Oriente Médio: 5 tendências digitais para ficar de olho

por Damian Radcliffe and Amanda Lam
Oct 30, 2018 em Redes sociais

O uso e a adoção das mídias sociais continuam a evoluir rapidamente no Oriente Médio e norte da África (MENA, por sua sigla em inglês). Um relatório de Damian Radcliffe e Amanda Lam na Universidade de Oregon fornece uma análise atualizada das últimas pesquisas, anúncios da indústria e notícias relacionadas ao aumento da audiência jovem e digital na região MENA.

Aqui estão os cinco principais desenvolvimentos:

1. As redes sociais são agora a fonte de notícias mais popular para a juventude árabe

A Pesquisa Juvenil Árabe de 2017 destacou a forma como as redes sociais estão reformulando os hábitos de notícias dos públicos mais jovens. A pesquisa descobriu que 35 por cento dos entrevistados acessam suas notícias no Facebook todos os dias, antes das fontes online (31 por cento), canais de notícias de TV e jornais (9 por cento).

Jovens homens e mulheres no mundo árabe também são mais propensos a compartilhar conteúdo de notícias no Facebook do que nos últimos anos. Entre 18 e 24 anos, 64 por cento disseram ter compartilhado artigos na rede social, em comparação com 41 por cento em 2015, já que as mídias sociais continuam se tornando uma fonte cada vez mais influente para descobrir (e compartilhar) a notícia.

2. Vídeo é importante

A Pesquisa Juvenil Árabe de 16 países também revelou que o YouTube é visto diariamente por 50 por cento dos jovens árabes.

Por outro lado, a publicação anual Arab Media Outlook do Dubai Press Club observou que a Arábia Saudita é o maior mercado do YouTube globalmente no consumo per capita, e vídeo é a atividade online mais popular para os jovens. Jovens entre as idades de 15 a 24 na região MENA passam 72 minutos por dia assistindo a vídeos online, em comparação com 16 minutos por dia para aqueles com mais de 35 anos.

3. Mídias, aplicativos e usuários continuam a investir em vídeo

O segmento de vídeo de crescimento mais rápido é o conteúdo digital amador e de curta duração com curadoria da juventude árabe, de acordo com o Dubai Press Club.

Na Arábia Saudita, a CNN informou que mulheres também estão vlogando no YouTube para expressar seus pontos de vista. O consumo de conteúdo feminino nesse país aumentou 75 por cento no ano passado.

Diante disso, talvez não seja surpreendente que aplicativos, como a plataforma de vídeo para celulares Newstag, lançaram um serviço de notícias de vídeo para a região MENA em 2017. O aplicativo móvel permite que os usuários criem e assistam notícias de vídeo personalizadas. Atualmente, 60 por cento de seus usuários existentes estão baseados na região MENA.

4.  Influenciadores sociais contribuem para o sucesso das marcas

Uma pesquisa de 100 especialistas em marketing interno e gerentes de marca nos Emirados Árabes Unidos (EAU) descobriu que cerca de 43 por cento dos negócios gastam até US$10.000 por campanha de influências nas mídias sociais. A metade dos entrevistados atualmente trabalha com influenciadores de mídia social na região; 94 por cento acreditam que o marketing de influências nas redes sociais desempenha um papel importante no sucesso de suas marcas.

Em 2017, Huda Kattan, uma maquiadora iraquiana e empresária com sede em Dubai, foi nomeada a influenciadora social mais bem paga do mundo na primeira Instagram Rich List. Ela possui 20,5 milhões de seguidores e cobra US$18.000 por postagem.

Apesar da popularidade de marketing de influenciadores, 74 por cento das mulheres do Oriente Médio dizem que a mídia tradicional continua sendo sua principal fonte de informação sobre produtos ou marcas.

No entanto, as mulheres mais jovens têm uma perspectiva diferente. O Ipsos MENA descobriu que 47 por cento das mulheres de 18 a 24 anos relatam que as plataformas online são a principal fonte de informação em produtos ou marcas. Esperamos ver o poder das plataformas online --e os influenciadores sociais que estão nelas-- só crescerão.

5. A confiança nas mídias sociais permanece mais baixa do que a confiança na mídia tradicional

Embora a influência e uso das redes sociais esteja crescendo, a mídia tradicional ainda não está morta. Notavelmente, em uma era de "fake news", dados da Universidade Northwestern no Qatar (NU-Q) revelaram que a confiança na mídia de massa em toda a região MENA permanece alta.

"Em uma pesquisa de Gallup de 2016, apenas 32 por cento dos americanos disseram que confiam nos veículos de comunicação em comparação com dois terços ou mais na Jordânia, Líbano, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos e 58 por cento na Tunísia", escreveram os autores.

Em contraste, os níveis de confiança diminuem ao olhar para as mídias sociais como uma fonte de notícias, apesar da popularidade. Menos da metade (47 por cento) diz que confia nas notícias acessadas nas redes sociais, enquanto um terço (32 por cento) diz que não confia nessas notícias.

De olho no futuro, será interessante ver se veremos mudanças nesses níveis de confiança, especialmente porque o uso das redes sociais para notícias, informações e entretenimento continua a crescer.

Para as organizações de notícias e marcas, podemos esperar uma contínua ênfase na importância do vídeo, influenciadores sociais e distribuição nas redes sociais no próximo ano, dada a influência que essas áreas já têm em muitos públicos da região MENA.

Damian Radcliffe é professor Carolyn S. Chambers de Jornalismo na Universidade de Oregon, bolsista do Centro Tow para o Jornalismo Digital da Universidade Columbia e bolsista-pesquisador da Universidade de Cardiff.

Amanda Lam está terminando os estudos de relações públicas e jornalismo na Universidade de Oregon. É diretora de engajamento no jornal Daily Emerald e diretora assistente da firma de relações públicas Allen Hall.

Seu relatório Social Media in the Middle East: The Story of 2017 está disponível para download no Scholars' Bank da Universidade de Oregon, no site de Damian, ScribdSlideShareAcademia.edu.

Primeira imagem via Arab Youth Survey, 2017. Segunda imagem via Content + Technology. Terceira imagem via Media Use in the Middle East, 2017. Imagem sob licença CC no Pixabay via geralt