Mark Hertsgaard começou a cobrir as mudanças climáticas em 1989 e viajou pelo mundo para escrever livros sobre o assunto. Hoje, o jornalista lidera um movimento global para cobrir o que ele chama de “a história que define nossos dias”.
A resposta ao Covering Climate Now, lançado durante uma conferência em abril de 2019 na Universidade de Columbia, foi impressionante, disse Hertsgaard, cofundador e correspondente ambiental do The Nation. A preocupação com a falta de atenção da mídia à crise climática tornou-se um movimento internacional que está abrindo novos caminhos.
Hoje, mais de 350 veículos de mídia em todo o mundo aderiram à iniciativa ao lado de dezenas de parceiros institucionais e independentes.
Copatrocinada pelo The Nation e Columbia Journalism Review (CJR), com o jornal The Guardian como principal parceiro de mídia, a campanha começou pedindo aos participantes que se comprometessem a destacar as histórias sobre o clima por uma semana antes da Cúpula das Nações Unidas para a Ação Climática, em 23 de setembro. Uma amostra das centenas de matérias publicadas sob seu banner é exibida no site.
"A necessidade de cobertura climática sólida nunca foi tão grande", disse Kyle Pope, editor do CJR e cofundador do projeto para uma publicação em agosto. "Estamos orgulhosos de tantas organizações de todos os EUA e do mundo se unirem ao Covering Climate Now para cumprir nosso dever como jornalistas."
Com uma audiência total de mais de 1 bilhão de pessoas, Hertsgaard descreveu como "um dos esforços mais ambiciosos de todos os tempos para organizar a mídia do mundo em torno de um único tópico de cobertura".
A lista diversificada de participantes atesta o amplo apelo do movimento. Inclui Teen Vogue, Nepali Times e National Catholic Reporter, CBS News, Agence France-Presse, The Hindustan Times e Aljazeera, além de muitos outros.
Os tópicos abordados pelos meios de comunicação também foram amplos. O jornal japonês Asahi Shimbun publicou uma matéria sobre como "o aquecimento global anula medidas para proteger atletas olímpicos de Tóquio". O San Francisco Chronicle documentou efeitos sobre agricultores e pecuaristas, e o Daily Egypt explorou movimentos de jovens focados no clima.
O Brian Lehrer Show no WNYC, rádio pública da cidade de Nova York, adotou uma abordagem interativa para as reportagens climáticas quando aderiram à iniciativa global. O público foi convidado a compartilhar dicas de como ser ecologicamente correto por telefone ou por meio da hashtag #PlasticChallenge no Twitter.
"Uma coisa que fizemos da nossa parte foi convidar os ouvintes a fazer algo ativo, não apenas ouvir o programa", escreveu Lehrer em um e-mail. "A julgar pela resposta, as pessoas estavam realmente envolvidas."
Hertsgaard teve a ideia do Covering Climate Now em outubro de 2018, quando assistia a uma conferência de imprensa transmitida ao vivo por cientistas líderes que pediam "mudanças transformacionais" na economia, energia, agricultura e outros setores do mundo para reduzir as emissões. Ele notou uma omissão óbvia: a mídia.
Para conseguir algum progresso, Hertsgaard sabia que a mídia do mundo teria que estar a bordo. Ele recorreu ao editor do CJR, Kyle Pope, parceiro em projetos anteriores, para discutir o próximo passo. Eles organizaram uma conferência na Universidade de Columbia em abril de 2019 para testar as águas. Bill Moyers, jornalista veterano e comentarista político, conhecido por seu apoio à TV pública, fez o discurso de abertura.
"Poderíamos ver desde o início que havia um apetite imediato por isso: que era a ideia certa na hora certa", disse Hertsgaard. Apoiados por uma doação de US$ 1 milhão do Schumann Media Center, eles começaram a entrar em contato com os participantes da conferência e ligar para potenciais veículos de imprensa para se juntar ao esforço colaborativo.
Originalmente, Hertsgaard esperava por algumas dúzias. No entanto, em junho, 60 haviam se inscrito.
"O movimento decolou como um foguete e continua firme", disse Hertsgaard. Antes da conferência de abril, ele e Pope escreveram um artigo intitulado "A mídia é complacente enquanto o mundo queima". O artigo inclui sugestões para melhorar a cobertura climática.
Entre as sugestões, os autores recomendam o estabelecimento de uma editoria climática separada e bem integrada. "A história do clima é importante e multidimensional demais para que um veículo de notícias não tenha uma equipe designada para a cobertura", escreveram eles.
Eles também sugerem aprender a ciência por trás da história, reportar sobre soluções e nunca se esquivar de "apontar os dedos".
"Uma coisa que é 1.000% clara [é] que viemos para ficar, porque a crise climática não vai desaparecer", disse Hertsgaard. “Temos que quebrar o silêncio sobre o clima e aumentar a cobertura, o que fizemos com muito sucesso. O nosso norte fundamental: seguir a ciência.”
"Queremos envolver os membros do [Covering Climate Now] nessa colaboração e descobrir com eles o que deve acontecer a seguir neste movimento", acrescentou Hertsgaard. "É exatamente o que estamos fazendo agora."
Imagem sob licença CC no Unsplash via Melissa Bradley.
Para se juntar ao movimento Covering Climate Now, escreva para coveringclimatenow@cjr.org.