Todo o mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e tem usado o site para promover a carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia sobre você e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet para Dana Liebelson, dliebelson@icfj.org.
O jornalista deste mês, Daylue Goah, é editor de layout e colunista do jornal liberiano The Daily Observer e também administra um site de viagens para a Libéria. Ele está concluindo um curso de pós-graduação em jornalismo multimídia no International Media Institute of India, que descobriu através da IJNet. (Você pode encontrar mais cursos como ele em nossa seção de oportunidades ou no nosso boletim semanal gratuito.) Goah planeja fazer um curso de mestrado em estudos multimídia no exterior e pode ser contatado sobre oportunidades de bolsa de estudos pelo e-mail mrgoah(at)graduate(dot) org.
Onde você cresceu? Nasci na Libéria, um país do oeste africano que partilha fronteiras com a Guiné ao norte, a Costa do Marfim ao leste e Serra Leoa ao oeste. Passei a maior parte da minha infância na Costa do Marfim por causa da crise civil que começou em meu país em 1989. Voltei para a Libéria em 1995 e terminei meu ensino médio em 2002 e a faculdade também lá em 2010.
Com que organização de notícias você atualmente trabalha? Onde você trabalhou no passado? Atualmente, eu sou editor de layout e colunista do Daily Observer, o mais antigo diário local da Libéria. Eu também administro o meu próprio site. No passado, eu trabalhei com muitas organizações de notícias, incluindo The New Democrat como repórter executivo, Cristal FM 95,5 como entrevistador de talk-show e editor de notícias, e depois como apresentador na DCTV.
Você trabalhou em uma área diferente antes do jornalismo? Se sim, qual foi o impacto na sua carreira atual? Em 2002, imediatamente após a conclusão do meu ensino médio, eu fui empregado pelo Exército da Salvação como professor em sala de aula. Meus dois anos em sala de aula tiveram um grande impacto na minha atual prática jornalística, aguçando a minha leitura, escrita e habilidades sociais. Eu também trabalhei em ambientes governamentais e privados, servindo como secretário-executivo do Hon. Samuel Bondo, um membro do parlamento da Legislatura Nacional da Libéria, e como administrador de site para uma organização não-governamental, o Centro de Transparência e Responsabilização da Libéria ((CENTAL).
Quando foi que você descobriu que queria ser jornalista? Como você começou? Eu sonhava em se tornar jornalista desde 1990. Meu interesse era em contar uma história que ninguém conhecia. Quando eu era mais jovem, montei uma antena na casa dos meus pais para pegar o sinal de televisão da BBC em ondas curtas, porque eu queria informações sobre a crise da casa civil na Libéria. Eu sempre soube que queria aparecer no rádio ou na televisão, mas não comecei oficialmente até que criei um clube de imprensa na minha escola de segundo grau, o Len Miller High School.
Como você encontra ideias para suas matérias? Você tem uma rotina definida para redação e reportagem? Eu sempre me interessei em escrever matérias de interesse humano, particularmente sobre jovens e crianças. Após 14 anos de conflito civil na Libéria, que causaram a morte de milhares de pessoas -- a maioria deles na adolescência--, eu queria usar a minha escrita tanto como inspiração como para agente de mudança para os jovens. Recentemente, antes de deixar a Libéria, eu escrevi uma coluna sobre a noite de Monróvia. Para a coluna, fui a lugares perigosos, como guetos, boates, centros de prostituição e áreas infestadas de crimes na capital, Monróvia, e escrevi sobre a vida das pessoas lá. Essa coluna teve um grande impacto, pois o governo da Libéria agora fechou a maioria dos centros de prostituição.
Qual o trabalho que lhe deu mais orgulho até agora? Por quê? Meu trabalho de maior orgulho até agora tem sido construir o primeiro site de viagem na Libéria. Há comentários todos os dias na minha caixa de entrada sobre como o site está impactando a vida dos liberianos e pessoas fora do país. No momento, o site tem uma seção com atualizações sobre a eleição na Libéria.
Antes desse site, algo que mexeu muito comigo foi a reportagem sobre o protesto dos alunos da Universidade da Libéria. Inicialmente, a manifestação foi pacífica. Mas quando a violência eclodiu, vários estudantes foram brutalmente atacados pelas tropas e guardas do presidente. Como único jornalista perto do palácio presidencial, onde isso estava acontecendo, eu comecei a tirar fotos e logo fui alvo das forças de segurança. Bateram-me com armas e cassetetes, até que eu fiquei inconsciente. Minha câmera também foi danificada. Depois que recebi alta do hospital -- passei algumas semanas lá -- eu publiquei as fotos e matéria para o mundo.
Que conselho você daria a aspirantes a jornalistas? Meu conselho para o aspirante a jornalista é se concentrar e partir para o jornalismo. A carreira exige um compromisso e leva tempo. Além disso, como jornalistas, somos os guardiões da sociedade, e nossa vida moral e social são importantes. O público está nos observando e nos julgará por aquilo que escrevermos, noticiarmos ou publicarmos. Qualquer coisa com a nossa assinatura reflete sobre nós. Às vezes, somos vistos como pessoas "perfeitas" que a sociedade depende para ter informações precisas que molda vidas diárias. Como jornalista, você tem que pensar em si mesmo como sendo parte da sociedade, com uma grande influência sobre a mente das pessoas. Você sabe por que somos chamados de membros do Quarto Poder? Porque temos um papel importante nas atividades diárias da pessoas que leem os nossos artigos. Transparência e credibilidade devem ser sempre o centro de tudo o que fazemos.
Como você tem usado os recursos na IJNet? Por que você recomendaria a IJNet para outros jornalistas? A ferramenta de busca da IJNet é um ótimo recurso ... cuidadosamente, utilizando a ferramenta de busca, você pode organizar o que está procurando em categorias, ou mesmo em qualificação. Há uma série de oportunidades locais e algumas são de uma determinada região, por isso, utilizando a ferramenta de busca e palavras-chave, você pode encontrar todas as oportunidades para, digamos, a África. Isso me permite evitar a dor de cabeça de pesquisar em cada artigo algum material relacionado à África.
Houve algum programa de treinamento ou escola que foi particularmente útil a você? Meu curso atual no International Media Institute of India é o melhor até agora. Antes de vir para a Índia, eu basicamente não sabia nada sobre design de site. Minha única interação com sites era apenas carregar as matérias editadas e fotos, mas desde que começaram as aulas, eu aprendi métodos básicos de codificação e melhorei incrivelmente minha técnica gráfica.
Como você acha que os jornalistas podem melhor se adaptar ao cenário mutante da mídia? Nesse ambiente de novas mídias, os jornalistas têm de ser versáteis e se adaptar às novas e desafiadoras tecnologias. Todo o jornalista tem agora que levar em consideração a convergência da plataforma de mídia inteira e fazer parte do mundo em mudança.
Você tem que saber um pouco de tudo: usar a câmera, criar páginas, métodos de design de sites, redação para o rádio, celular e produção de TV, edição de vídeo, etc. As mídias sociais são, naturalmente, outra grande ferramenta. Os jornalistas devem seguir a tendência e se envolverem ativamente.
Foto: Daylue Goah