O Projeto Meduza, um site de notícias independente em russo, estreou na segunda-feira junto com seu aplicativo.
O novo projeto foi criado por Galina Timchencko, ex-editora-chefe Lenta.ru, e desenvolvido para fornecer para a Rússia uma alternativa à mídia estatal.
Porque o Kremlin pode facilmente pedir para os provedores de Internet banirem websites na Rússia, o Projeto Meduza recorreu à tecnologia móvel para contornar a possível censura. O projeto vai oferecer um site e aplicativo para ler notícias em dispositivos móveis para assegurar um acesso constante ao conteúdo do site. Atualmente, não existe uma maneira prática de restringir acesso a aplicativos.
Na terça-feira, o Projeto Meduza anunciou no Twitter que o site ja estava bloqueado no Cazaquistão, ex-República Soviética. O tuite recomendou aos usuários visualizarem o site em seus dispositivos iOS ou Android.
Para evitar mais problemas em fazer funcionar um site de notícias independente na Rússia, o Projeto Meduza é sediado em Riga, capital da Letônia.
O website vai publicar conteúdo original e agregar notícias de outras fontes de mídia no idioma russo.
“Meduza é uma navio pirata, uma pequena organização de mídia móvel”, disse Ivan Kolpakov, um dos fundadores do projeto, ao Calvert Journal. “Uma mídia que tenta produzir um jornalismo de qualidade — notícias e reportagens.”
O Projeto Meduza está em andamento há mais de quatro meses, e Timchenko anunciou oficialmente o projeto online em uma entrevista com a Forbes Rússia em setembro. Timchenko começou o projeto depois que o magnata Alexander Mamut a demetiu do site Lenta.ru após uma divergência sobre a cobertura jornalística do site popular sobre a crise na Ucrânia.
A influência do Kremlin na mídia distorce boa parte da cobertura da imprensa sobre o conflito, e as equipes editoriais em toda a Rússia começaram a renunciar por causa da pressão do governo para só produzir notícias pró-Kremlin.
Timchenko e sua equipe de 20 ex-repórteres do Lenta.ru estão sigilosos sobre o Projeto Meduza e seus investidores para evitar contra-respostas potenciais.
"Eu não posso dizer se quem financiam o projeto Meduza são russos ou estrangeiros", disse Kolpakov ao Calvert Journal. "Há uma grande discussão sobre os nossos investidores, entre jornalistas russos, com alguns dizendo que temos de dizer às pessoas quem são. Sim, em um mundo mais justo provavelmente deveríamos, mas não na Rússia em 2014. Nós temos que proteger o nosso produto e nós temos que proteger os nossos investidores."
Imagem principal no Flickr via Greg Westfall sob licença CC