Como uma universidade americana renovou seu curso de jornalismo

por Ashley Nguyen
Oct 30, 2018 em Jornalismo básico

Com o jornalismo de dados tornando-se um componente essencial na mídia contemporânea, algumas escolas de jornalismo reconhecem a necessidade de espelhar a tendência em seus currículos. Mas uma universidade está fazendo a reportagem de dados um requisito mandatório. 

A Universidade de Stanford lançou recentemente um programa "renovado" para seu mestrado de jornalismo de 2014-2015, chamando-o de "currículo impulsionado por dados para o jornalista de amanhã". 

Entre as matérias oferecidas estão: jornalismo de dados de políticas pública; métodos computacionais no cenário cívica e jornalismo computacional. Uma aula, "Tornando-se um Watchdog", vai ensinar os alunos a aplicar dados no jornalismo investigativo. Stanford exige que os candidatos de mestrado assistem a jornalismo de políticas públicas I e II. 

Stanford também irá abrir um Laboratório de Jornalismo Computacional com a ajuda dos professores Dan Nguyen, ex-ProPublica, e Cheryl Phillips, ex-editora de inovação de dados do Seattle Times

As mudanças curriculares de Stanford se assemelham a avanços feitos pela Universidade de Columbia, embora boa parte do foco em dados permaneça em programas de pós-graduação. Estudantes de comunicação de graduação da Universidade de Stanford podem fazer eletivas em jornalismo computacional, embora não seja uma concentração.

A Universidade de Columbia começou a oferecer um diploma duplo de mestrado em jornalismo e ciência da computação em 2010, e iniciou o Programa Lede --um curso de certificação de pós-bacharelado em dados e codificação-- em abril de 2014. 

Embora os programas de jornalismo estejam se movendo em direção a abraçar tendências digitais, a reformulação de currículos para o jornalismo de dados e ciência da computação não está pegando em todos os lugares. 

"O grupo de pessoas que está dizendo que todo estudante de jornalismo precisa aprender a codificar está equivocado sobre o que a maioria dos estudantes de jornalismo faz e onde a maioria das escolas de jornalismo está", disse Lindsey Cook, repórter de dados do US News & World Report ao American Journalism Review. "Em muitas faculdades, ainda estamos trabalhando para acabar com a divisão entre TV/rádio e impresso para que os alunos possam se formar com experiência em vídeo e escrita. Daí quando você acrescenta a mídia social, áudio e um pouco de Excel, é bastante coisa para começar."

Ainda assim, outras faculdades principais estão tomando medidas maiores em direção ao jornalismo digital. A Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill tem uma concentração de novas mídias para estudantes de comunicação, que inclui aulas de literacia da informação e ciência da computação. A Universidade de Auburn tem áreas de ênfase para estudantes de graduação em jornalismo de tecnologia digital, que incentiva os alunos a fazer cursos de desenvolvimento de Web interativa. 

A Escola Medill de Jornalismo na Universidade Northwestern oferece aulas sobre como contar histórias interativas como eletivas para alunos de graduação e pós-graduação. O Programa de Bolsas da Fundação Knight da Medill oferece uma bolsa parcial para desenvolvedores de Web ou programadores interessados ​​em fazer um mestrado em jornalismo. 

O professor Phillips de Stanford disse que, no futuro, o jornalismo de dados não pode ser apenas um curso obrigatório em faculdades de jornalismo. 

"Jornalismo de dados não deve ser apenas uma matéria do currículo, mas ser infundido por todo o currículo", Phillips disse a Alex Howard neste artigo do Centro Tow para Jornalismo Digital. "Todo tipo de jornalista pode aprender habilidades relacionadas a dados que irão ajudá-los, se acabam [trabalhando] como revisores de texto, repórteres, editores da linha de frente, ou artistas gráficos." 

Se você conhece algum programa de jornalismo internacional excepcional mudando seus currículos para dados e digital, conte para a gente no Twitter: @IJNet

Imagem principal sob licença CC de City College Norwich via Flickr