Após bilhões de yuans serem investidos no cenário da inteligência artificial da China, a agência de notícias estatal chinesa anunciou que está reconstruindo sua redação para enfatizar a colaboração humano-máquina.
O presidente da Agência de Notícias da Xinhua, Cai Mingzhao, disse que a Xinhua vai construir um "novo tipo de redação baseada em tecnologia da informação e com colaboração entre humanos e máquinas". A agência também apresentou a plataforma "Media Brain" para integrar a computação em nuvem, a "Internet das Coisas", inteligência artificial e mais na produção de notícias, com aplicações potenciais "para encontrar notícias, apurar, editar, distribuir e finalmente analisar feedback".
O anúncio da agência não entrou em detalhes, mas é o mais recente componente de um forte impulso da China para avançar na inteligência artificial. Na semana passada, o país revelou planos de construção de um parque de desenvolvimento de inteligência artificial de US$2,1 bilhões nos próximos cinco anos como parte de sua campanha para se tornar líder mundial de inteligência artificial até 2030. O Google também se comprometeu a fazer parte do cenário de inteligência artificial na China, abrindo um centro de pesquisa em Pequim, com a Bloomberg citando o líder do centro do Google, Fei-Fei Li: "Será uma pequena equipe focada no avanço da pesquisa básica de inteligência artificial em publicações, conferências acadêmicas e troca de conhecimento". A Microsoft também anunciou planos para criar seu próprio laboratório de pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial em Taiwan e contratar 200 pesquisadores nos próximos cinco anos, investindo cerca de US$34 milhões.
"Nós vimos muito interesse em inteligência artificial na China, e o setor está se movendo rapidamente no país", disse Chris Nicholson, ex-editor de notícias da Bloomberg e cofundador da startup Skymind de inteligência artificial, à Digiday. "Pequim apoia a inteligência artificial, enquanto o Baidu, Alibaba e Tencent estão entrando em inteligência artificial. Os Estados Unidos ainda têm o melhor talento de IA, mas também há muitos engenheiros e pesquisadores de IA na China."
Indo além da corrida mundial de inteligência artificial, as reverberações do investimento da China em inteligência artificial na mídia podem refletir no jornalismo em todo o mundo. Um relatório divulgado pelo Projeto de Notícias Digitais do Instituto Reuters sobre as tendências da mídia para 2018 destaca alguns dos avanços que o jornalismo chinês já fez.
As empresas chinesas não estão necessariamente expandindo internacionalmente para uma base de publicidade internacional; como observa Sara Fischer da Axios, elas estão interessadas em alcançar cidadãos chineses que se mudaram para outro lugar, mas ainda usam a mesma tecnologia para manter contato.
Há também preocupações sobre o que o governo chinês poderia fazer com a inteligência artificial no jornalismo: Nina Xiang, cofundadora da China Money Network, baseada em inteligência artificial, considerou os potenciais problemas de segurança e privacidade com as inovações da Xinhua. "O Media Brain... levantará preocupações significativas sobre a proteção de privacidade de dados pessoais, ou a falta deles. O vínculo entre a Alibaba e a agência de notícias estatal chinesa --o primeiro de seu tipo-- cria um olho digital que permite o acesso a dados coletados de inúmeras câmeras de vigilância em todo o país, estimado em meio bilhão nos próximos três anos, dispositivos da "Internet das Coisas", câmeras de carro montadas em painel, estações de monitoramento de poluição do ar e dispositivos pessoais portáteis. Se as pessoas poderão dar permissão para que seus dados sejam usados, ou mesmo saber se estão sendo usados, não se sabe", escreveu ela.
"Para usar uma analogia simples, esta parceria é como se a Amazon, Paypal, CBS, News Corp e Fox estivessem trabalhando com governos estaduais e municipais nos Estados Unidos para compartilhar dados coletivos tanto públicos quanto privados para fins de monitoramento de notícias potenciais em qualquer lugar, a qualquer momento em tempo real em toda a América."
Enquanto algumas organizações americanas estão empregando aos poucos IA em suas redações, a Xinhua da China está indo com tudo.
Este artigo foi publicado originalmente no Nieman Lab. Foi resumido e republicado na IJNet com permissão.
Imagem sob licença CC no Flickr via A Health Blog