Às vezes o jornalista precisa trabalhar com discrição ou mesmo à paisana.
Segundo a LEAP, uma organização norte-americana sem fins lucrativos de comunicação digital, todos os jornalistas devem ter o direito de "cochichar" digitalmente, ou de se comunicar sem ser rastreado.
Mas cochichar online parece ser especialmente difícil nos dias de hoje, quando os avanços na tecnologia de vigilância estão "rapidamente corroendo a capacidade de fazê-lo", afirma a LEAP no seu site. Em alguns casos, e-mails de jornalistas são hackeados. E, nos casos mais extremos, jornalistas e ativistas são feridos ou mesmo mortos depois que suas tecnologias de comunicação revelam sua identidade, localização e conversas.
Nas próximas semanas, a LEAP irá inaugurar seu e-mail criptografado e de fonte aberta que espera ser útil para jornalistas e redações, muitas dos quais ainda dependem de e-mail como a principal forma de comunicação online. O sistema de e-mail gratuito tem sido elogiado tanto por sua alta segurança quanto facilidade de uso.
Veja como funciona: O software é baixado, instalado e usado em conjunto com um cliente de e-mail padrão (como o Thunderbird, Apple Mail ou Outlook). O cliente de e-mail se conecta a um proxy local, e o aplicativo " Bitmask" da LEAP assume todos os serviços de criptografia, permitindo ao prestador de serviços codificar todas as mensagens recebidas de modo que somente os destinatários possam lê-las.
Para conseguir isso, a LEAP "automatiza a parte de troca de chave do processo de criptografia, que é provavelmente o componente mais pesado", escreveu Laura Kirchner no Columbia Journalism Review. "A LEAP também garante que o prestador de serviços não tenha acesso aos seus dados, porque toda a criptografia e descodificação acontecem no seu computador. Significativamente, a LEAP também criptografa os metadados de mensagens além do conteúdo das próprias mensagens."
Kirchner ressalta que essa segurança tem uma desvantagem: Usar a LEAP significa que você não pode efetuar login em seu e-mail pela Internet; tem que entrar através do software no seu computador.
Entre outras limitações conhecidas do software, o lançamento inicial também não vai apoiar outras alcunhas/nomes para e-mail, encaminhamento de e-mail ou várias contas ao mesmo tempo.
Ainda assim, "o que você perde em termos de conveniência, ganha no controle", Kirchner escreveu. "O provedor de serviço que você usa para enviar seu e-mail não será capaz de ler seus e-mails."
O primeiro serviço da LEAP foi o Encrypted Internet Proxy, introduzido em 2013, que fornece evasão, localização anônima e criptografia de tráfego.
Agora, depois de um ano de desenvolvimento, a versão beta pública do e-mail criptografado vai ser lançada nas próximas semanas. Jornalistas estão convidados a experimentá-la.
Para saber mais, visite LEAP.
Imagem cortesia de David Bleasdale via Flickr sob llicença Creative Commons