Jornalista do Mês: Muhammad Daud Khan

por Jessica Weiss
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

Este mês apresentamos Muhammad Daud Khan, um produtor de notícias da Capital TV no Paquistão, um canal transmitido 24 horas por dia em urdu. Anteriormente, ele foi repórter de rádio da FM 96 Swat e Waziristão, e assessor de imprensa do exército paquistanês.

Durante as operações militares no Swat e Waziristão, Khan reportou sobre deslocamento e outras questões humanitárias na região. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha reconheceu Khan como melhor repórter de rádio humanitário em idioma pashto do Paquistão em 2011. Khan obteve seu diploma de mestrado em jornalismo e comunicação em massa na Universidade de Peshawar em 2009.

IJNet: Como a IJNet o ajudou?

Visito o site da IJNet desde 2009, quando trabalhei na rádio comunitária local FM 96, de propriedade do exército do Paquistão. A emissora, que é transmitida via satélite e Internet, é o único veículo de informação de credibilidade para os ouvintes na região. 

Em 2011, fiquei sabendo sobre o festival internacional de cinema “Eserciti-e-Popoli” (Exército e Povo) em Bracciano, Roma, através da IJNet. Nosso escritório do departamento de relações públicas filmou um documentário, The Glorious Resolve (A Determinação Gloriosa), sobre o exército e a luta contra o terrorismo. E recebeu o prêmio especial do júri.

Em julho de 2011, a IJNet anunciou uma competição da Cruz Vermelha para jornalistas de imprensa e digitais do Paquistão. Eu concorri com uma reportagem da rádio pashto. Depois de alguns meses, a Cruz Vermelha me escolheu como melhor repórter humanitário do Paquistão. Eu recebi o meu troféu e um prêmio em dinheiro de US$580 no Clube de Imprensa Nacional em Islamabad, Paquistão. Naquela época, eu era o jornalista mais jovem a receber este prêmio de prestígio. 

Quatro anos atrás eu era apenas um jornalista local que trabalhava para a rádio regional e TV. Visitar a IJNet regularmente me permitiu fazer parte da mídia internacional. 

O que especialmente lhe deu mais orgulho em sua carreira? 

Acho que a melhor matéria que eu já fiz, a que sempre me faz sentir orgulhoso, foi uma para a Rádio 96 FM. Foi uma história sobre mulheres grávidas que foram deslocadas internamente em Swat durante a campanha militar contra o Taleban. Mais de 3 milhões de pessoas fugiram de suas casas e se estabeleceram em campos de refugiados em diferentes partes do noroeste do Paquistão, onde as temperaturas atingiam 45º C. Entre os mais vulneráveis ​​estavam as gestantes. Um amigo meu que trabalha no campo de refugiados informou-me sobre [essa] questão delicada. 

Como repórter do sexo masculino, foi uma tarefa muito difícil para mim. Mas com a ajuda dos responsáveis ​​no campo, além de uma organização humanitária internacional, entrevistei mulheres grávidas, uma médica e funcionários do departamento de saúde e completei a minha tarefa. Após a transmissão da minha reportagem, o departamento de saúde do governo, organizações internacionais e hospitais distritais deram prioridade às mulheres refugiadas grávidas. 

Eu também cobri a educação de meninas em áreas tribais do Paquistão. Nos últimos 20 anos, essas áreas tribais na fronteira com o Afeganistão, têm sido duramente atingidas pela militância e o extremismo. São um refúgio seguro para os talibãs, que são contra a educação de meninas. Depois de Malala Yousafzai ter sido atacada pelo Taleban na cidade de Mingora, em 2012, o Taleban espalhou panfletos e cartas em diferentes escolas em que claramente mencionaram que a educação das meninas era proibida na área, e que os pais que enviassem suas filhas para as escolas eram responsáveis ​​pelas consequências. 

Nessa época eu já estava na Capital TV. Eu fui para as áreas tribais e preparei uma reportagem em vídeo sobre a educação de meninas e meninos. Filmei escolas na zona de conflito destruída e conversei com as meninas [que] estavam recebendo sua educação, sem um prédio de escola, sentadas no chão frio. Visitar e filmar não foi uma tarefa fácil para mim. Um jornalista local e alguns professores me apoiaram e providenciaram transporte seguro para mim na zona de conflito.

IJNet: Que conselho daria a aspirantes a jornalista?

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Imagem cortesia de Muhammad Daud Khan