Verificado 2018 e o desafio de checar informação no WhatsApp

por Laura Hazard Owen
Oct 30, 2018 em Combate à desinformação

Ao verificar os fatos da eleição mexicana no WhatsApp, um dos grandes desafios é a difusão de notícias falsas. As notícias são trocadas em canais fechados e as mensagens são criptografadas, tornando impossível saber como a notícia está sendo divulgada ou quantas pessoas estão vendo. Informações falsas não vêm apenas como texto, mas como imagens e memes. O WhatsApp também é de longe a plataforma social mais popular em muitos países, incluindo o México, que realiza sua eleição geral no dia 1º de julho (com mais de 10.000 candidatos concorrendo a cargos gerais e locais).

O Verificado 2018, uma iniciativa colaborativa de reportagem eleitoral e verificação de fatos liderada pelo Animal Político, AJ+ Español e Pop-Up Newsroom, está tentando intervir na disseminação de notícias falsas no WhatsApp, com algum sucesso. A missão do Verificado é ampla: foi lançado em março e tem parceiros em 28 dos 32 estados do México. Faz verificação de fatos e a produção de conteúdo em várias plataformas sociais, não apenas no WhatsApp, mas fiquei particularmente intrigada com o que está acontecendo lá.

"Não queremos invadir. Entendemos que o WhatsApp não é como o Twitter ou o Facebook: nós o vemos como um espaço privado para os usuários interagirem com a família e os amigos”, disse Diana Larrea Maccise, editora de conteúdo do Al Jazeera Media Institute. “Então, ao invés de usar outros meios para divulgar nossas verificações, optamos por um relacionamento individual”. O Verificado criou uma linha no WhatsApp onde os usuários podem enviar informações para serem verificadas onde esses usuários são respondidos individualmente. "Nós não vamos usar a nossa lista de divulgação para espalhar a informação que desacreditamos a pessoas que não estão realmente investigando a respeito", explicou ela.

Contudo, para que suas verificações de fato cheguem a mais pessoas, o Verificado as apresenta em seus status no WhatsApp: “uma média diária de 10 status diferentes em nosso WhatsApp, para que as pessoas inscritas em nossa linha no WhatsApp vejam essas verificações constantemente atualizadas", disse Diana. Os usuários podem então compartilhar diretamente esses status com suas próprias redes. Cada "debunk" o qual o Verificado se refere como “vertificados” (uma combinação de “vertical” e “verificar”) consiste na imagem viral, com marcadores sobre o porquê de ser verdadeiro ou falso.

Embora o processo pareça bastante individualizado, ele é dimensionável. A linha do Verificado no WhatsApp foi lançada oficialmente em 18 de maio. Duas semanas depois, 4.800 pessoas se inscreveram e a linha recebeu 18.500 mensagens das quais respondeu 13.800. (Diana advertiu que "mensagens" aqui se referem simplesmente a interações: pedidos para verificar conteúdo, assim como qualquer outra mensagem, como uma saudação. Mas o Verificado planeja filtrar as solicitações reais de checagem de fatos mais especificamente em um informe sobre a eleição.) Cada um dos seus status de verificações publicados obteve cerca de 1.000 visualizações (embora, na realidade, provavelmente seja um número maior, já que os usuários que desativam o recurso de confirmação de leitura não são contados nas análises do WhatsApp). E tudo isso é coordenado por apenas quatro pessoas do Verificado.

Que tipo de informação é enviada para ser verificada? Diana disse que são principalmente imagens e mencionou que normalmente é impossível saber de onde cada item de desinformação se origina: “Não sabemos se começou com uma conta WhatsApp com alguém que fez um meme, circulou dentro do WhatsApp e então pulou para Facebook ou Twitter, ou se foi o contrário… Esse é um grande desafio, não apenas para nós, mas para todos os jornalistas que tentam entender como a desinformação se espalha.”

Você pode adicionar o Verificado no WhatsApp: 55-1245-5032, ou segui-lo no Facebook e Twitter.

Este post foi publicado originalmente no NiemanLab e é reproduzido na IJNet com permissão.

Imagem sob licença CC no Flickr via Microsiervos