Se você está pronto para migrar seu jornalismo da página para o podcast, o começo pode parecer assustador. Para que todo esse equipamento? Microfones não custam um milhão de dólares? Bem, sim, alguns deles custam! Mas para contar histórias de áudio não é necessário ir à falência e, com um planejamento cuidadoso e algumas dicas, você pode produzir trabalhos de qualidade com pouco dinheiro.
Isso começa criando uma ótima história. Uma narrativa interessante conduzirá seus ouvintes suavemente, superando as pequenas turbulências de um áudio submixado, som inconsistente ou uma conexão fraca de Skype.
Nada prenderá a atenção de seus ouvintes como o suspense e a surpresa. Mesmo nas matérias de áudio mais curtas, dar pistas sobre o que está por vir cria uma tensão narrativa que manterá os ouvintes conectados. Parcelar informações dessa maneira também permite que o público construa a história em suas próprias mentes, peça por peça. O aprendizado auditivo é difícil para muitas pessoas, e os ouvintes nem sempre podem facilmente voltar e reprocessar uma frase do áudio da maneira que fariam em uma revista.
Veja uma história como "Cachinhos dourados e os três ursos". Bastante simples, certo? Mas você pode aumentar a tensão: "Essa é a história de uma garotinha que passou dos limites. Você vai encontrá-la em breve, mas primeiro, vamos para a floresta e conhecer a família improvável que teve suas vidas reviradas em junho passado quando voltou para casa e encontrou a porta da frente aberta..."
Boas histórias em áudio começam com muita preparação — muito mais preparação do para um artigo de notícias comum, porque sua reportagem fará parte da história que chegará aos seus ouvintes. Você quase nunca mostra aos seus leitores uma cópia dos seus rascunhos de repórter, certo? Mas com reportagens de áudio, você e seus ouvintes trabalharão com o mesmo material. Claro, você estará traduzindo, editando e mixando esse material para que ele faça sentido para seu público, mas quando suas fontes estiverem falando com você, também estarão conversando com seus ouvintes.
Comece qualquer projeto de áudio com um esboço detalhado — não apenas para descobrir quem vai falar e sobre o que e quando, mas para identificar os outros sons que sua história vai precisar. Não tenha medo de pré-escrever; a matéria pode mudar conforme você a relata, mas entre no processo com um plano. Antecipe o que você acha que suas fontes lhe dirão e quais fontes você acha que podem transmitir informações importantes. Mapeie essas vozes em toda a sua matéria e pense sobre o que deve preencher o silêncio entre essas vozes.
Reportagens de áudio que são meramente pessoas falando não precisam ser chatas, mas ao preencher seu trabalho com o tipo de textura auditiva que você pode obter com apenas um pouco de reflexão, você será capaz de fazer mais do que simplesmente contar aos seus ouvintes sobre uma pessoa ou um lugar. Você vai colocá-los bem no meio da ação. Identifique as cenas e fontes que você pode ter apenas uma chance, e aproveite ao máximo quando elas estiverem disponíveis. Talvez você tenha apenas uma chance de gravar uma fonte específica. Saiba de antemão que você precisa desse som.
Grave longas tomadas — mais tempo do que você acha que precisará, especialmente quando está pegando o tom do ambiente para ficar em segundo plano para uma paisagem sonora consistente. Ficar com um microfone por 10 segundos parece uma eternidade, mas quando você entrar no processo de edição, não terá ajuda quando perceber que realmente precisava de 15 ou 20 segundos do jogo de dados (ou outro som) para uma entrevista. E ande pelo espaço quando estiver fazendo essas longas tomadas — leve seus ouvintes a uma caminhada pelo corredor da igreja para que eles possam ouvir como a multidão se movimenta. Fique parado e grave de quatro ou cinco pontos diferentes em uma arena ou mercado.
Quando você está entrevistando suas fontes no campo, o que significa que pode usar apenas um microfone para gravar duas ou mais pessoas em uma faixa, tente não em falar por cima delas, a menos que você queira um estilo deliberadamente conversacional. Isso pode significar que sua interação direta vai soar ou parecer um pouco estranha, mas você sempre pode avisar as pessoas de que fará uma pausa antes de responder ou reagir a uma pergunta ou declaração. Isso lhe poupará mais tarde quando perceber que uma ótima declaração foi cortada no final por um entusiasmado "Éeeee!" ou "Mmmm!" em vez de terminar de maneira limpa na voz da sua fonte.
Não tenha medo de pedir às suas fontes que se repitam e reformulem suas declarações. A maioria das pessoas não diz exatamente o que elas queriam dizer na primeira vez; convidá-las a se refletir e expandir suas ideias lhe dará muito mais para trabalhar posteriormente. Você também pode pedir suas fontes para descrever a cena. Pergunte-lhes onde estão ou o que acontece ao seu redor. Além de economizar tempo de narração, podem oferecer detalhes que escapam ao seu próprio olho.
Mas você também encontrará detalhes que se intrometem no áudio. Reconhecer sons estranhos, ruído de fundo ou outras estranhezas é absolutamente essencial para quem se aventura fora da cabine de gravação. Construções, aviões, trens e barulho de rua não precisam ser barreiras para contar histórias, se você simplesmente reconhecer que eles existem. A maioria dos ouvintes presumirá que tudo o que eles ouviram em sua matéria foi colocado intencionalmente ali. Contar que o barulho é uma empilhadeira errante irá ajudá-los a imaginar onde você está reportando e esclarece que o ruído estranho é apenas isso.
Então! Você tem um plano de reportagem. Certificar-se de que o áudio faz jus à matéria é um desafio à parte. Vamos falar sobre algumas soluções de tecnologia lo-fi que podem produzir áudio de alta qualidade sem comprometer seu orçamento (se você tiver a sorte de ter um orçamento).
Microfones: Um microfone USB decente é um investimento que será absolutamente compensador. Eu recomendo a marca Blue, que é o microfone que uso 99% do tempo, e tem um botão fácil que me permite gravar a narração diretamente no microfone sozinha, uma configuração omnidirecional para entrevistas em grupo ou configuração de cena e um recurso bidirecional perfeito para entrevistas com duas pessoas em uma mesa. Se você estiver gravando ao ar livre, fique atento à interferência do vento. Coloque seu microfone em um copo de plástico para reduzir o barulho de áudio, ou use um prato de plástico ou até mesmo uma assadeira para colocar atrás do microfone.
Quando se trata de gravar narração e entrevistas individuais, uma sala pequena e silenciosa e seu smartphone podem produzir resultados bons. E eu quero enfatizar uma pequena sala: um armário pode ser um estúdio de gravação fantástico, especialmente se for recheado de roupas ou cobertores. Você quer se orientar de modo que esteja cercado o máximo possível por superfícies macias, então vá em frente e envolva-se nos casacos e jaquetas. Se você não pode se espremer em um armário, sentar em uma cama com um cobertor sobre a cabeça é uma boa solução secundária, ou mesmo debaixo de uma mesa drapeada sobre um carpete grosso ou tapete.
É claro que você não pode arrastar todos da história para baixo de uma mesa ou no armário, então quando se trata de trabalhar na estrada, você pode literalmente trabalhar na estrada, do seu carro. Feche as janelas e estacione o mais longe possível do trânsito, e basicamente você consegue um estúdio móvel que acomoda confortavelmente várias pessoas. (Para um ótimo exemplo disso, confira a segunda temporada de Someone Knows Something, o podcast da rádio pública canadense que usa entrevistas em carros para obter um efeito fabuloso.)
Eu também mantenho um estúdio pop-up no meu porta-malas (e por estúdio pop-up, quero dizer um cesto de roupa suja e algumas almofadas e um cobertor). Você pode apoiar a cesta de lado, forrá-la com travesseiros e colocar o microfone dentro para reduzir os ecos, especialmente se precisar gravar uma fonte que recita algo como um poema, uma música ou um monólogo, mas não consegue colocá-los em um carro ou armário .
Se você vai editar seu próprio trabalho, há um mundo de software chique por aí, como ProTools e Adobe Audition, que custam caro, mas o Audacity é uma ótima opção gratuita, e o GarageBand, que vem com todo Mac, também é uma ótima solução. Alguns softwares são criados especificamente para jornalistas. Pode levar anos para encontrar o que você mais gosta: levei uma década para chegar ao Hindenburg. Como gosto de manter meu computador leve, carrego todo o meu áudio em um disco rígido externo ou pendrive e trabalho diretamente a partir deles quando estou editando. Depender do seu computador para fazer muito trabalho pesado por si só irá retardar o seu processo.
Não há substituto para a experiência, portanto, brinque com seu equipamento, seu software e espaço sempre que puder. Mais do que um microfone caro ou um estúdio sofisticado, a boa e velha tentativa e erro aumentará sua confiança e competência, permitindo que você leve seus ouvintes em uma jornada sensorial que os acompanhará por muito tempo depois de ouvir seu programa.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Elvis Ripley.