas Harley-Davidson com dinheiro público.

Grandes organizações de notícias têm ignorado este rico recurso do registro público. Veículos tradicionais dedicam a sua atenção para citar a classe política, em vez de investigá-las. Agora principais cadeias de jornais começaram a comprar histórias do Quién Compró. Os jornalistas descobriram um modelo de negócio: syndication. (Nota: Sou um consultor não remunerado da equipe.)

8. Eles adaptam os seus conteúdos de forma diferente para cada plataforma. Michael McCutcheon do Mic.com nos EUA e Santiago Sarceda do Elmeme.me na Argentina são obcecados em usar a linguagem e manchetes corretas para apelar aos diferentes públicos no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e seu próprio site. Eles não oferecem um produto "tamanho único". Entendem que têm que atender os usuários em seu próprio território.

E aqueles que falham...

Por outro lado, neste mesmo campo de inovação e empreendedorismo em jornalismo, as características daqueles que não conseguem também são comuns:

  • Eles não desenvolvem um modelo de negócio desde o início
  • Eles assumem que podem financiar seus negócios com fontes de receitas tradicionais, principalmente publicidade
  • Eles tendem a rejeitar a ideia de que precisam fazer marketing próprio; eles assumem que as pessoas chegarão a eles
  • Eles produzem os mesmos tipos de conteúdo nos mesmos formatos que fizeram na mídia tradicional (texto com fotos, vídeos, som) sem tirar proveito dos pontos fortes da internet, como a cultura de links, matérias com multimídia integrada e interação com o público
  • Eles não são comprometidos em compreender melhor seu público com métricas

Boas ideias e boas intenções não valem muito no mundo cruel da concorrência na internet. A execução é tudo e exige perseverança e compromisso. Então a questão é: você tem o compromisso de superar as falhas e contratempos?

Este post apareceu originalmente no blog News Entrepreneurs de James Breiner e é republicado na IJNet com permissão. 

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Tim Dorr