A cada minuto, o YouTube transmite 72 horas mais de imagens de vídeo, o Twitter publica 100 mil novos tuites e o Facebook recebe mais de 700 mil comentários. Qual é a utilidade desse conteúdo para os jornalistas?
Apenas cerca de 1 por cento, disse Claire Wardle, diretora de serviços de notícias para o Storyful, uma agência de notícias de redes sociais, durante uma chat recente na IJNet. O Storyful reúne e verifica imagens de testemunha na mídia social para organizações de notícias.
"Nós sempre dizemos que cada evento de notícias cria uma comunidade e queremos aproveitar essa comunidade para descobrir quem está na rua e o que viram", disse Wardle, que já treinou mais de 3.000 jornalistas sobre práticas de verificação.
Aqui estão as melhores dicas de verificação de Wardle:
Cruze toda a referência. Use o Google Mapas e imagens de satélite para verificar a localização de um vídeo e encontrar pontos de referência idênticos. Confira a previsão do tempo e outros vídeos enviados no mesmo dia na região.
Cheque o usuário de mídia social olhando para o que enviou no passado e onde afirma estar localizado em suas contas sociais. Ao verificar outros idiomas, confira com as fontes na rua para garantir que o dialeto coincide com o local reivindicado.
"A verificação é um pouco como uma caça por pistas num inquérito policial", disse Wardle. "Reunimos pistas diversas para garantir que temos maior número possível informações sobre o vídeo e a pessoa que fez o upload."
Você não precisa de ferramentas caras ou uma série de recursos para realiar este processo crítico. "Trata-se menos da necessidade da redação", disse Wardle, "e mais de saber quais ferramentas utilizar para verificar o conteúdo e que perguntas fazer sobre o conteúdo."
Certifique-se da originalidade. Para evitar compartilhar um vídeo antigo que foi enviado de novo, para verificar o identificador único do vídeo.
"Cada vídeo no YouTube tem um [identificador]. Neste vídeo, o identificador único é TuEC8rtQLA8", disse ela." Se você colocar isso no Twitter e Facebook, pode ver quando comentaram sobre as primeiras versões do vídeo".
Wardle também sugeriu pesquisar a miniatura do vídeo através de uma busca inversa da imagem para excluir todas as duplicatas.
Use TinEye e a pesquisa de imagem invertida no Google para garantir que as imagens não foram utilizados em outros lugares. Wardle também recomendou a verificação dos metadados de uma imagem usando Flickr ou Jeffrey's Exif viewer para determinar a localização, o tipo de câmera utilizado, a a data que a imagem foi feita e outros recursos. Essas ferramentas são disponíveis para uso gratuito.
Fale com a fonte. O Storyful usa um roteiro padrão para pedir autorização a usuários de redes sociais pelo uso de seu conteúdo por parte de veículos de notícias, embora Wardle admitiu que a linguagem deve ser flexível o suficiente para incluir casos especiais.
"O que significa se organizações de notícias querem usar o mesmo vídeo num especial de fim de ano, ou se um documentarista quer usá-lo, ou se uma agência de notícias quer distribuir conteúdo para parceiros?", ela perguntou. "Há muitas maneiras diferentes das pessoas usarem o conteúdo, é necessário uma licença Creative Commons -- como a que o Flickr usa tão bem -- para sites de vídeo como o YouTube."
Não deixe a plataforma seduzi-lo. Wardle culpou a corrida pelo furo como a causa do maiores erros que jornalistas fazem na verificação de conteúdo de mídia social. Com pressa, jornalistas compartilham uma foto ou notícia incrível antes de verificar sua autenticidade.
"Se é bom demais para ser verdade, provavelmente é. E acho que estamos muito desesperados para retuitar uma imagem ou fato impressionante, e não é porque as pessoas são burras ou preguiçosas; é só que é tão tentador clicar em enviar", disse ela. "Torna-se uma descarga de adrenalina em eventos de últimas notícias, e isso é que é tão preocupante. Não é que as pessoas não sabem verificar, mas é que as plataformas são tão sedutoras."
Imagem usada com licença CC no Flickr via kkirugi.