Numa época em que a corrupção corre solta, repórteres investigativos que podem descobrir irregularidades são mais importantes do que nunca.
No entanto, globalmente, o jornalismo investigativo sofre com a falta de dinheiro, recursos e treinamento, entre outras coisas.
O estado do jornalismo investigativo e modelos para o futuro foram os temas de um evento recente no Center for International Media Assistance.
Aqui estão alguns destaques:
- O jornalismo de investigação é uma "indústria bipolar", segundo Drew Sullivan do Organized Crime and Corruption Reporting Project. "Há o mundo do desenvolvimento de mídia e há o mundo do jornalismo, e muitas vezes eles não estão ligados". Ele disse que, na maior parte, o número de ativistas é maior do que de jornalistas em organizações de desenvolvimento de mídia e que deve haver mais cooperação entre as duas entidades.
"O mundo do desenvolvimento tem que abordar essas organizações de investigação jornalística que existem em suas regiões e buscar a experiência dessas pessoas", particularmente em questões de segurança, sustentabilidade, desafios legais e desenvolvimento de editores de investigação, disse Sullivan.
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No mundo em desenvolvimento, onde apenas 2 por cento da ajuda ao desenvolvimento da mídia vai para o jornalismo investigativo, não existe a posição de editor investigativo, disse Sullivan. "Editores Investigativos são extremamente raros", afirmou ele. "Eu encontrei menos de cinco em meus 13 anos de trabalho no exterior." Esta falta de estrutura limita o potencial do jornalismo investigativo.
- A trajetória para o desenvolvimento do jornalismo investigativo está mudando, disse Sheila Coronel, diretora do Stabile Center for Investigative journalism. Tradicionalmente, o jornalismo investigativo seguia uma progressão linear, desenvolvendo-se num determinado país a partir de jornais partidários, mudando para uma "fase de lobo solitário" de "indivíduos desbravadores dentro de organizações de notícias profissionais que fazem jornalismo de investigação" e, finalmente, chegando à transição para uma fase "verdadeiramente profissional, onde o jornalismo investigativo torna-se institucionalizado", disse Coronel.
Mas a revolução digital e outras mudanças no jornalismo alteraram esse caminho. Coronel disse que prevê um tipo diferente de ecossistema de investigação, com "grupos pequenos de jornalistas profissionais pagos, fazendo um trabalho artesanal e meticuloso de jornalismo investigativo de alta qualidade, cercados por uma grande rede... de blogueiros, grupos de cidadãos, de ativistas e publicações partidárias que fazem jornalismo investigativo ou de prestação de contas."
Para mais detalhes sobre o estado do jornalismo investigativo moderno, assista a transmissão do evento aqui (em inglês).
Imagem usada com licença CC no Flickr via Silly Eagle Books