Como inovadores querem transformar a mídia africana

Oct 30, 2018 em Jornalismo de dados

Ideias para estimular o jornalismo de dados, verificar reportagens e criar ferramentas melhores para o jornalismo investigativo e de cidadão foram as vencedoras no primeiro concurso de inovação jornalística da África.

A African Media Initiative anunciou os 20 vencedores do African News Innovation Challenge (ANIC), o desafio de inovação jornalística, que busca impulsionar a inovação de mídia, investindo US$1 milhão em capital inicial. Os 20 escolhidos receberão entre US$10.000 e US$100.000, junto com suporte técnico e consultoria de desenvolvimento de negócios.

"Encontrar e apoiar grandes ideias para melhorar a reportagem foram um dos nossos principais objetivos", disse Amadou Mahtar Ba, diretor do programa. "Mas um objetivo igualmente importante foi iniciar uma comunidade pan-africana de inovadores de notícias e tecnólogos de jornalismo."

Esta nova comunidade está desenvolvendo soluções caseiras para alguns dos maiores desafios da era digital: Como sabemos se a informação que estamos ouvindo, assistindo ou lendo é correta? Como podemos dar sentido e encontrar padrões para a enorme quantidade de dados que geramos? Como podemos garantir que todas as vozes sejam ouvidas? E como é que vamos manter as nossas instituições responsáveis?

Aqui estão quatro maneiras como inovadores da África pretendem resolver estes problemas:

Criando ferramentas melhores para o jornalismo cidadão

Vários projetos vencedores querem tornar mais fácil para os cidadãos dizerem o que veem e sabem e para órgãos de imprensa compartilharem mais facilmente esses relatos com seu público. Por exemplo, repórteres cidadãos poderão usar o CorruptionNET em seus telefones móveis para enviarem relatos para redações sobre corrupção ou desvio de recursos públicos, enquanto o Citizen Desk vai ajudar as organizações de notícias a incorporarem reportagens de cidadãos em sua fluxo de trabalho editorial.

Outros irão usar reportagens feitas com crowdsource (ajuda do público) para contar histórias de maneiras inovadoras. O ListeningPost vai lançar a primeiro redação de rede social da África. Trata-se de "um painel personalizado no Storyful que agrega mensagens de rede social e incluirá aplicativos móveis que distribuem e vendem fotos e notícias de crowdsource" de acordo com a ANIC. O projeto transfronteiriço LastMile Crowdmapping usará mapas para explicar melhor complexas matérias de investigação, por exemplo, mostrando aos consumidores onde a origem de mercadorias, como chocolate e madeira, na cadeia de fornecimento da África.

Verificando reportagens na mídia

A Africa Check, um projeto não-partidária feito com crowdsource, tem como objetivo verificar as alegações e identificar erros de uma fonte ou um repórter em matérias de notícias. MoJo está criando um software de fácil utilização para detectar censura online e expor plágio.

Estimulando jornalismo de dados

Reunir jornalistas de dados e cientistas na redação é o objetivo de dois projetos. O DataWrapper vai acelerar o uso de visualização de dados, incluindo infográficos interativos e aplicativos de notícias visuais com base em dados. O projeto busca estabelecer uma rede de editorias visualização de dados em redações em toda a África. O Code4SouthAfrica incorpora cientistas de dados e programadores para construir APIs (ou Interface de Programação de Aplicativos) de notícias e treinar jornalistas sobre como usar os dados em matérias.

Uma equipe sul-africana está construindo o Oxpeckers, um projeto de mapeamento de narrativa que vai usar imagens de satélite e análise de dados geográficos para rastrear exploração madeireira, a caça furtiva e a degradação ecológica. O seu objetivo final: expor os criminosos transnacionais e sindicatos que estão fazendo o dano.

Criando ferramentas melhores para o jornalismo investigativo

O projeto openAFRICA vai "agilizar pedidos de acesso a informação nas agências governamentais" e "ajudar jornalistas e o público em geral a avaliarem esses documentos." O NewsStack vai construir "um kit de ferramentas reutilizáveis para jornalistas" de recursos de jornalismo de dados e projetos de jornalismo, incluindo o DocumentCloud, e Mapa76. Em seguida, uma equipe pan-africana de 10 organizações de mídia vai usar o kit de ferramentas para investigar a enorme e influente indústria extractiva do continente.

Para esta nova comunidade de inovadores, vencer o concurso é apenas o primeiro passo. "Agora, pessoas em todo o continente podem trabalhar em projetos colaborativos que aumentam as habilidades e conhecimentos da indústria de mídia", Ba disse. Fique atento.

O African News Innovation Challenge foi organizado pela African Media Initiative e gerenciado por Justin Arestein, bolsista do Knight International Journalism Fellowship. As bolsas são administradas pelo Centro Internacional para Jornalistas. A lista de parceiros fundadores do ANIC inclui o Google, Omidyar Network, a Fundação Bill & Melinda Gates, a Fundação John S. e James L. Knight, o Departamento de Estado dos EUA, a Konrad Adenauer Stiftung (KAS) e WAN-IFRA. Leia mais sobre o concurso aqui.

Artigos relacionados: Por que chegou o momento para inovação da mídia na África

Como um desafio jornalístico ensina empreendedores a refinarem suas ideias

Como inovadores pretendem mexer com a mídia africana

Imagem usada com licença CC no Flickr via JJay