Relatório sobre blogueiros independentes: 'A voz online tem valor, seja com passe de imprensa ou não'

por Margaret Looney
Oct 30, 2018 em Jornalismo básico

Depois de receber várias ameaças de e-mail para que não continuasse com sua reportagem política, Shreedeep Rayamajhi do Nepal foi atacado e espancado por uma gangue no caminho de casa depois do trabalho.

Jornalistas que cobrem a elite poderosa estão frequentemente sob ameaça, mas Rayamajhi não é um repórter profissional. Ele é um profissional da tecnologia da informação e gerente de operações de uma empresa de viagens, que mantém um blog no tempo livre.

Rayamajhi compartilhou suas reportagens sobre crime, corrupção, engarrafamentos, turismo e política em seu país com plataformas de jornalismo cidadão, como o iReport da CNN e GroundReport.

"À medida que os blogueiros são cada vez mais alvo de Estados repressivos e tratados com a mesma impunidade como jornalistas, a linha que separa blogs e meios de notícias se desfaz", escreveu Christopher Connell, no último relatório do Center for International Media Assistance (CIMA). "Uma voz online tem valor, seja com passe de imprensa ou não."

Rayamajhi é um dos oito blogueiros da Arábia Saudita, Camboja, Gana, Iêmen, Filipinas, China, Nepal e Cuba destacados no relatório "Profiles in blogging: how bloggers around the world practice their craft" (Perfis em blog: como blogueiros de todo o mundo praticam seu ofício, em tradução livre). Os blogueiros usam o meio para expressar suas opiniões, se envolver diretamente com os outros cidadãos e fornecer uma perspectiva do dia-a-dia em países onde regimes repressivos seguem oprimindo o fluxo de informações.

A ativista Atiaf Alwazir do Iêmen, que também participou no relatório, autopublica um blog que dá uma visão sobre a cultura muitas vezes marginalizada pela grande mídia.

Em 2007, Alwazir criou o blog Woman from Yemen (Mulher do Iêmen) como um "diário público e travelogue", enquanto vivia no Cairo. Mas Alwazir retornou ao Iêmen em 2011 para cobrir a revolução com artigos de fundo, fotos, vídeos e até mesmo poesia.

"Percebi que não havia muita coisa escrita sobre [a revolução] a partir da perspectiva em inglês do Iêmen e então eu comecei a blogar e documentar o que estava acontecendo no país", disse ela. O site oferece um ponto de vista da autêntica vida iemenita, muitas vezes mal interpretado como geralmente violento e incontrolável pelos meios de comunicação ocidentais, disse ela.

Você pode ler o relatório completo aqui (em inglês).

Margaret Looney, assistente editorial da IJNet, escreve sobre as últimas tendências de mídia, ferramentas de reportagem e recursos de jornalismo resources.

Imagem sob licença CC no Flickr via freddy