Entendendo as redes sociais na China

Oct 30, 2018 em Redes sociais

No início deste mês, a Tencent  tornou-se o primeiro gigante chinês de tecnologia a ser avaliado em mais de US$500 bilhões. Isso classificou a empresa, que possui o popular serviço de mensagens WeChat, à frente do Facebook. O novo status do Tencent significa que agora é a quinta empresa de tecnologia mais valiosa do mundo (com base no valor de mercado), atrás da Apple, Alphabet (Google), Microsoft e Amazon.

Como a agência criativa We Are Social mostrou, a China hospeda algumas das maiores redes sociais e de mensagens do mundo. No entanto, fora da região, muitas vezes pouco é conhecido sobre essas plataformas.

As redes sociais chinesas e os aplicativos de mensagens são os centros de inovação, com uma variedade de vídeos, notícias, comércio eletrônico e outros serviços. Aqui está o que você precisa saber sobre o cenário da mídia social da China.

3 plataformas para observar

Na China, três das mais populares plataformas de mídia social são WeChat, QQ e Weibo.

  1. WeChat é um aplicativo de mensagens instantâneas com quase 500 milhões de usuários ativos na China. "Metade dos usuários do celular do país acessará o aplicativo em 2017", informou o eMarketer. Globalmente, o uso é estimado em torno de 730 milhões de usuários ativos de redes sociais, de acordo com Huileng Tan da CNBC e 846 milhões, de acordo com o Hootsuite e We Are Social. Seja qual for o valor, estes são números altos, tornando a plataforma grande demais para ser ignorada.

  2. QQ foi lançado há 18 anos e, durante anos, foi o maior aplicativo social na China, apenas superado pelo WeChat no inverno passado. QQ foi recentemente reformulado para se concentrar em entretenimento e subculturas entre os jovens da China, com recursos semelhantes aos Snapchat, Rita Liao do Technode explicou. 

  3. Weibo é conhecido como o Twitter da China. No entanto, em termos de números, a rede parece ter ultrapassado o Twitter, com 340 milhões de usuários ativos em comparação a 328 milhões do Twitter. Uma das principais razões para esse crescimento foi a evolução do serviço para uma plataforma de blogs multimídia, com recursos semelhantes aos encontrados no Twitter, Pinterest e Tumblr combinados, explicou Yue Wang da Forbes. O movimento resultou em um aumento entre os usuários mais jovens ao longo do ano passado, segundo o Relatório de Impacto das Redes Sociais na China do Kantar, em 2017

5 tendências para ficar de olho

  1. Aplicativos de serviço - Aplicativos como Dianping e Ctrip alcançaram algumas das classificações maiores de satisfação na China, de acordo com o relatório Kantar. O Dianping, formado pela fusão de duas pequenas empresas semelhantes ao Groupon e Yelp, permite ao usuário fazer reservas de almoço, encomendar comida e comprar ingressos de filmes através do aplicativo, explicou Sherisse Pham da CNN.

  2. Streaming social ao vivo - Recursos interativos como o danmaku, onde pensamentos de outras pessoas parecem voar em sua tela de vídeo, acenderam o lançamento de um componente da rede social para transmissão ao vivo, informou o Social Brand Watch. Um desses aplicativos, Mango TV, um aplicativo de vídeo lançado pela Hunan Satellite, está crescendo rapidamente entre usuários jovens, observou o Kantar

  3. Notícias sociais - Esses recursos interativos também estão ganhando popularidade entre os aplicativos de notícias. O Toutiao, cada vez mais popular, por exemplo, agrega notícias e recursos em perguntas e respostas ao vivo. 

  4. eSports - O mercado de eSports na China deverá crescer para US$ 1,26 bilhão em 2017, de acordo com um novo relatório do pesquisador de mercado Niko Partners. O Tencent também comunicou que vai investir US$15 bilhões no gênero nos próximos anos. 

  5. Aplicativos voltados para idosos - Globalmente, os grupos etários mais velhos são cada vez mais fonte de crescimento das redes sociais, e isso é verdade na China, já que os usuários de 60 e mais anos cresceram em 38,2 por cento no ano passado. Este grupo tende a ver as redes sociais como uma forma de se conectar com amigos e familiares. Em contraste, as gerações mais jovens veem as redes sociais como forma de aliviar a pressão da vida real, observou o Kantar.

Impacto das redes sociais

Em geral, a pesquisa do Kantar sugere que a maioria dos chineses acredita que as mídias sociais tiveram um impacto positivo. As mulheres usuárias, em particular, observaram que os canais sociais são úteis para tomar decisões de compra, aliviar a pressão e aumentar a autoconfiança.

Apesar de sua popularidade, o uso desses canais não está livre de tensões.

Em agosto, a BBC informou que a Administração do Ciberespaço da China acusou os usuários de aplicativos de violarem as leis de segurança cibernética do país, com os usuários "espalhando violência, terrorismo, rumores falsos, pornografia e outros perigos para segurança nacional, segurança pública e ordem social."

Os sites e aplicativos da mídia social ocidental, como Facebook, Instagram e Twitter, bem como o Google, são bloqueados no país. O repórter da BBC John Sudworth observou: "Na China, as postagens são facilmente rastreáveis ​​através de números de telefone registrados e a maioria das pessoas já conhece bem tópicos e opiniões que devem manter distância."

Embora funcionem em um clima político e cultural muito diferente do Vale do Silício americano, essas plataformas continuam a ser centros de inovação e criatividade.

À medida que as marcas e as agências procuram expandir-se pela China --ou para alcançar a diáspora chinesa em todo o mundo-- precisarão entender melhor as complexidades do mercado chinês e muitos dos produtos e serviços exclusivos dentro dele. Isso, juntamente com o tamanho dessas redes, significa que os observadores das redes sociais precisam examiná-las atentamente, se ainda não o estiverem fazendo.

Kristin Peixotto colaborou neste artigo. Formada pela Faculdade de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Oregon, ela é estrategista de comunicação, com foco em engajar o público através do poder da tecnologia. Siga-a no Twitter @kpeixotto27.

Imagem sob licença CC no Flickr via Sinchen.Lee 


Leia mais artigos de

Jornalista

Damian Radcliffe

Damian Radcliffe é professor de jornalismo na Universidade de Oregon, bolsista do Tow Center for Digital Journalism na Universidade Columbia, pesquisador honorário da Escola de Jornalismo da Universidade de Cardiff e membro da Royal Society for the Encouragement of Arts, Manufactures and Commerce (RSA).