6 perguntas para se fazer antes de iniciar um programa de assinatura

por Paula Montañà Tor
Dec 12, 2018 em Engajamento da comunidade
Grupo de gente

Se você está pensando em lançar um programa de assinatura, estas são seis perguntas que deve considerar antes de dar o salto:

1. Quem são as suas comunidades e quão bem você as conhece?

Como explicou Emily Goligoski, diretora de pesquisa do Membership Puzzle Project: "Você não tem apenas um público sem rosto, mas muitos públicos diferentes com uma diversidade significativa". E se você quiser que eles façam parte do seu projeto, precisa saber quem eles são.

A pesquisa de usuários é fundamental para começar a projetar um programa de assinatura premium. Vai dar insights inestimáveis sobre as pessoas que você deseja alcançar: seus hábitos e rotinas, onde encontrá-las, suas necessidades e os assuntos que realmente importam para elas. Sem essas informações, você não consegue aproveitar o potencial do seu jornalismo, seus usuários-alvo não verão a necessidade de se engajar e seus esforços provavelmente se perderão no barulho.

"É um processo de entender o que as pessoas precisam, pensam e desejam, em vez de apenas perguntar diretamente o que querem", disse Adam Cantwell-Corn, cofundador do Bristol Cable.

2. Que valor único você está oferecendo aos seus membros?

As pessoas só estarão dispostas a pagar e apoiar você se encontrarem na sua organização algo que não podem obter em nenhum outro lugar. Não se trata de quantidade, mas de qualidade, foco e autenticidade. Depois de saber como seu jornalismo contribui para a comunidade, certifique-se de que a mensagem foi recebida e não economize esforços para comunicar suas metas e missão.

Seus usuários têm motivações diferentes para apoiar a sua iniciativa. Alguns querem ter acesso total ao seu conteúdo, outros acreditam profundamente em sua missão, buscam um senso de exclusividade ou a oportunidade de fazer parte de algo maior e conhecer uma comunidade com valores compartilhados.

Pense nas necessidades de seus usuários e descubra se você pode atendê-las. Também é importante ter em mente o equilíbrio delicado, mas essencial, entre dar ao público o que ele diz que quer e o que ele realmente quer.

3. O que você precisa de seus membros?

A resposta não deve ser apenas “apoio financeiro”. Assim você entender como seus membros podem se envolver de várias maneiras, seu modelo de filiação alcançará seu potencial e se tornará verdadeiramente inclusivo.

Além de contribuições monetárias mensais ou anuais, você também deve considerar pedir tempo, habilidades e experiência. Seus membros vão gostar de poder contribuir em diferentes capacidades. Por exemplo, se alguém quiser compartilhar conhecimento com você, poderá ajudá-lo com sua experiência profissional: desde aconselhamento jurídico até edição de conteúdo.

Outra contribuição dos usuários que devemos sempre buscar é o feedback deles. As pessoas querem ser ouvidas, e nosso trabalho pode se beneficiar imensamente das opiniões sinceras das pessoas que queremos servir.

“Ao optar por pagar em participação e não em dólares, os leitores são levados para o processo de produção de notícias de maneiras mais imersivas e coloridas. Tanto a redação quanto o público fazem parte da mesma aventura”, afirmou Goligoski.

4. Como você se sente ao ser transparente e vulnerável?

Se não tem medo de mostrar sua vulnerabilidade, você pode se expor e pedir a ajuda de que precisa. Ao ser transparente, poderá explicar por que precisa da contribuição de seus membros e, mais importante, conquistar sua confiança.

Um dos muitos exemplos de transparência é incluir a quantidade de horas dedicadas ao produto e uma análise detalhada de todos os custos. Além de criar confiança, essa prática também contribui para ajudar o leitor a entender o quanto realmente custa fazer jornalismo de qualidade.

As pessoas querem ser perguntadas sobre suas opiniões e querem saber o que acontece nos bastidores. Seja criativo: por que você não convida os leitores a visitar sua redação? Ou compartilhe o progresso de uma investigação em que você está trabalhando. Se pedirmos aos membros que dediquem seu tempo ou dinheiro, precisamos estar disponíveis e comprometidos a mostrar regularmente o que eles estão contribuindo.

5. Seus fluxos de trabalho e colegas estão prontos para a mudança?

Manter o engajamento do usuário, cuidar de seus membros e incorporar novos membros vêm com trabalho extra, que significa mais tempo respondendo e-mails do que escrevendo matérias.

Os desafios de administrar um programa de afiliação são muitos, e sua redação deve planejar a estratégia. Pense nos recursos para gerenciar a comunidade e em todas as novas camadas de engajamento, comunicações e novos processos editoriais que envolvam mais participação em seu jornalismo.

Uma boa maneira de apoiar a equipe editorial pode ser contratar novo pessoal com experiência em marketing ou engajamento cívico. Investir em software para facilitar a participação do usuário e gerenciar e responder seus comentários também é algo que vale a pena considerar.

6. Quais outras fontes de receita você tem?

Segundo Goligoski, na maioria dos casos, a assinatura representa apenas uma fração da receita que as organizações de notícias precisam para existir. Para a maioria das organizações de notícias, os programas de assinatura significam apenas 10% de sua renda.

Diversificar seus fluxos de receita é fundamental para garantir a sustentabilidade de sua organização de notícias.

O financiamento coletivo também se tornou um sistema amplamente utilizado para obter apoio financeiro. Mas uma campanha de crowdfunding é mais uma maratona do que uma corrida de 100 metros e exige muito trabalho duro. Lançar uma campanha também coloca muita pressão sobre a organização, que corre o risco de não conseguir atingir a sua meta e ter sua imagem abalada.

Experimentar pequenos projetos-piloto para envolver seus leitores e fazê-los apoiar ativamente seu trabalho é uma forma mais segura de começar. Em seguida, você pode aplicar as lições aprendidas e desenvolver um plano para ampliar e expandir sua comunidade e programa de assinatura.

Apesar dos muitos desafios financeiros e técnicos que acompanham a construção de um programa de assinatura, a paixão pode desempenhar um papel fundamental na sua superação. Se você conseguir se livrar de todo o barulho e concentrar seus esforços no que realmente importa para seus usuários, já está tem metado do caminho andado.


Este artigo foi publicado originalmente no site do Medium do European Journalism Centre e resumido na IJNet com permissão.

Paula Montañà Tor é gerente de projetos do European Journalism Centre (EJC), trabalhando principalmente na News Impact Academy.

Imagem principal sob licença CC no Unsplash via Helena Lopes