A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma biografia curta e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.
Manar Abdul Amir Al-Zubaidi é uma jornalista iraquiana cujo trabalho aborda questões das mulheres e minorias, destacando o papel da mídia no combate à violência de gênero.
Al-Zubaidi trabalha em circunstâncias difíceis devido ao conflito e instabilidade no Iraque. Apesar dos desafios de ser uma mulher exercendo jornalismo no país, ela conquistou o terceiro lugar no Centro de Mentoria da IJNet para empreendedores de mídia digital, que é conduzido pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês).
Através da IJNet, Al-Zubaidi obteve oportunidades de treinamento como o Centro de Mentoria e trabalhou com os Repórteres Árabes para o Jornalismo Investigativo (ARIJ, em inglês). Ela usou a IJNet para criar uma equipe distinta e influente de jornalistas do sexo feminino que a ajudou a destacar o papel das mulheres iraquianas em vários campos e documentou suas histórias inspiradoras através de sua publicação online: Al-Manar News.
A IJNet conversou com Al-Zubaidi sobre sua experiência como jornalista mulher em uma zona de conflito.
IJNet: Como você decidiu se tornar jornalista?
Al-Zubaidi: Eu acredito que o jornalismo é uma autoridade e uma missão. É mais do que uma maneira de transmitir eventos e informações ao público. Eu decidi me tornar parte dessa autoridade que deve assumir responsabilidade. Eu me especializei em jornalismo com foco em mulher e aumentei minha influência para ser a voz das mulheres em um país dominado pelos homens.
Como você conheceu a IJNet e que oportunidades descobriu pela rede?
Eu descobri a IJNet através de um colega que encontrou uma oportunidade de viajar e trabalhar fora do Iraque através do site. Ele me levou para o site. Desde então, tenho acompanhado as oportunidades e artigos publicados pela IJNet e aprendi muito com eles.
Como jornalista iraquiana, alcancei minha meta através da IJNet. Sonhava em criar um veículo de comunicação independente bem-sucedido, especializado em assuntos da mulher, no qual mulheres jornalistas trabalhassem para destacar o papel das mulheres na sociedade, especialmente à luz da marginalização das mulheres no mundo árabe.
Eu vi o anúncio do programa Centro de Mentoria anunciado na IJNet. Fui aceita no programa, através do qual pude estabelecer o Al-Manar News para publicar histórias, edições, reportagens, investigações, vídeos, notícias e artigos que apoiam mulheres iraquianas.
Recebi treinamento intensivo e acompanhamento contínuo da gerente do programa Madonna Khafaja, do treinador profissional Mohammad Al Qaq e do mentor profissional Ali Ghamloush. Eu me tornei a primeira jornalista iraquiana a estabelecer um veículo de mídia credenciado pelo sindicato dos jornalistas iraquianos sobre assuntos femininos. Também pude participar da conferência dos Repórteres Árabes para o Jornalismo Investigativo (ARIJ, em inglês)) em 2017, graças à IJNet. O apoio deles não parou e eu tive a oportunidade de escrever para o site da IJNet. Eu publiquei muitos artigos que fornecem informações para jornalistas no mundo árabe, o que contribuiu para a sustentabilidade do meu projeto Al Manar.
Qual matéria você mais gostou de cobrir?
Publiquei muitos artigos sobre educação em jornalismo, mas o artigo que escrevi e que mais me tocou foi "jornalistas mulheres iraquianas que atingiram seus objetivos por meio da IJNet". No artigo, compartilhei nossa experiência com a rede e os passos mais importantes que nos ajudaram a ter sucesso, apesar dos desafios e obstáculos no Iraque.
Você mencionou anteriormente que é difícil ser jornalista no Iraque. Quais desafios encontrou?
As jornalistas iraquianas enfrentam muitas dificuldades: a mais importante delas é a falta de oportunidades de emprego nas instituições de mídia, já que a maioria dos meios de comunicação é dirigida e de propriedade de partidos partidários ou políticos. O domínio dos homens também apresenta muitos desafios para as mulheres jornalistas, criando restrições sociais que reduzem o acesso das mulheres a informações e recursos. Além disso, não temos um ambiente de trabalho seguro e adequado, como resultado da falta de segurança, que torna os jornalistas alvos de ameaças, intimidação e sequestro.
Eu encontrei e ainda encontro algumas dificuldades para preparar artigos e matérias para o site Al-Manar. A sociedade iraquiana rejeita a cobertura de questões relacionadas a costumes e tradições, bem como tópicos ousados e sensíveis relacionados a incesto ou casamento infantil.
Nossos limitados recursos financeiros também são um obstáculo, especialmente se a investigação exigir trabalho em regiões rurais ou áreas de conflito, porque precisamos de vários meios de transporte e equipamentos adicionais para cumprir a missão e manter nossa segurança pessoal.
Que conselho você tem para mulheres jovens começando no jornalismo?
Nunca desista do seu sonho e seja paciente, porque a paciência é a chave para o sucesso. Todo jornalista que tem um projeto que deseja alcançar deve continuar lutando, trabalhando e planejando.
Eu também aconselho todas as mulheres jornalistas que procuram emprego, treinamento ou oportunidades para seguir a IJNet, onde podem encontrar recursos e oportunidades para se desenvolver.
Imagens courtesia de Manar Al-Zubaidi através de sua conta no Instagram