Saber programação tem se tornado uma vantagem em diversas profissões. No jornalismo, noções básicas de código ajudam a otimizar o trabalho ao automatizar processos repetitivos e facilitar a análise de grandes volumes de informação. Nos últimos anos, os jornalistas que se interessam pelo assunto viram as oportunidades de cursos e empregos crescerem.
Para falar sobre esse cenário e dar dicas de como começar no jornalismo de dados, o Fórum de Reportagem sobre a Crise Global de Saúde convidou Renata Hirota, jornalista de dados do Volt Data Lab e Núcleo Jornalismo, e Gabriela Caesar, jornalista e analista de dados, para o webinar “Código e programação para jornalistas”. O papo aconteceu em 7 de outubro.
Assista o webinar completo e leia os principais destaques abaixo. https://youtu.be/FRckqhyeMBU
Qual é a utilidade
Algumas das principais utilidades da programação para jornalistas são o uso na apuração de reportagens diversas, a independência para analisar os dados, a reprodutividade dessa apuração e a facilidade em alinhar questões técnicas com outras equipes. Para Caesar, o conhecimento ajuda a tirar novas ideias de pauta do papel, pois abre um outro mundo de possibilidades de coleta e análise de informação.
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“Chega uma hora que a planilha do Excel não dá mais conta. Os dados começam a ficar muito grandes, você não consegue mais contar na mão, não consegue mais fazer as coisas com as ferramentas que você usava até então”, explica Hirota. Para ela, a questão da reprodutividade dos códigos é muito importante, seja para refazer uma análise, consultar a opinião de um colega ou usar o mesmo caminho para outra pauta no futuro.
As duas concordam que não é preciso ser especialista em programação para tirar proveito do conhecimento no jornalismo. Ter noções básicas já permite identificar o que pode ou não ser feito com códigos, assim como o tempo de trabalho que seria gasto em uma atividade.
Como começar
Antes de aprender programação, é importante entender o básico de planilhas. “Talvez a sua solução esteja na tabela dinâmica do Google Sheets, e não em raspagem de dados ou coisas mais sofisticadas”, diz Caesar. "Se esse não é o caso, vale se dedicar ao estudo. Por mais que existam diversos tutoriais disponíveis na internet, a melhor opção é fazer um curso estruturado, para evitar consumir material defasado". Ambas concordaram que a prática é essencial para o processo de aprendizado.
As linguagens de programação mais usadas hoje por jornalistas de dados são o R e o Python, que vêm da ciência de dados. Hirota acredita que o ideal seria começar com noções básicas da lógica de programação, sem focar em alguma linguagem específica. Mas, no dia-a-dia corrido do jornalista, nem sempre é possível dedicar tanto tempo ao estudo e talvez seja bom escolher um caminho específico. Para Caesar, foi mais fácil começar a aprender com o R.
Comunidades online
As comunidades online são parte fundamental do trabalho com dados. Pessoas de diversos níveis ajudam a encontrar soluções para os problemas que os programadores encontram ao longo do caminho, mesmo aqueles que estão começando. Essa dinâmica de troca é pouco comum no jornalismo em geral, mas muito forte no jornalismo de dados.
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Às vezes, a resposta para o erro de um determinado código não é facilmente encontrada no Google. Os fóruns e grupos são um espaço aberto para tirar dúvidas e interagir com outros profissionais que podem já ter passado pelo mesmo problema. Aí entra a importância de aprender as linguagens de programação mais comuns, pois quanto mais gente usar, mais ajuda e informação online você encontra.
Links úteis e referências
Ao longo do webinar, Hirota e Caesar mencionaram diversos cursos, comunidades e livros interessantes para quem quer se aprofundar no jornalismo de dados. Segue a lista abaixo:
Pós-graduação:
- Master em Jornalismo de dados, automação e data storytelling, no Insper.
- MBA em Jornalismo de dados, no IDP.
Cursos:
- Escola de dados.
- Curso-R.
- IBPAD - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados .
- Data Bootcamp.
- Data Science Academy.
- Abraji- Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
- Base dos Dados
- CodeCademy
- DataCamp
- Programaria
Comunidade:
Referência bibliográfica:
- R. Elmasri, S.B. Navathe, Fundamentals of Database Systems, 6th ed., Addison-Wesley, 2010.
- J.D. Ullman, J. Widom, A First Course in Database Systems, 3rd ed., Prentice Hall, 2007.
- C.A. Heuser, Projeto de Banco de Dados, 6ª ed., Bookman, 2008.
- V.W. Setzer, F.C. Silva, Bancos de Dados: Aprenda o que são, melhore seu conhecimento, construa os seus, Edgar Blucher, 2005
Foto de Chris Ried no Unsplash