Jornalismo profissional com smartphone parte 2: dicas para filmagem manual

por Lynn Packer
Oct 30, 2018 em Jornalismo multimídia

O problema de vídeo tremido com smartphones era evidente, mesmo na aurora do jornalismo de smartphones em 2007. O especialista em jornalismo digital Kevin Anderson comentou em uma reunião realizada por pioneiros do jornalismo com smartphones da Nokia e Reuters no final de 2007.

"O telefone é um pouco difícil de manter estável, o que não é surpreendente. Não é como equilibrar uma câmera de TV tradicional sólida em seu ombro, o que proporciona alguma estabilidade. Eu mesmo tive esse mesmo problema, em primeira mão, fazendo um projeto de videojornalismo para a BBC em 2003. Eu usei uma Sony PD150, uma câmera de vídeo digital "pró-consumidor". Fazer o trabalho manualmente requer prática porque a câmera leve é muito mais fácil de agitar, apesar da compensação de movimento incluída."

Adicione peso para uma tomada mais estável 

A câmara Sony de vídeo de Anderson pesava dez vezes mais do que um iPhone -- com apenas 116 gramas - e tinha sido projetada para suporte de ombro. Então, quão mais difícil é apoiar um smartphone que é leve como uma pena e não foi concebido para a cobertura de notícias?

Nos anos 60, a maioria dos repórteres de televisão -- os jornalistas de vídeo originais -- faziam seu próprio filme com câmeras de mão Bell & Howell de 16 milímetros. Com 3,63 kilos cada, elas pesavam o equivalente a 31 iPhones mas produziam imagens muito estáveis.

A ligação entre o peso e a estabilidade está relacionada com a terceira lei do movimento de Newton. Objetos mais pesados em repouso resistem ao movimento mais do que objetos leves. E, uma vez em movimento, objetos mais pesados reagem menos, digamos, aos tremores do jornalista.

Para reduzir e, assim, atenuar a trepidação em tomadas de mão estáticas, eu recomendo adicionar pelo menos meio kilo a uma plataforma para estabilizar smartphones. Adicione mais um kilo para conseguir um efeito rudimentar de steadicam para matérias que, necessariamente, envolvem tomadas variadas (vista panorâmica, em movimento). (Lingotes de chumbo de meio kilo ou uma libra podem ser adquiridos no eBay.)

Encontrando a melhor posição 

Mantenha seus pés separados pelo menos na largura dos ombros. Segure e estabilize o smartphone com ambas as mãos, mantendo os cotovelos apertados junto ao seu peito. Concentre-se em manter seu corpo imóvel. Inspire e prenda a respiração antes de iniciar a tomada e, quando possível, continue segurando-a durante a filmagem. Respire lenta e cuidadosamente durante tomadas longas.

Quanto mais estável estiver o seu corpo, mais precisa será a filmagem. A posição de pé, que a maioria de nós usa ao fazer imagens de noticiários, é a menos estável, mas a mais rápida e fácil de assumir. Ajoelhar rende mais precisão. Sentar-se é ainda mais estável do que de joelhos. A posição de bruços com os cotovelos no chão é a mais estável. Não há nenhuma lei contra filmar noticiários ajoelhado, sentado e de bruços.

Estabilização de imagem de câmera digital e ótica

A estabilização de imagem de câmera pode reduzir a instabilidade, tanto digitalmente via software ou oticamente/mecanicamente no interior do sensor da lente ou imagem. O iPhone 6 tem estabilização de imagem digital e o 6 Plus acrescenta estabilização ótica. Para outros, o aplicativo FiLMiC Pro, entre outros, tem estabilização de imagem digital que pode ser ligado ou desligado.

Porque a estabilização de imagem consome energia da bateria e deve ser desligado ao utilizar um tripé, muitos jornalistas de vídeo podem querer deixá-lo desligado o tempo todo. Dessa forma, eles vão usar mais pixels do sensor que de outra maneira são reservados para a estabilização de imagens. (A estabilização digital joga fora pixels, às vezes causando uma queda na resolução da imagem.)

Experimente com a estabilização ligada e desligada. Você pode descobrir que consegue fazer um vídeo estável, sem qualquer estabilização eletrônica.

A abertura da câmara afeta a estabilidade. A estabilização digital e ótica vem principalmente em jogo em situações de baixa luminosidade, quando a exposição automática da câmara abre a íris para deixar entrar mais luz. A profundidade do campo é reduzida e a imagem torna-se muito mais vulnerável ​​à agitação e trepidação.

Resolução e qualidade da imagem 

A tendência, com alguns contratempos ao longo do caminho, tem sido a de tornar o equipamento de reportagem menor, mais leve e mais barato enquanto a captura de vídeo ganha cada vez maior qualidade.

A resolução do iPhone, por exemplo, subiu de forma constante de definição padrão (SD, em inglês) de 240 para SD 480 para alta definição (HD) de 720 a HD 1080 e, sem dúvida, em breve, a ultra-alta definição (UHD) de 2160. Meu iPhone 5 pode filmar em 1080, mas eu ainda faço mais filmagens em 720 para distribuição online. Vídeos bem feitos (bom enquadramento/composição, iluminação, exposição, foco, estabilidade) em 720 são perfeitos, produzindo imagens de boa aparência que não ocupam muito espaço.

O vídeo de notícia urgente em resolução muito baixa é frequentemente filmado em smartphones pelos chamados jornalistas cidadãos ou testemunhas oculares. É o vídeo adquirido sem plataformas ou tripés e muitas vezes com pouca consideração para o enquadramento, foco, balanço de branco e exposição. Plataformas de estabilização, uma exposição apropriada, balanço de branco e ajustes de foco, juntamente com um bom enquadramento, podem mais do que compensar a falta de máxima resolução.

Não há desculpa para jornalistas de vídeo fazerem filmagens amadoras. Eles devem tentar atender ou exceder os padrões da videografia profissional.

Imagem sob licença CC no Flickr via lemonpixel -- imagens secundárias cortesia de Lynn Packe.