Um projeto de jornalismo de dados espera mostrar o que aconteceu com milhares de pessoas que desapareceram durante o violento regime militar na Argentina.
O destino destes desaparecidos será rastreado pelo Mapa76, uma plataforma de software aberto iniciada em Buenos Aires cerca de um ano atrás. O projeto irá analisar os dados para encontrar padrões ou destinos comuns de pessoas desaparecidas que inicialmente não parecem relacionadas, mas encontraram o mesmo fim trágico.
A ideia do Mapa 76, cujo nome é uma homenagem ao ano que os militares tomaram o poder, surgiu em um evento do Hacks/Hackers em Buenos Aires, onde os membros conversaram sobre a extração de dados de documentos públicos a partir de processos judiciais para criar um cronograma global ou mapa dessas histórias de vida. Eles esperam, assim, descobrir novas conexões no processo.
De acordo com a Associated Press, cerca de 13.000 pessoas estão dadas como mortas ou desaparecidas como resultado do "Guerra Suja", embora organizações de direitos humanos avaliam o número em cerca de 30.000. Trinta e seis anos após o golpe, processos judiciais geraram uma riqueza de informações, incluindo testemunhos e provas novas.
Mariano Blejman, criador do projeto e editor-chefe do Suplemento No, disse à IJNet que o Mapa76 usará mineração de dados, dados grandes e visualização de dados para atingir sua meta.
Para explorar as informações contidas em documentos judiciais, o Mapa76 incluirá três módulos para extrair, pesquisar e desvencilhar dados contextuais e visualização de dados nos mapas e cronogramas.
O software usado, construído em Ruby, vai vasculhar documentos usando padrões de busca definidos, tais como nomes de pessoas, organizações, locais e datas. Quando encontra as palavras que correspondem à consulta, organiza essa informação em um banco de dados. Blejman espera que o trabalho resultará em uma linha do tempo, tal como este gráfico explicando o enredo de multi-filmes como "O Senhor dos Anéis" ou "Jurassic Park" ou este da campanha de Napoleão na Rússia.
Blejman espera que a plataforma irá servir como um modelo exportável para qualquer projeto de jornalismo que usa grandes quantidades de dados, desde conflitos sociais a complexos processos judiciais.
"Jornalismo de dados é usado para interpretar grandes volumes de dados e requer ferramentas certas para fazê-lo -- ferramentas que nós jornalistas não temos disponível ou não sabemos como usar", disse ele.
Co-fundado por Blejman, o Hacks/Hackers de Buenos Aires recentemente hospedou um hackathon para trabalhar nesse e outros projetos.
Pode levar algum tempo para o Mapa76 ser concluído, mas Blejman é determinado.
"Se você tem uma obsessão, nunca a deixe", disse ele.