Como as regras de etiquetas para jornalistas nas redes sociais mudaram

por Maite Fernandez
Oct 30, 2018 em Diversos

Desde o surgimento do Facebook e Twitter como ferramentas-chave para o jornalismo, jornalistas e redações têm andado numa corda bamba: Precisam usar a rede social para envolver seu público de maneiras novas e criativas, e, ao mesmo tempo, manter padrões éticos.

Alcançar esse equilíbrio tem sido difícil para muitos repórteres. Vários enfrentaram sérias consequências por falarem o que pensam em 140 caracteres ou menos.

Mas algumas práticas que eram reprovadas nos primeiros dias de engajamento na rede social não são mais proibidas, de acordo com os editores sêniors de mídias sociais que participaram do painel "Social Media Debate: Best Practices vs. Bad Habits "na conferência 2012 da Online News Association, em San Francisco. O editor de redes sociais para a Associated Press, Eric Carvin, foi o moderador.

Aqui estão as regras de etiqueta que mudaram na mídia social nos últimos anos:

O declínio da "visão neutra"

A noção de que os jornalistas só devem cuspir fatos e manchetes foi substituída pela ideia de que é aceitável ter um ponto de vista e mostrar a personalidade.

"Se você me perguntasse há dois anos, eu teria dito, 'Não, um jornalista não deve ter uma opinião sobre o Twitter", disse Niketa Patel, gerente de produtos de mídias sociais da CNN Money. Mas agora seu pensamento mudou. "Nós somos seres humanos também. Temos opiniões. Eu acho que contanto que você não esteja sendo polêmico ou não esteja tentando fazer uma declaração notoriamente, acho que tudo bem... ter um pouco de opinião", disse ela.

Para Liz Heron, diretora de mídia social do Wall Street Journal, os jornalistas estão em sua melhor forma nas redes sociais quando oferecem análise e contexto, em vez de apenas uma matéria direta.

Deletar tuites é motivo de debate

Liz Heron costumava pensar que você nunca deveria excluir um tuite. "Eu realmente mudei minha filosofia sobre isso", disse Heron, que gostaria que o Twitter tivesse uma ferramenta de correção para que erros não se tornassem virais. "Se é um link ruim ou um erro de digitação, eu apago mesmo e envio uma correção."

Patel e o editor de mídia social para a Reuters, Anthony De Rosa ainda acham que a melhor maneira de lidar com um tuite com informação errada é deixá-lo como está e postar um tuite de seguimento com uma correção.

Uma coisa que ainda não está em debate: Se o seu tuite provocou algum tipo de controvérsia que precisa ser esclarecida, não deve ser simplesmente apagado e varrido para debaixo do tapete.

As normas de mídia sociais podem não ser essenciais

O New York Times decidiu não definir uma política de mídia social, uma vez que as diretrizes podem se tornar desatualizadas rapidamente, Heron disse. No entanto, no Wall Street Journal, os repórteres pediram por um conjunto de diretrizes.

Patel disse acreditar que as redações devem focar menos em estabelecer uma lista de regras negativas e mais nas melhores práticas que capacitam a equipe para usar as redes sociais de forma eficaz.

Fotos criam novas questões éticas

A narrativa visual é "a linguagem da web social nos dias de hoje", disse Heron. A onipresença de imagens do público é uma benção para contar histórias, mas apresenta novos problemas para os editores de mídia social que têm de decidir quando e como usar as imagens.

Quer usar uma foto que encontrou nas redes sociais? O painel sugeriu estes passos: Entre em contato com a pessoa que postou, verifique as informações que postaram, verifique se a foto é verdadeira, peça permissão para usá-la e atribua sua autoria. Organizações de notícias devem produzir um processo padrão para o uso de imagens geradas pelos usuários e passar o sistema por um advogado, disse Patel.

O que vem por aí na redes sociais e o que há de novo?

A interseção do vídeo e rede social pode ser um grande tópico daqui a um ano, De Rosa disse. Patel previu um renascimento da narrativa de áudio, enquanto Heron destacou a Reddit como uma plataforma para ficar de olho. (Essa é a plataforma que o presidente Barack Obama usou para uma sessão de perguntas e quase quebrou no processo.)

Leia mais sobre o painel aqui e ouça o áudio aqui.

Foto usada com licença CC, cortesia de Kexino no Flickr