Deepti Ganapathy tem quase uma década de experiência trabalhando como jornalista na Índia. Ela cobriu editorias que vão desde sustentabilidade a questões das mulheres a saúde para publicações como The Times of India, CNN e NatGeo Traveler.
Mas depois de receber seu Ph.D. em comunicação, Ganapathy escolheu seguir a carreira acadêmica. Como professora assistente na Faculdade de Administração de Negócios NMIMS de Bangalore, ela ensina cursos de jornalismo e comunicação para preencher a lacuna entre o que ela aprendeu no campo e o que é ensinado nas universidades hoje.
Ela recentemente usou a IJNet para ficar sabendo sobre a Conferência Internacional de Mídia 2016 da East West Center em Nova Delhi, onde liderou um workshop sobre ferramentas de mídia social para empreendedorismo, e continua a usar a IJNet para encontrar novas oportunidades.
Conversamos com Ganapathy sobre a busca de bolsas de jornalismo, boas experiências e mais:
IJNet: Como você começou no jornalismo?
Ganapathy: Depois de me graduar em física, matemática e ciência da computação, resolvi fazer mestrado em comunicação e mídia. Todos os reconhecimentos que eu estava recebendo como debatedora e escritora fortemente apontaram para uma carreira no campo da comunicação e criatividade... Comecei como estagiária com a principal rede nacional de televisão da Índia, a NDTV, e tive a oportunidade de trabalhar sob produtores veteranos de notícias... Mudei-me para a mídia impressa e trabalhei em tempo integral por oito anos antes de fazer meu doutorado em comunicação.
Qual foi a matéria mais desafiadora que você fez quando trabalhou como jornalista?
Uma história que eu cobri durante meu estágio na NDTV permanece gravada em minha mente. Foi uma reportagem investigativa sobre o uso de crianças como trabalhadores em minas de ferro em uma região no norte de Karnataka, na Índia. As máfias de mineração eram notórias nessa região. Nós tivemos que conseguir muitas filmagens e obter áudio destas crianças e de seus pais. No momento em que eles nos viram, fugiram e se recusaram a falar. Capturar a miséria dessas crianças, que não conseguiam expressar isso, e mostrar a história ao mundo era um desafio. No entanto, minha mentora Nupur Basu, cujos documentários são exibidos na BBC, estava cobrindo essa história e foi capaz de retratar essa realidade com muita emoção e profundidade. Todo o processo foi uma revelação para mim.
Você descobriu a Conferência Internacional de Mídia do East West Center através da IJNet. Como foi aquela experiência?
Foi uma experiência maravilhosa. Fomos convidados para uma recepção com jantar na residência do Embaixador dos EUA na Índia e conheci muitos jornalistas da região. Depois da minha sessão, o diretor do Ministério da Informação e Radiodifusão do Governo do Sri Lanka me convidou para falar numa conferência internacional em Colombo para comemorar o Dia do Direito à Informação. Assistir a conferências como estas dão imensas oportunidades de fazer contatos e conhecer o trabalho realizado por jornalistas em todo o mundo. Fiquei particularmente interessada na sessão sobre a investigação "Panama Papers", onde jornalistas envolvidos compartilharam suas experiências.
De que outra forma você usa a IJNet?
Eu também concluí um programa de certificado que o ICFJ conduziu com a Fundação das Nações Unidas e publiquei um artigo sobre as mudanças climáticas como parte deste programa. Eu regularmente busco essas oportunidades para acompanhar os últimos acontecimentos no mundo do jornalismo. Embora os princípios centrais do jornalismo permaneçam, o meio está evoluindo rapidamente e, como jornalistas, precisamos alçancar nossos leitores e espectadores através dessas mídias.
Qual é o principal conselho que você daria aos aspirantes a jornalistas? Que lições você tenta passar aos seus alunos?
Eu sempre digo aos meus alunos para buscar histórias em personagens ou situações menos aparentes. Uma história não vai cair em seu colo, e muitas vezes é preciso um monte de pesquisa, entrevistas e apuração para uma história emergir. Infelizmente, os jornalistas hoje estão sentados confortáveis em seus computadores, chegando a fontes através de mídias sociais e não se aventuram no campo. Gostaria de exortá-los a sair na rua pelo menos uma vez por semana e ver por eles mesmo como as coisas quando a poeira assenta. É fácil ver o mundo através de óculos cor de rosa. O verdadeiro jornalismo exige jogar fora essa lente e obter um "nariz para notícias".
Esta conversa foi condensada e editada para maior clareza.
Imagem cortesia de Deepti Ganapathy