Dois aplicativos ajudam a conectar jornalistas cidadãos com veículos de comunicação

por Ashley Nguyen
Oct 30, 2018 em Combate à desinformação

Técnicas para a terceirização de conteúdo gerado pelo usuário (UGC) variam de redação a redação, mas duas novas empresas, Broadfy e Newsreps, querem ser o intermediário entre usuário e agências de notícias.

Broadfy e Newsreps foram lançadas separadamente no final de 2014 com a esperança de dar aos cidadãos o poder de disseminar informação para organizações de notícias. Cada uma dessas empresas tem seu próprio app em que qualquer pessoa --não apenas jornalistas- - podem fazer o upload de suas próprias imagens e vídeos para vender para as redações.

Mas, enquanto as redações se equipam melhor com as ferramentas de fonte de conteúdo UGC, a viabilidade de startups que focam em conectar mais usuários com as redações continua incerta.

"Aqueles que estão tentando conectar redações com criadores de conteúdo talvez têm o trabalho mais difícil", explicou Fergus Bell, um ex-editor de mídias sociais e UGC na Associated Press. Bell trabalha agora na SAM Desk, uma plataforma de curadoria, buscas e storytelling em mídias sociais.

Bell enfatizou que às vezes é difícil para startups desse tipo construir um seguimento forte e leal de jornalistas cidadãos, especialmente quando aqueles registrando as notícias urgentes muitas vezes compartilham nas redes sociais com seus amigos e família como o público-alvo.

"É muito difícil para qualquer pessoa criar um aplicativo, construir uma comunidade e contar com ela para pensar em usar esse app quando se depara com um evento de última hora", escreveu Bell, em um e-mail para IJNet. "Mas não é impossível e alguns têm se adaptando bem."

Confira os modelos de negócios para Broadfy e Newsreps abaixo e decida por si mesmo. Se você tentar qualquer uma das plataformas, compartilhe o que pensa nos comentários abaixo ou com a IJNet no Twitter.

Newsreps

Newsreps foi lançada em outubro de 2014, mas o diretor Anders Nilsson e sua equipe começaram a trabalhar no projeto no final de 2013. Embora eles ainda estejam construindo uma audiência, o app do Newsreps está prestes a passar de 3.000 downloads. Nilsson diz que o app tem em médias 500 usuários ao vivo em qualquer momento durante o dia.

Para que Newsreps funcione, é preciso dois ingredientes: Pessoas que querem tirar fotos e gravar vídeos e agências de notícias que querem comprar conteúdo visual.

Até agora pessoas de 42 países se inscreveram para Newsreps e Nilsson tem a bordo organizações de notícias da Suécia, Líbano, Egito, Jordânia, Palestina, Irã, Turquia e Austrália.

"Estamos neste negócio para complementar, não concorrer com, as organizações de notícias", disse Nilsson, um ex-jornalista. "A edição ainda precisa ser feita na mesa do editor."

Como funciona: Os usuários que baixam Newsreps tem duas opções: Podem aceitar uma "tarefa de notícias" enviada por uma agência de notícias através do app, ou podem fazer upload de uma foto ou vídeo como uma "dica de notícia".

Se os usuários aceitam uma dica de notícia, vão sair e tirar as fotos solicitadas ou gravar um vídeo. A primeira pessoa a apresentar o trabalho recebe uma maior parte do pagamento, mas outros que pegam a tarefa também são recompensados. O menor valor que um veículo de notícias pode pagar por tarefa de notícia é US$100.

Como alternativa, os usuários podem fazer upload de dicas de notícias através do app. Dessa forma, o usuário pode definir o preço que está disposto a receber e escolher uma categoria para o conteúdo. Agências de notícias podem pesquisar categorias para encontrar fotos ou vídeos que gostariam de comprar.

Como ele verifica o conteúdo: Quando um usuário envia conteúdo ao Newsreps, a organização de notícias recebe a informação de contato da pessoa. Torna-se então a responsabilidade da publicação verificar a foto ou o vídeo.

Modelo de compensação: Se um usuário pega uma tarefa de notícias enviada através do aplicativo, a pessoa mais rápida com o melhor conteúdo recebe cerca de US$70, e os usuários subsequentes obtêm cerca de US$10.

No entanto, se o usuário dá uma dica de notícia que tem valor, o artigo começa em US$90 e o limite é de US$550.

Broadfy

Baseado na Espanha, Broadfy é relativamente novo, com mais de 100 usuários ativos, apesar de mais de 300 pessoas registradas.

O fundador Raffaele Pecorario e sua equipe estão trabalhando para expandir sua rede além da Espanha, e já tem alguns usuários em outras regiões.

"Acreditamos que o jornalismo cidadão responde à demanda por informações de testemunhas oculares instantâneas e conteúdo original de todas as partes do globo", escreveu Pecorario em um e-mail para a IJNet.

Como funciona: A empresa lançou recentemente um aplicativo de Android, e em breve lançará um aplicativo iOS também. Os usuários também podem criar uma conta online e fazer upload de fotos e vídeos de seus telefones diretamente para o site. As agências de notícias podemn pesquisar a oferta online e pagar pelo conteúdo.

Como verifica o conteúdo: Embora Broadfy incentive publicações a verificar o conteúdo que comprar, uma equipe de editores primeiro testa a veracidade da fonte. Os editores analisam os metadados das fotos ou vídeos e verificam possíveis alterações feitas através de Photoshop. Por último, Broadfy tenta cruzar referência sobre os eventos nas fotos ou vídeos com outros conteúdos da mídia social.

Modelo de pagamento: Os usuários recebem entre 50 e 75 por cento dos lucros de uma foto ou vídeo. Os valores de fotos e vídeos do Broadfy diminuem à medida que o tempo passa depois que o usuário enviar o conteúdo.

Fotos:

  • €49: Pagamento de uma foto até 12 horas depois que um usuário carrega no Broadfy
  • €29: Entre 12 e 24 horas após o usuário carregar no Broadfy
  • €19: Mais de 24 horas depois que um usuário fizer o upload no Broadfy

Vídeos:

  • €139: Pagamento de um vídeo de até 12 horas após um usuário carregar no Broadfy
  • €69: Entre 12 e 24 horas após o usuário carregar no Broadfy
  • €49: Mais de 24 horas depois que um usuário fizer o upload no Broadfy

Ambas images cortesia de Newsreps