Tanto jornalistas como cidadãos precisam estar preparados para enfrentar o inesperado, incluindo ser pego em fogo cruzado, como aconteceu em ataques recentes no Rio de Janeiro, Paris, Bagdá, San Bernardino, Orlando e Dallas.
É por isso que eu desenvolvi e agora uso um simulador de campo de batalha para treinamentos de segurança de jornalistas na fronteira EUA-México, como parte do meu trabalho como bolsista Knight do ICFJ.
O simulador contém áudio retirado de guerras reais entre narcotraficantes e unidades militares no México. Os jornalistas são treinados a buscar proteção ao ouvirem sons reais de balas. Este áudio cria um ambiente dramático e, pelo que tenho visto, os repórteres apreciam ter a oportunidade de praticar como se proteger.
Jornalistas de fronteira compreendem muito bem a necessidade para este tipo de treinamento. O repórter de TV Miguel Turriza é um deles. Em 19 de fevereiro de 2009, ele foi pego no fogo cruzado entre traficantes e militares mexicanos em Reynosa, uma cidade na fronteira com o Texas. Turriza gravou o incidente e colocou no YouTube, onde conseguiu mais de 4,7 milhões de visualizações.
Naquela manhã nublada, ele e seu cinegrafista chegaram ao local cerca de 20 minutos após a troca de tiros, acreditando que tudo tinha acabado.
Segurando o microfone com uma mão e gesticulando com a outra, Turriza falou para a câmera: "Alguns momentos atrás, um tiroteio aconteceu nesta rua de Reynosa. Armas de alto calibre foram usadas e o tráfego foi interrompido. "Alguns segundos depois, enquanto a câmera ainda estava ligada, o tiroteio começou novamente. Por instinto, os dois homens se abaixaram até deitarem no chão.
Carlos Alberto Guajardo, um jornalista de Matamoros, outra cidade fronteiriça, não teve a mesma sorte. Em novembro de 2010, ele tentou se aproximar de um confronto armado com sua caminhonete, mas soldados mexicanos o confundiram com um homem armado e o mataram.
Mais de 250 jornalistas morreram em fogo cruzado ou combates desde 1992, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Agora, com incidentes terroristas na Europa e massacres nos Estados Unidos, os jornalistas podem se encontrar numa situação de fogo cruzado em qualquer ambiente urbano. Jornalistas americanos também precisam saber como se proteger para cobrir agitações internas nos Estados Unidos, como foi visto recentemente nos protestos em Milwaukee.
Com isso em mente, estou levando uma série de oficinas de segurança para os jornalistas que cobrem a fronteira EUA-México como parte da minha bolsa Knight de jornalismo internacional do ICFJ. O treinamento inclui o uso do simulador de guerra, para que os participantes possam aprender as diferentes posições de se agachar e se proteger de tiros. Bernardo Gómez, um ex-policial federal mexicano, capacita jornalistas na arte de buscar proteção em fogo cruzado.
Espero que nenhum jornalista seja pego no meio de um tiroteio, mas se isso acontecer, o treinamento no simulador pode ajudá-lo a sobreviver e voltar para a redação para apresentar sua matéria.
Nota do editor: O próximo workshop de segurança na fronteira de Jorge Luis Sierra será realizado de 25 a 26 agosto em Tijuana, México. Clique aqui para obter mais informações e se inscrever.
Simulador de batalha de Jorge Luis Sierra no Vimeo.
Imagem principal cortesia de Jorge Luis Sierra