Jornalistas de todo o mundo arriscam sua credibilidade, carreira, liberdade e até mesmo sua vida em busca da verdade todos os dias. Apesar dos obstáculos, esses profissionais permanecem na linha de frente sem se esquivar de ambientes inseguros e daqueles que procuram silenciá-los.
Para reconhecer seus sacrifícios e contribuições, e para destacar seu trabalho, o Centro Internacional para Jornalistas oferece o Prêmio Knight de Jornalismo Internacional em seu jantar de premiação em Washington no mês de novembro. O prêmio é apoiado pela Fundação John S. e James L. Knight.
Os vencedores deste ano são Maria Ressa, editora e pioneira digital filipina, e Joseph Poliszuk, um jornalista investigativo venezuelano e inovador. Saiba mais sobre o trabalho deles aqui:
Maria Ressa
O popular site de notícias de Maria Ressa tem como alvo as políticas do presidente Rodrigo Duterte e a guerra do seu governo contra as drogas.
Como fundadora e diretora do Rappler, Ressa está na vanguarda do jornalismo investigativo e da inovação. O Rappler foi um dos primeiros no país a usar redes sociais e crowdsourcing para divulgar notícias. Ressa também alertou sobre o uso de trolls e bots nas redes para distorcer a verdade e disseminar informações falsas.
Com persistência, Rappler lança luz sobre as duras políticas de Duterte. Relatou, por exemplo, que sob seu governo quase 8.000 filipinos foram vítimas de execuções extrajudiciais nas mãos das forças de segurança. Em resposta a essas coberturas, Duterte e seu governo ficam de olho no Rappler, tornando-o o foco principal de seus ataques à liberdade de imprensa. Ressa está hoje lutando contra a decisão do governo de revogar a licença do Rappler com o argumento de que o site é da propriedade de estrangeiros, um argumento que ela chama de "ridículo". O caso chegou ao Supremo Tribunal do país.
Jornalista há quase três décadas, Ressa passou a maior parte de sua carreira nos escritórios da CNN em Manila e Jacarta. Em seguida, ela foi para a rede ABS-CBN antes de fundar o Rappler em 2012.
O Rappler é um serviço de notícias digitais e inovador conhecido por seu jornalismo de serviço público. Em 2013, quando mais de 6.000 filipinos morreram em um tufão, o Rappler estabeleceu pontos de acesso à internet para os sobreviventes acessarem notícias e informações vitais.
Ressa também tem ministrado cursos sobre mídia e política em universidades e é autora de dois livros: um sobre uma testemunha do centro mais novo de operações do al-Qaeda no sudeste da Ásia, publicado em 2003, e um sobre "de Bin Laden ao Facebook". Em novembro de 2017, ela recebeu o Prêmio de Democracia do National Democratic Institute.
Joseph Poliszuk
Joseph Poliszuk e sua equipe denunciam a corrupção do governo na Venezuela, em um momento em que o país enfrenta um colapso econômico e caos político.
Como editor-chefe e cofundador do Armando.info, ele lidera uma equipe que tem produzido importantes pesquisas mostrando a má conduta financeira e corrupção na Venezuela, classificada como um dos 10 países mais corruptos do mundo pela Transparência Internacional.
No final de 2017, os jornalistas revelaram o esquema de um empresário politicamente conectado para inflar o preço dos alimentos para os pobres. Poliszuk e três colegas tiveram que deixar o país depois que o empresário, intimamente ligado ao partido do presidente Nicolás Maduro, entrou com uma ação que pode resultar em seis anos de prisão para cada um deles. Os jornalistas, que também revelaram as conexões entre Maduro e o sistema judicial do país, temem não obter um julgamento justo. Eles planejam voltar para a Venezuela depois de concluir a investigação.
Conhecido por suas reportagens exaustivas de dados, Poliszuk também coordenou equipes de jornalistas em investigações transnacionais, como o projeto Panama Papers, que revelou a riqueza oculta das elites globais. Essas revelações levaram à prisão de pelo menos meia dúzia de figuras influentes venezuelanas, incluindo os principais conselheiros do falecido presidente Hugo Chávez.
Antes de lançar o Armando.info, Poliszuk trabalhou por uma década como jornalista no El Universal, cobrindo tópicos como tráfico de drogas, mineração ilegal e abusos dos direitos humanos. Ao longo dos anos, ele foi preso, ameaçado e assediado, mais recentemente com ataques de contas anônimas no Twitter.
Imagens cortesia de Maria Ressa e Joseph Poliszuk