Novo site Periodistas en Riesgo oferece recursos de segurança para jornalistas mexicanos

por Javier Garza
Oct 30, 2018 em Diversos

O nome de Moisés Sánchez apareceu em todos os noticiários no México nas últimas semanas, depois que foi sequestrado no estado de Veracruz. Ele é o primeiro jornalista sequestrado e morto no país em 2015.

Graças ao site Periodistas en Riesgo (Jornalistas em Risco), a notícia sobre o caso de Sánchez foi colocada em contexto com informações sobre o clima repressivo que jornalistas enfrentam em Veracruz, documentando os ataques anteriores contra repórteres, editores e organizações de notícias da região.

O mapa funciona há dois anos, acompanhando ataques físicos, psicológicos, digitais e judiciais contra jornalistas desde dezembro de 2012, quando o projeto foi iniciado pelo diretor do Knight Fellowships do ICFJ, Jorge Luis Sierra, em um esforço conjunto entre o ICFJ e a Freedom House. Um total de 219 casos foram registrados no banco de dados.

Mas o mapa era parte de um projeto maior e, em 23 de janeiro, lançamos um novo site em espanhol que hospeda o mapa, bem como outros recursos para a proteção dos jornalistas, em uma conferência na Cidade do México. Como parte da minha bolsa do ICFJ, o site (www.periodistasenriesgo.com) representa uma nova etapa para projeto o Periodistas em Riesgo, trabalhando com Celia Guerrero, editora do mapa.

Ao documentar os ataques contra jornalistas e colocá-los em um mapa, a ferramenta nos permite "localizar" e determinar as tendências de riscos que os jornalistas enfrentam em diferentes regiões do México. Usando quatro categorias de agressão, podemos avaliar os perigos específicos a nível local, permitindo que os jornalistas em cada cidade ou estado melhorem suas medidas de segurança. O mapa também ajuda jornalistas que viajam para uma região específica a descobrir quais os riscos que eles enfrentam em sua cobertura.

Como resultado, jornalistas na Cidade do México, por exemplo, podem descobrir que o risco mais comum que eles enfrentam é ser espancados ou presos pela polícia enquanto cobrem protestos de rua. Repórteres e editores no norte do México vão saber que a forma mais comum de ataque na região vem do crime organizado. Em outros estados, podemos aprender que os mais frequentes "agentes hostis" são policiais municipais.

Mas esse banco de dados é apenas uma parte do novo site, que também é uma ferramenta para os jornalistas buscarem aconselhamento sobre como se proteger. Fizemos uma parceria com uma organização chamada "Propuesta Cívica", que oferece aconselhamento jurídico. Através do site, o jornalista pode pedir ajuda em questões como ser o alvo de um processo judicial, sofrer assédio legal ou apresentar uma reclamação junto aos órgãos governamentais.

O site também reúne vários manuais e orientações sobre segurança e proteção que foram publicados por organizações de todo o mundo e tem um diretório de grupos de defesa da liberdade de imprensa que podem oferecer apoio para os repórteres ou editores em risco.

Para o lançamento do novo site, reunimos três jornalistas de diferentes regiões do México para falar sobre os riscos para a imprensa local. Raúl Ríos, de Chiapas; Patricia Mayorga, de Chihuahua; e Sayda Chinas, de Veracruz. Eles examinaram a censura do governo, a intimidação de grupos criminosos, a falta de proteção das autoridades e a falta de apoio dos órgãos de imprensa.

Sayda, por exemplo, foi recentemente demitida de seu cargo de editora do jornal Notisur por causa de seu ativismo exigindo investigações sobre o assassinato de seu colega de trabalho, Gregorio Jiménez, em 2014, e de Moisés Sánchez este ano.

Raúl, Patricia e Sayda, junto com jornalistas em outras cidades mexicanas, fazem parte das redes que apoiam o projeto Periodistas en Riesgo, ajudando a documentar ataques e fornecer informações sobre as realidades que seus colegas enfrentam a nível local.

A analista de mídia e diretora da Rádio W, Gabriela Warkentin, que moderou o painel, disse que os jornalistas enfrentam o risco "em solidão" e sublinhou a necessidade de promover a solidariedade entre os colegas.

Os dados produzidos pelo mapa mostram que há uma necessidade de melhores medidas de proteção e uma avaliação mais precisa dos riscos enfrentados por jornalistas de todo o México. Esperamos que o mapa será uma ferramenta para preencher essas lacunas e também, como Jorge Luis Sierra salientou, que podemos estendê-la a outros países e fornecer um modelo para jornalistas de todo o mundo.

Imagem principal sob licença CC no Flickr via aschultz - imagem secundária captura de tela do mapa Periodistas en Riesgo