No mundo digital de hoje, espionar jornalistas nunca foi tão fácil.
Com o clique de um mouse, espiões de tecnologia podem interceptar conversas de celular, e-mails, mensagens de texto e transmissões via satélite. Uma vez infectado com malware, um computador transmite toques de teclado e senhas para quem o controla. Nas mãos de profissionais, o dispositivo torna-se uma ferramenta de espionagem.
Os ataques podem vir de agências de inteligência, cartéis criminosos ou grupos terroristas que monitoram atividades de mídia. Os governos podem usar a tecnologia para silenciar ou punir seus críticos.
Para jornalistas em qualquer lugar do mundo, um plano de segurança digital é a primeira linha de defesa.
Quais são algumas das melhores práticas e suas eficácias? Onde os iniciantes devem começar? Onde especialistas em tecnologia podem ir para ganhar novas habilidades?
"Há coisas lá fora que não é difícil de usar. Muito parte do bom senso", diz Steve Doig, que conduz workshops sobre segurança digital em conferências do Investigative Reporters and Editors (IRE). Ele chama a exposição de Edward Snowden sobre a espionagem do governo americano em junho de 2013 de um "sinal de alerta".
"Quando comecei a falar sobre segurança digital no IRE em 2007, cinco a 10 pessoas apareceram. Duas semanas depois que a história de Snowden aconteceu, minha sessão de espionagem... atraiu uma platéia de 80, todos os assentos cheios, paredes cheias e pessoas sentadas nos corredores", diz Doig, catedrático Knight em jornalismo assistido por computador na Universidade Estadual do Arizona.
Doig aconselha repórteres a identificar como podem estar deixando um rastro eletrônico, em seguida, elaborar formas de proteger a informação. Avalie o risco para sua fonte. Quem quer a identidade de sua fonte? Quais são as suas capacidades? Discuta a segurança com as fontes. Considere reuniões simples "low tech", cara-a-cara, se a comunicação eletrônica for muito arriscada.
Para aqueles dispostos a investir tempo, há ajuda na web. A IJNet analisou dicas e tutoriais gratuitos e de fácil acesso que podem auxiliar a iniciar o processo:
O “Surveillance Self-Defense” da Electronic Frontier Foundation(EFF) fornece guias passo-a-passo para quem está começando. Há versões mais sofisticadas para veteranos de segurança que operam nos lugares mais arriscados do mundo.
O pacote inicial de segurança foi concebido para "ajudá-lo a descobrir como avaliar o seu risco pessoal, proteger as suas comunicações e informações mais preciosas, e começar a pensar sobre a incorporação de ferramentas de reforço de privacidade em sua rotina diária", afirma EFF em seu site. Entre tópicos para iniciantes:
·  Escolhendo suas ferramentas
·  Protegendo-se a si mesmo e redes sociais
·  Introdução à modelagem de ameaças
·  Comunicação com os outros
·  Criando senhas fortes
·  O que é criptografia?
Aprender a avaliar ameaças é um tópico comum nos tutoriais da EFF. Jornalistas devem se perguntar:
- O que você quer proteger? "Por exemplo, seus e-mails, listas de contatos, mensagens instantâneas e arquivos são todos bens. Seus dispositivos também são bens." 
- De quem você quer se proteger? "Exemplos de adversários potenciais são o seu chefe, o governo ou um hacker em uma rede pública." 
- Qual é a probabilidade de você precisar se proteger? "Anote uma lista de dados que você guarda, onde é mantido, quem tem acesso a eles e o que impede que outros acessem. Faça uma lista de quem pode querer obter seus dados ou comunicações.” 
- Quão são as consequências se você falhar? "Existem várias maneiras pelas quais um adversário pode ameaçar seus dados. Um adversário pode ler as suas comunicações privadas à medida que passam pela rede ou pode apagar ou corromper os seus dados." 
- O que você está disposto a fazer para tentar impedir isso? A realização de uma análise de risco envolve "calcular a chance de que as ameaças possam ser bem-sucedidas, então você sabe quanto esforço gastar para se defender contra elas... e decidir quais ameaças levar a sério." 
Confira estes sete passos básicos para segurança digital da EFF. As informações são publicadas em 10 idiomas, incluindo russo, árabe, vietnamita e português.
Entre outros recursos úteis: “Security in a Box”, um projeto da Front Line Defenders and Tactical Technology Collective, fornece um manual de instruções sobre dicas gerais de segurança e guia passo a passo para informações para iniciantes e veteranos. Uma seção orienta os usuários na instalação do Spybot, um software que pode detectar e destruir diferentes tipos de malware, adware e spyware dos computadores. Traduções em árabe, russo, francês, espanhol, vietnamita, chinês, farsi, birmanês e tibetano podem ser baixadas como PDF.
Um infográfico da Freedom of the Press Foundation lista oito passos que jornalistas podem levar para proteger celulares. Há também dicas sobre como proteger e-mails e escolher senhas mais seguras.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas aborda a cibersegurança como parte do seu Journalism Security Guide.
O Repórteres Sem Fronteiras publica o Online Survival Kit, disponível em cinco idiomas.
O Digital First Aid Kit é um guia publicado por uma dúzia de ONGs relacionadas com mídia, incluindo a Free Press Unlimited, Freedom House, Global Voices e Internews.
O Centre for Investigative Journalism em Londres tem um guia de 80 páginas, Information Security for Journalists, cheio de dicas e técnicas.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Kevan

 
  