Países ao redor do mundo estão lutando contra a disseminação da desinformação, e a Guatemala não é diferente. Fábricas de trolls, bots e mais ameaçam a mídia do país, especialmente este ano com as próximas eleições programadas para junho.
Na linha de frente, lançando uma nova iniciativa de verificação de fatos, está Luis Assardo: um ex-bombeiro que agora trabalha como professor de jornalismo e empreededor de mídia.
“Eu vim para o jornalismo [por] acidente”, disse ele, explicando sua carreira não tradicional.
Enquanto trabalhava como bombeiro, ele deu uma entrevista que chamou a atenção de um editor-chefe, que lhe ofereceu uma posição como âncora de notícias. A partir daí, ele estudou ciência e tecnologia da computação, trabalhou em outras publicações, viajou e iniciou várias organizações de mídia. Seu último lançamento, o Confirmado, será apresentado na próxima semana.
"Estamos tentando combater a desinformação", disse ele. “Vamos analisar os discursos dos candidatos, buscar fatos e fazer checagem de fatos. Também vamos analisar notícias falsas e todas as informações erradas que pudermos.”
Assardo é leitor de longa data da IJNet e usou o site para obter inúmeras oportunidades: incluindo uma bolsa de seis semanas nos Estados Unidos. Ele também compartilha os recursos da IJNet com seus alunos, incluindo aqueles em áreas rurais com acesso limitado à Internet.
“Às vezes, pego as informações, coloco no papel e dou aos jornalistas locais para que eles possam ter as informações”, disse Assardo. "Eu também traduzo e levo as informações para eles."
Para saber mais sobre seu trabalho, a IJNet falou com Assardo sobre sua carreira, projetos futuros, conselhos para jovens jornalistas e sua perspectiva do trabalho na Guatemala.
IJNet: Seu novo projeto, Confirmado, aborda desinformação na Guatemala. Como é o cenário da desinformação no país?
Assardo: Nos últimos 10 anos, mudou muito aqui na Guatemala; é muito diferente de outros países. Temos aqui um crescimento do que chamamos de centros de rede. Eles são como fábricas de trolls ou redes de trolls. Agora, eles estão focando não apenas em questões políticas, mas também em atacar jornalistas, figuras públicas da mídia social e organizações de mídia. Escrevi uma matéria em fevereiro passado, há quase um ano, sobre fábricas de troll guatemaltecas.
Temos aqui uma combinação entre redes de trolls, que funcionam em muitos países da América Central, e trolls locais, que são pessoas reais [ou] figuras públicas que atacam outras figuras públicas -- e por trás delas há muitos bots. [Eles trabalham] em todas as redes possíveis, principalmente no WhatsApp e no Facebook.
Você fez um caminho não tradicional e, obviamente, tem um forte conhecimento em tecnologia. Tem outros tópicos em que você está interessado?
Segurança é uma das minhas paixões, então eu tenho um projeto sobre isso. Chama-se Alerta247. Estou fazendo esse podcast para educar as pessoas sobre segurança, e também faço algumas oficinas pela cidade. Tenho outro projeto para jovens jornalistas chamado Explicame Más, para compartilhar informações e experiências sobre jornalismo na Guatemala.
Quais são seus maiores desafios e preocupações ao reportar na Guatemala?
Há muitas dificuldades porque nem todos os jornalistas aqui têm acesso a universidades. Eles vão aprendendo sobre jornalismo ao longo do caminho. Por outro lado, trabalhar aqui não só é difícil, mas estamos sob ataque todos os dias. Há muita gente tentando matar jornalistas e atacando jornalistas de todos os lados.
E contribui para o seu interesse em segurança?
Sim, também faço workshops sobre segurança para os jornalistas, para que eles possam ter todas as informações necessárias para fazer um trabalho mais seguro.
Qual é o seu conselho para alguém que acaba de entrar no campo do jornalismo?
Algo que tenho notado há muito tempo é que os jornalistas às vezes leem as mesmas [publicações e pontos de vista] e não podem criar coisas novas. Uma das melhores maneiras de melhorar é ler coisas que você não quer ler. Se você tem informações de experiências e sites diferentes, você tem muita informação --mais do que outros jornalistas.
A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usou o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, clique aqui.
Imagens cortesia de Luis Assardo