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O trabalho de media training em tempo de redes sociais

May 19, 2024 发表在 Jornalismo digital
Jornalistas media training

Treinar porta-vozes para interagir com a imprensa ganhou nova roupagem e importância no cenário de comunicação. A área de Media Training, que começou no século XX com o surgimento das relações públicas, agora se renova com o desafio das redes sociais. Isso representa maior demanda por mensagens eficazes e, claro, oportunidades de trabalho para jornalistas.

Segundo dados da Brightcove, 79% dos usuários do ambiente digital consideram o vídeo como o melhor formato para acompanhar uma marca online. Como prender a atenção, o que vestir e como falar, são conhecimentos indispensáveis para empresas que estão na internet. Apenas no Instagram, existem mais de 200 milhões de contas empresariais.

Do que se trata o Social Media Training?

Com o nome de Media Training 4.0 ou Social Media Training, o trabalho de treinar profissionais que precisam se apresentar/falar em público ganha uma nova roupagem. Ele agora se une aos conceitos e técnicas relacionadas às mídias digitais.

O número de clientes em potencial aumentou a partir da percepção de que saber se apresentar diante das câmeras não é uma necessidade apenas para líderes de empresas. Qualquer colaborador se torna a voz de uma marca quando se posiciona na internet. Por isso são fundamentais: técnicas, cuidados e treinamentos. E aí, aparecem as chances de jornalistas brilharem com suas habilidades.

A brecha do empreendedorismo

Liliane Bueno acumula 3 prêmios de Jornalismo, experiência com reportagem de TV e apresentação de telejornais. Após uma crise de Burnout, escolheu trilhar o caminho do empreendedorismo. Ao entender que a comunicação eficaz pode beneficiar todos os envolvidos em uma corporação, ela já impactou 9 mil pessoas em palestras e cursos e fez mentoria para mais de 100 profissionais desde 2020.

"Sem dúvida, o jornalista pode ensinar sobre oratória, postura diante das câmeras, poder de síntese em um texto. Mas é preciso estar disposto a estudar", ressalta Bueno. Ela indica que o profissional se aprofunde em neurociência, estratégias de aprendizagem mas que também saiba usar suas próprias habilidades com exemplo. "A maneira como eu me preparava para uma matéria ao vivo é semelhante à forma como meu cliente se prepara para uma reunião decisiva", exemplifica.

Bueno trabalha gestão das emoções, elaboração do roteiro, técnicas de comunicação, construção de palestras impactantes e até atendimento ao cliente. "Gosto de dizer que como repórter, eu me sentia dando voz às pessoas, hoje, eu as ensino a usarem a própria voz", finaliza.

Oportunidade também no serviço público

Mônica Alcântara, 51 anos é radialista há 25, também já conquistou uma vasta trajetória dentro do Jornalismo. Concursada do Tribunal de Justiça de Pernambuco, assumiu a gerência de Audiovisual da Escola Judicial. Por causa da demanda, ela ministra cursos de media training, oratória e comunicação assertiva para o público dentro e fora do judiciário. Recentemente, promoveu um curso específico sobre comunicação nas redes sociais para os magistrados.

"Não há dúvidas de que as redes sociais trouxeram uma nova necessidade para o profissional de media training. Mas, considero que a evolução natural dos veículos já cobrava uma nova forma de se relacionar com a mídia", comenta. Ela acredita que a simplicidade no falar e uma postura informal mas evitando ser simplória, refletem em uma maior aproximação com o público. 

Assim como Bueno, Alcântara também sugere que o jornalista interessado na área estude e treine. E, como acréscimo, "não seja um ditador de regras e, sim, um incentivador da naturalidade". Ela destaca que mesmo as instituições mais formais podem ter porta-vozes que falem e se relacionem com o público de forma menos solene, porém respeitosa.

Criação de conteúdo via LinkedIn

Muitos profissionais da área de Media Training acreditam na sua popularização. "O treinamento serve para qualquer pessoa que escolheu ter um perfil profissional nas plataformas digitais", diz Silvia Matos, 43 anos, assessora de Comunicação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco. 

Matos realiza projetos na área de "media training em redes sociais" em paralelo ao cargo que ocupa na UFP. Como uma das suas características é conectar pessoas, ela criou a comunidade "Chama pra Negócio", onde reúne mulheres para falar sobre comunicação e realização de planos profissionais. Foi aí que percebeu o LinkedIn como uma rede social ideal para manter a interação com esse público e fomentar mais conexões interessantes.

Ela estudou a plataforma e entendeu que poderia usar as competências de jornalista para potencializar a visibilidade de suas ideias. E o melhor: seria possível compartilhar conhecimento por meio de cursos e consultorias. Ela ensina como se posicionar no LinkedIn por meio da criação de conteúdo. "Esse é mais um caminho de atuação profissional possível com reconhecimento de valor e remuneração para nós jornalistas", aponta.

Existem 5 bilhões de identidades de usuários ativos nas redes sociais no mundo, segundo a análise Kepios. Isso mostra o tamanho das oportunidades para quem está atento e disposto a investir nesse nicho. "Os meios mudaram e agora temos mais possibilidades de dar vazão ao que conseguimos fazer com senso crítico, ponderações e compromisso com a verdade", conclui Matos.


Foto montagem: Liliane Bueno (crédito: Glenda Gurgel) + Mônica Alcântara (crédito: arquivo pessoal) + Silvia Matos (crédito: Laura Oliveira).