Quando centenas de pessoas concorrem a uma bolsa ou programa de jornalismo, como você pode se destacar e ser aceito?
Se alguém sabe o que é preciso fazer é Patrick Butler, que examina milhares de pedidos de bolsas de estudo e treinamento em sua posição como vice-presidente para os programas do Centro Internacional para Jornalistas.
Butler compartilhou suas dicas e conselhos durante um chat na IJNet. Aqui estão alguns dos destaques do bate-papo:
Qual é a melhor maneira de fazer sua proposta se destacar da multidão?
Patrick Butler: Eu gosto de propostas que revelam uma necessidade, explicam de forma detalhada como você vai realizá-la, argumentam por que o projeto é "possível" e, em seguida, explicam o que seria diferente por causa do projeto. Mostre que você tem as habilidades para realizá-lo. Mostre que você tem uma organização de mídia disposta a fazer parceria com você. Cite alguém importante dizendo como seu projeto vai fazer uma diferença.
Para uma pessoa bilíngue, é bom apresentar exemplos de escrita em línguas diferentes?
PB: Você pode perguntar, especificamente, se aceitam exemplos de escrita em outras línguas e quais são elas. Se não, você deve traduzir o artigo, ou pelo menos os pontos principais, para o inglês ou qualquer que seja a língua apropriada. É bom pedir para alguém ler seu texto e corrigir a gramática e ortografia, mas não para mudar a sua voz e fazer você parecer um professor de inglês. Se sua redação é absolutamente perfeita e depois falamos por telefone ou Skype e é óbvio que o seu inglês não é bom, eu posso pensar que você não escreveu sua proposta.
A idade é um fator importante?
PB: Se você está apenas começando, não podemos ter certeza que vai ficar no jornalismo. Pessoas em meados de carreira demonstram um compromisso com o campo, mas ainda têm muito tempo para fazer uma diferença. Para muitas bolsas, você provavelmente vai precisar de pelo menos cinco anos. Mas se pode argumentar que tem muitos anos de experiência em algo relacionado e útil, mas não no jornalismo, ainda pode ser bem sucedido.
É melhor enviar o pedido seguindo um estilo frio de abordagem ou entrar em contato com a organização diretamente?
PB: Não há nenhum mal em contatar as pessoas da instituição/ ONG, mas eles podem sentir que seria um conflito de interesses lhe dar conselhos muito específicos. Você pode pedir para falar com pessoas que foram bolsistas antes e depois para pedir seus conselhos.
Como se compara ser jornalista independente em vez de ser associado a um grande veículo na hora fazer um pedido de bolsa de estudos?
PB: Eu acho que qualquer um pode ser um bom candidato. Se você trabalha para uma mídia grande, pode argumentar que seu trabalho atinge muitas pessoas. Mas se você é um jornalista independente ou freelancer, pode dizer que está livre de alguns dos problemas que os grandes meios de comunicação têm -- conflitos de interesse políticos ou econômicos.
Para os jornalistas freelance, eu sempre vejo se eles têm uma organização de mídia usando regularmente o seu trabalho. Você não quer dar uma bolsa para alguém que está escrevendo para um público inexistente, então mostre que você tem uma audiência se é um freelancer.
Que tipo de referência é melhor? Alguém que não está diretamente relacionado com o jornalismo, mas já trabalhou comigo por um longo tempo ou um profissional de mídia proeminente que trabalhou comigo por algumas semanas?
PB: Ambas são úteis. Se você pode enviar mais do que uma referência, envie. Mas apenas "algumas semanas" pode ser um período muito curto. Seria difícil para a pessoa realmente dar uma avaliação de sua adequação para uma bolsa com base num tempo tão curto.
Se você pode fornecer alguém que conheço e confio como referência, faz uma grande diferença. Não é necessário, claro, mas me sinto mais seguro em escolher alguém para um programa se ele ou ela recebe uma recomendação brilhante de alguém que eu conheço e confio.
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