Este ano no jornalismo, vimos grandes redações assumirem riscos grandes experimentando com as mais recentes plataformas de tecnologia e storytelling.
A agência AP automatizou seus relatórios de ganhos com um algoritmo e até contratou um editor de automação. O jornal Guardian construiu Ophan, uma ferramenta de análise in-house que permite que seus repórteres vejam como seu conteúdo está saindo. A BBC criou o “Syrian Journey”, um interativo que engaja os leitores em um assunto sério com um jogo de aventura.
Estas experiências foram destaque no relatório Trends in Newsrooms da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA, em inglês) lançado recentemente. Mas agências de notícias como a AP, BBC e o Guardian são grandes redações com recursos de sobra.
Há redações menores que também estão inovando em grandes maneiras com os recursos que têm. Estas redações aparecem no último capítulo do relatório de 103 páginas sobre as nove tendências principais em redações, ao lado de perguntas e respostas com sete líderes da indústria. A WAN-IFRA divulgou o relatório no Fórum Mundial do Editor realizado na semana passada em Washington.
Brian Veseling, editor sênior da WAN-IFRA, inicia o capítulo dizendo: "Muitas vezes, histórias sobre inovação focam nos empreendimentos de editores como do New York Times e Guardian, e embora essas empresas tenham um histórico impressionante de realização, há muitos outros editores de notícias de todo o mundo que também estão empreendendo esforços para informar e envolver seu público de maneiras novas e intrigantes."
Aqui nós lançamos luz sobre estes veículos menores que podem inspirar alguma inovação na sua redação, não importando o tamanho.
Mawbima, Sri Lanka - Usando o jornal para lutar contra a dengue
O jornal Sri Lankan daily enfrentou um problema de saúde - com dengue infectando cerca de 46.000 pessoas em 2014 - com artigos, classificados e a própria tinta do papel de jornal.
No Dia Mundial da Saúde, os editores decidiram misturar essência de citronela com a tinta de impressão para que cada palavra na campanha tivesse um repelente natural do mosquito.
Pode ser uma idea peculiar, mas ao aumentar a consciência de um grave problema de saúde no país, o jornal também exemplificou como os diferentes departamentos de um jornal podem colaborar em torno de uma causa única.
VietnamPlus, Vietnã - Usando rap para atrair os jovens
Numa iniciativa inovadora para engajar os jovens, âncoras do VietnamPlus dão as notícias principais do dia em forma de rap em um segmento de vídeo de 4 minutos com música hip-hop.
O editor-chefe Le Quoc Minh disse que levou um tempo para convencer os diretores da redação, mas o primeiro rap recebeu 1 milhão de visualizações nas primeiras 48 horas depois de ser publicado online.
Comunidades do Straits Times, Cingapura - Engajando conteúdo gerado pelo usuário
O jornal inglês Straits Times apresenta conteúdo gerado pelo usuário ao lado do conteúdo de seus redatores profissionais. Os leitores podem enviar fotos e histórias para um dos três sites de comunidades focados em entretenimento, educação ou viagens.
Todos os colaboradores que apresentam seu conteúdo através da plataforma de mídia social são verificados por seus perfis no Facebook, Twitter ou Google Plus.
Des Moines Register, EUA - Realidade virtual
O jornal Des Moines Register de Iowa - com uma circulação diária de 100.000 - fez a primeira página de sites de notícias de tecnologia com a sua experiência da realidade virtual, trabalhando ao lado da Gannett Digital.
O jornal usou Oculus Rift, um headset de realidade virtual e vídeo de 360 graus para criar "Harvest of Change". Eles entrelaçaram reportagens de formato longo e imagens para criar um perfil explicativo de quatro famílias de agricultores em Iowa e como questões como tecnologia, meio ambiente, economia e outros fatores sociais mudaram suas vidas.
De Morgen, Bélgica - Inovando através do design
Com uma circulação diária de 50.000 pessoas, o jornal belga De Morgen foi nomeado um de quatro jornais do mundo com o melhor design segundo a Society for News Design.
O segredo do seu sucesso é ampliar modelos pré-prontos, alternando os projetos de primeira página, muitas vezes sem qualquer fórmula particular. Este efeito "transmite uma vibração visual que coloca o jornal no nivel de jornais muito maiores e mais conhecidos", Veseling escreve no relatório.