Este artigo é parte de nossa cobertura online de reportagem sobre COVID-19. Para ver mais recursos, clique aqui.
Enquanto o COVID-19 continua a se espalhar, jornalistas de todo o mundo estão trabalhando incansavelmente para fornecer as últimas notícias sobre a pandemia a seus públicos. Para repórteres que não têm experiência na cobertura de notícias de saúde e ciências, fornecer notícias sobre COVID-19 pode ser muito difícil.
A SciLine, que conecta jornalistas a especialistas científicos, realizou recentemente um webinário destinado a jornalistas de todas as especialidades para oferecer orientações sobre a cobertura de COVID-19.
Os participantes do painel incluíram Laura Helmuth, editora de saúde e ciência do Washington Post; Caroline Chen, repórter de saúde da ProPublica; e Dr. Georges C. Benjamin, diretor executivo da Associação Americana de Saúde Pública.
Reunimos as melhores dicas da SciLine abaixo:
[Leia mais: Crises de saúde passadas podem fornecer informações sobre COVID-19]
Fontes
Sim: Recorrer a várias fontes
Helmuth aconselhou repórteres a se conectarem com funcionários de hospitais, universidades e agências governamentais.
Todo repórter deve ter pelo menos um epidemiologista, um especialista em laboratório e um oficial de saúde local em seu time, acrescentou Chen. Esses contatos serão capazes de fornecer informações críticas para as matérias e atuarem como fontes externas úteis para fornecer contexto para novas informações e verificar declarações governamentais.
Não: Esquecer de fazer pesquisas de fundo
Depois de ter sua lista de fontes, é importante examinar cuidadosamente as informações que as fontes fornecem, disse Benjamin. Ele lembrou que COVID-19 é "uma questão multissetorial e que envolve várias agências" e aconselhou os repórteres a nunca negligenciarem as agências governamentais que lidam com saúde e assistência médica.
[Leia mais: O papel do jornalismo de soluções na reportagem sobre COVID-19]
Reportagem rápida
Sim: Ser transparente
As notícias sobre COVID-19 estão sendo atualizadas constantemente. Para reportar com mais eficiência, sem ficar atrás do ciclo de notícias, Helmuth e Chen sugeriram mostrar aos leitores o processo de coleta de dados e informações atualizadas em tempo real.
"A ciência pode ser muito confusa", disse Helmuth, e ao mostrar aos leitores essa confusão, o jornalista aliviará a ansiedade através da transparência. Helmuth também enfatizou que repetir informações conhecidas é bom.
Sempre forneça marcas de data e hora para suas informações, a fim de evitar a circulação de números que poderiam estar desatualizados no momento da publicação, acrescentou Chen.
Não: Fazer estimativas
Embora você deva ser preciso em assuntos como capacidade de fornecimento e teste, Chen adverte contra a tentativa de ser muito preciso com números muito menos sólidos e que mudam rapidamente. Chen chama essas estimativas como casos e taxas de fatalidade de "números brandos". É importante que o público entenda que estes são imprecisos e estão mudando rapidamente.
Desinformação
Sim: Desmentir a desinformação
No pânico em torno de COVID-19, inevitavelmente circulam online teorias de desinformação e conspiração. Ao combater essas histórias, os jornalistas devem desmascará-la observando a fonte das informações falsas, substituindo-as por fatos e explicando por que elas estão circulando.
Não: Tornar-se parte do problema
Segundo o Dr. Benjamin, os jornalistas podem evitar se tornar parte do problema da desinformação, certificando-se de que suas manchetes reflitam a reportagem contida na matéria.
Também é importante estar atento ao tom da sua escrita. Segundo Chen, a escolha errada das palavras pode facilmente causar pânico entre o público.
Trabalhando com colegas
Sim: Entrar em contato com outros repórteres
Jornalistas de todo o mundo estão reportando juntos em território desconhecido. É imperativo entrar em contato com colegas jornalistas com perguntas e buscar seus conselhos.
"Não tenha medo de ser enganado", disse Helmuth. Neste atual ciclo de notícias, é provável que uma nova história apareça logo.
Não: Ter medo de levantar sua voz
Benjamin também enfatizou aos repórteres que é importante insistir com os editores que tentam mudar os fundamentos de suas matérias.
Cobrindo a longo prazo
Sim: Focar na sua comunidade
Embora haja pressão para publicar constantemente novas matérias à medida que novas informações sobre o coronavírus são divulgadas, os participantes do painel também lembraram que o "cenário geral" não mudou. Detalhes e dados sobre a propagação podem mudar, mas as informações de prevenção permanecerão relevantes por meses.
Os jornalistas que cobrem COVID-19 a longo prazo também devem voltar sua atenção para como o vírus está afetando as comunidades locais. Chen sugere que você pode encontrar facilmente suas próximas matérias simplesmente fazendo a pergunta: "Com qual população eu me importo que isso seja negligenciado?"
Não: Esquecer de humanizar a crise
Em um momento de tanta incerteza e negatividade, é importante focar no ângulo humano. As histórias em primeira pessoa são eficazes para mostrar ao público que há pessoas por trás dos números e das estatísticas. Quando usadas corretamente, esses artigos também geram resposta positiva do leitor e alto envolvimento.
É importante que os repórteres combatam o alarme, equilibrando o medo com fatos e sugestões. Por exemplo, ao escrever sobre pessoas acabando com os estoques de supermercados, adicione fatos sobre como a acumulação é desnecessária e sugira onde e quando comprar.
Imagem sob licença CC no Unsplash via Martin Sanchez