Alguma vez você já quis saber se sua bagagem é bem tratada no aeroporto? Ou como é a qualidade do ar no seu bairro? Já viu policiais passando acelerado por você na estrada e quis fazer mais do que agitar o punho para eles? O campo emergente do jornalismo sensor pode fornecer dados para ajudar a responder a todas estas perguntas.
"O mundo está cada vez mais coberto por sensores, e o jornalismo está usando mais e mais dados em reportagens", disse Fergus Pitt, pesquisador do Centro Tow para o Jornalismo Digital na Universidade de Columbia, em Nova York. Ele estuda os princípios, ética e questões legais relacionadas ao uso de sensores para a reportagem.
Os jornalistas podem usar sensores para reunir dados, Pitt disse em uma entrevista em vídeo. O jornalismo sensor é especialmente útil em países em desenvolvimento, onde alguns dados nem existem.
Entrevistei Pitt na Universidade de Columbia, quando eu era estudante de pós-graduação na Escola de Assuntos Internacionais e Públicos. No vídeo abaixo (em inglês), Pitt fala sobre o papel que os sensores podem cumprir no jornalismo. "Ninguém que pensa nisso profundamente diria que o jornalismo sensor é um campo em si mesmo que deve acontecer desprovido de outros tipos de reportagem, como ir e falar com as pessoas", diz ele. Campos e práticas diferentes de jornalismo "devem ser usados em conjunto."
Até o momento, os sensores têm sido usados predominantemente em reportagens investigativas e para gerar consciência para questões ambientais, como a qualidade do ar e barulho. A utilização de sensores para a elaboração de reportagens ambientais ainda está amadurecendo. O jornalismo sensor chama a atenção para questões ambientais, mas atualmente não fornece uma prova quantitativa forte o necessário para avançar no campo científico. Como Pitt discute no vídeo abaixo, o campo é dividido entre sensores caros de alta tecnologia que fornecem dados cientificamente válidos e sensores de baixo orçamento que lançam luz sobre as preocupações da comunidade.
No vídeo abaixo, Pitt explica como sensores podem preencher as lacunas onde não existem dados. "Em [alguns] lugares, você simplesmente não tem quaisquer dados. Eu acho que há potencial para sensores de baixo custo e, potencialmente, não necessariamente os sensores da mais alta qualidade, apenas fornecendo alguns dados. É muito cedo para dizer categoricamente, mas parece que é possível que quando alguns dados são produzidos, há uma demanda para mais precisão e mais responsabilidade."
"A grande questão na minha mente", diz Pitt, é: "Uma pessoa como eu pode fazer isso? Alguém com menos habilidade técnica?" A resposta: sim. A reportagem com sensor é flexível o suficiente para que pessoas com alta tecnologia possam fazê-lo por meio de satélites e aviões, mas jornalistas com menos experiência em tecnologia podem descobrir isso em poucas horas usando sensores acessíveis.
Como os jornalistas podem ter certeza de que estão usando sensores de forma responsável? No vídeo abaixo, Pitt discute as questões éticas e legais que são importantes a considerar quando se usa sensores. Muitos dos problemas não são específicos para o jornalismo de sensor, ele observa. Eles se baseiam em "códigos de ética existentes sob os quais os jornalistas trabalham. Obtenha a história certa; isso significa apenas seja preciso."
Pronto para começar no jornalismo sensor? Na próxima semana, vou compartilhar uma lista de projetos e recursos para você conferir.
Alyssa Mesich é gerente de comunicações na Segal Family Foundation. Recentemente, ela terminou sue mestrado na Universidade de Columbia.
Imagem sob licença Creative Commons cortesia do Flickr user m4rlonj