No dia 29 de setembro, a International Women’s Media Foundation (IWMF) lançou o novo aplicativo Reporta, projetado para fornecer uma rede de segurança para jornalistas que reportam em lugares perigosos. Quase imediatamente, especialistas de segurança manifestaram suas preocupações.
Alguns acharam que o aplicativo pode ser comprometido por hackers como agentes do governo ou grupos criminosos que perseguem jornalistas e suas fontes. Eles questionaram o programa de retenção de dados do Reporta e como pode ser usado.
Em um artigo sobre o novo aplicativo na Motherboard, a pesquisadora de segurança Eleanor Saitta observou: "Eles afirmam ter feito auditorias, mas não há relatórios de auditoria públicas, tornando-se impossível obter qualquer compreensão da sua qualidade de código ou se estão realmente fazendo qualquer coisa que afirmam estar fazendo."
A IWMF abordou essas questões em seu website: "Desde o lançamento, recebemos um monte de feedback construtivo sobre o Reporta. Alguns especialistas em segurança de TI recomendaram que fizessemos o código do aplicativo de fonte aberta para aumentar a transparência. Nós concordamos. Pretendemos colocar o código em um repositório público. A segurança dos jornalistas é a nossa maior prioridade e está no centro da missão da IWMF."
Segundo Elisa Lees Muñoz, diretora executiva da IWMF, o Reporta foi criado para preencher uma necessidade em um mundo que se tornou cada vez mais perigoso para os jornalistas.
"Quando decidimos desenvolver o Reporta, reconhecemos que não há ferramentas disponíveis para os jornalistas reportando de locais perigosos que permitissem implementar facilmente os elementos de comunicação de seus protocolos de segurança", disse Elisa via e-mail.
"Nós projetamos o Reporta para integrar exaustivamente esses protocolos, como o check-in, SOS, alertas e grupos de contato diferentes para situações distintas. O Reporta se destina a ser utilizado juntamente com outros recursos que jornalistas podem e devem utilizar para avaliar, desenvolver e implementar seus protocolos de segurança."
Elisa disse que a IWMF está empenhada em trabalhar com as partes interessadas na comunidade de segurança do jornalismo para se certificar de que o aplicativo continue a ser seguro e que a política de retenção de dados forneça o melhor nível geral de segurança disponível. Ela descreve o Reporta como "um trabalho em andamento".
Javier Garza Ramos, jornalista do México e assessor especial do Fórum de Editores Mundiais sobre a segurança dos jornalistas, fornece uma perspectiva do novo app na linha de frente.
"Enquanto o aplicativo tem que corrigir os problemas de segurança técnicas que foram levantados, isso não significa que é inútil. Há casos em que um repórter em uma missão arriscada -- cobrindo um protesto de rua ou indo para uma área perigosa -- pode usar o aplicativo sem medo de ter as informações pessoais hackeadas por um agressor. Muitos não têm a capacidade de hackear os servidores", disse Javier por e-mail.
"O aplicativo pode ser usado com segurança por repórteres confrontados por atacantes potenciais que não são tecnologicamente hábeis enquanto os buracos estão sendo corrigidos."
Imagem do logo do Reporta cortesia da IWMF