Depois de cobrir notícias agrícolas por vários anos, Inoussa Maïga percebeu algo: não interessava a jovens. Em seu país natal, Burkina Fasso, a agricultura era tipicamente considerada entediante e o "emprego para as pessoas que não vão bem na escola". Na esperança de mudar esses estereótipos, ele começou uma seção específica em seu blog para escrever sobre as inovações e jovens empreendedores bem-sucedidos no mundo da agricultura.
No espaço de três anos, a seção do blog cresceu e virou a Agribusiness TV, uma organização de mídia com uma equipe e estratégia bem-sucedida e inovadora.
Um canal de mídia que dá preferência ao móvel ("mobile first", em inglês), a Agribusiness TV foi desenvolvida para a web, mas também para celular, com aplicativos de Android e iOS para atingir o seu público-alvo: os jovens da África.
A África francófona está seguindo uma tendência mundial na qual os mais jovens cada vez mais usam seus telefones para verificar as notícias e se comunicar com os amigos. A fim de trazer notícias sobre agricultura para esse público mais jovem, Maïga decidiu que a Agribusiness TV tinha que ser acessível através do celular, nas redes sociais como o Facebook. Vídeos também podem ser compartilhados através de Bluetooth quando a conectividade da internet não é boa o suficiente.
Antes de começar, Maïga teve que enfrentar dois grandes desafios: Sua equipe de jornalistas se espalha em toda a África Ocidental, em Burkina Fasso, Camarões e vários outros países -- e tem experiência no trabalho para a televisão. A equipe se reuniu em uma oficina para obter formação técnica e discutir sua política editorial e fluxos de trabalho organizacionais.
"Precisávamos encontrar um formato que pudesse ser atraente para o público", diz Maïga.
Maïga lembrou de Philippe Couve, um jornalista francês, agora treinador e consultor, que ele conheceu alguns anos antes no Quênia. Couve estava pensando em novas maneiras de contar histórias e alcançar o público já há um longo tempo. Depois de trabalhar como repórter, ele começou sua própria empresa, a Samsa, para ajudar a mídia tradicional na sua transição digital e fornecer apoio a iniciativas de mídia inovadoras.
Em fevereiro, a equipe da Agribusiness TV encontrou com Couve para uma semana de treinamento. Era importante para o canal criar uma estratégia editorial clara para produzir conteúdo consistente, enquanto trabalha em vários países, diz Maïga.
"Precisávamos que todos soubessem o que fazer [para o projeto] para funcionar", diz Maïga.
Apesar da TV Agribusiness ser feita para consumo móvel, seus jornalistas não usam seus telefones móveis para reportar. Aainda usam DSLRs ou câmeras pequenas. Reportagens com smartphones será o próximo passo, diz Couve.
Vários meses após o workshop, a Agribusiness TV é uma organização de mídia em crescimento. Está trabalhando ativamente para mudar a imagem da agricultura na África, um continente onde a população está crescendo e onde muitos jovens estão virando as costas para este setor.
Os números estão mostrando que a Agribusiness TV está no caminho certo. Seus vídeos têm mais de 1 milhão de visualizações e a página no Facebook possui mais de 50.000 curtidas. Seu conteúdo na web e de TV móvel, originalmente em francês, é agora traduzido ao inglês para alcançar um público ainda maior.
Mais importante ainda, todos os dias entre 10 e 15 pessoas entram em contato com a Agribusiness TV buscando informações sobre os empreendedores que aparecem no canal para saber mais sobre as suas experiências e técnicas.
"Não é apenas engajamento artificial", observa Couve, que segue a Agribusiness TV. Outros empreendedores também estão contatando os jornalistas da Agribusiness TV para serem apresentados em seus vídeos. O meio de comunicação é a construção de uma comunidade de jovens com um interesse comum na agricultura.
Enquanto a Agribusiness TV está disponível na internet e através do seu aplicativo móvel, o canal está trabalhando para desenvolver uma programação mais tradicional. Eles planejam fazer um programa mensal de 26 minutos de televisão com seus vídeos para atingir um público mais amplo (especialmente aqueles na África rural que têm internet ruim) -- e por razões financeiras.
"Os anunciantes da África francófona não estão interessados ainda em investir em uma plataforma móvel", diz Maïga.
Imagem principal cortesia de Mahamadi Ouédraoga - imagem secundária cortesia de Inoussa Maïga