A tecnologia mais barata levou a uma explosão de vídeos de 360° na web. Mas só porque você pode facilmente filmar em 360°, deve fazê-lo?
Aqui está uma lista de cinco erros que atrapalham uma boa matéria de realidade virtual e como corrigi-los.
1. Como você posiciona o repórter e movimenta a câmera
Talvez a característica mais poderosa do vídeo 360° é a sua capacidade de teletransportar audiências para a localização física da sua história e deixá-los explorar e experimentar a ação. Se isso é verdade, ainda precisamos que o jornalista esteja na frente da câmera? Isso vai diminuir a experiência imersiva?
A resposta curta é que ninguém sabe. O vídeo de 360° está evoluindo e os profissionais irão dizer-lhe para experimentar e explorar quais formatos funcionam melhor. Um ponto de partida fácil é que o jornalista fique fora do vídeo.
Dito isto, nada impede que você experimente formatos em que o jornalista faz parte do vídeo. Há uma abundância de bons exemplos como este com David Attenborough ou esta matéria da BBC News sobre um campo de migrantes.
2. Escolhendo a história errada ou não ter nenhuma história
Nem toda história faz um bom vídeo de 360°. Sempre pergunte a si mesmo, por que estou fazendo isso em realidade virtual e não no formato de vídeo tradicional?
Robert Hernandez, um praticante experiente de realidade virtual e professor de prática profissional na USC Annenberg, tem um critério de três pontos que é útil para escolher histórias de vídeo 360°.
"Pense na câmera como um ser humano", diz ele. "Em segundo lugar, use-a quando quer que o espectador compartilhe a presença com um personagem; ela estabelece uma conexão diferente. Três, só porque é bom olhar, não é jornalismo se não tem uma história."
Faça o que fizer, simplesmente não produza um vídeo de 360 ° sem uma história.
"O visual sempre será uma grande parte do vídeo, mas é a história que realmente impulsiona o ponto", disse o bolsista Knight do ICFJ, Shaheryar Popalzai, que produziu projetos jornalísticos de 360°. "Se você encontrar um grande visual, verifique se há uma história para acompanhá-lo."
3. Não misturando narrativa/técnicas
O vídeo 360° rompeu com narrativas e técnicas de vídeo tradicionais. No entanto, surgiram alguns formatos narrativos típicos para 360°.
Por exemplo: como você tradicionalmente filmaria uma cena para estabelecer o cenário? No vídeo tradicional, você montaria uma série de filmagens de distância longe, médias e close-ups. Não é mais assim. No vídeo de 360°, coloque a câmera no mesmo nível que o olho humano no meio da cena e, em seguida, deixe que os espectadores explorem a configuração por conta própria. Dê uma olhada nesta matéria do New York Times.
Também, há a chamada técnica da narrativa "Voz de Deus". Isso envolve longas filmagens estáticas, mas com narração de áudio. Este formato dá aos jornalistas mais controle sobre como os espectadores absorvem a informação e torna mais fácil colocar a história no contexto. Dê uma olhada neste exemplo da ABC News.
Você ainda pode usar a narrativa tradicional com vídeo 360°. Observe como este vídeo, produzido pela empresa de mídia Ryot, usa o personagem principal para transmitir a história através de narração de áudio mais convencional.
4. Ficando obcecado com o áudio
Eu sei que os puristas ficarão irritados ao ouvir isso, então aqui está um aviso rápido. Você nunca pode enfatizar demais o valor de um bom áudio em vídeo, mas o excesso de obsessão com o áudio perfeito pode atrasá-lo significativamente em começar com vídeos de 360°. Toda a conversa sobre o áudio espacial (pense em som surround) e como captá-lo pode sobrecarregar o melhor de nós. Adicione a isso o conhecimento técnico (e software pago) necessário para incorporar áudio de alto nível em seu vídeo e seu entusiasmo cairá rapidamente.
Para começar, é melhor concentrar a energia em gravar o vídeo certo e começar a narrativa trabalhada. Para áudio, basta ficar com a qualidade que o seu mic de 360° na câmera pode fornecer. Você também pode anexar um bom gravador de áudio externo (como este do Zoom) para o seu tripé e mixar tudo mais tarde.
Se resultar em um vídeo horrível, lembre-se sempre desta dica muito boa de Hernandez: "Os jornalistas devem tentar experimentar com 360°, mas não publiquem se o produto final não vale a pena."
5. Uso indevido de texto em vídeo de 360°
O texto é uma maneira prática de guiar os espectadores. Títulos, legendas e créditos de localização são cruciais para qualquer vídeo de notícias e com realidade virtual não é diferente. Mas para um vídeo de 360°, onde você coloca o texto?
Bem, em toda parte. Colocar o texto em um lugar -- ou colocar muita informação no texto -- pode afetar seriamente a experiência imersiva. A maneira de superar isso é colocando o texto em duas ou três direções/locais.
Como diz Popalzai: "Você precisa colocar o texto em vários lugares para garantir que os espectadores não o percam se estiverem olhando em outra direção". Aqui está um bom exemplo.
Você também precisa usar um plugin especial para costurar o texto em sua linha de tempo de edição para que combine bem com 360°. Hernandez recomenda Mettle’s Skybox.
Uma nota final: O vídeo de 360° pode sobrecarregar cinegrafistas tradicionais. Até mesmo os melhores profissionais de realidade virtual ainda estão tentando entender este meio. Você só conseguirá fazer certo tentando e falhando.
Ravi Bajpai é um jornalista com mais de 10 anos de experiência na indústria de notícias da Índia. Ele já cobriu política, governância urbana, saúde pública e questões de desenvolvimento. Conheça mais sobre seu trabalho como bolsista Knight do ICFJ aqui.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via David Burrows