Como as mídias sociais estão transformando o jornalismo chinês

por James Breiner
Oct 30, 2018 em Diversos

Uma recente conferência reuniu 200 profissionais de jornalismo que tiveram muito a dizer sobre a evolução do jornalismo na China.

A Faculdade de Jornalismo e Comunicação da Universidade Tsinghua celebrou 10 anos com uma conferência sobre o currículo do jornalismo internacional para uma platéia de 200 profissionais de jornalismo, reitores e professores da China e do mundo. Alguns destaques:

  • Qu Yingpu, vice-editor-chefe da estatal China Daily, observou que as mídias sociais estão espalhando notícias tão rapidamente que não é mais possível controlar o fluxo de informações. A resposta do China Daily tem sido fornecer mais informações a um maior público, com edições específicas para a África, Ásia e Europa, entre outros.

  • Shi Anbin, reitor associado da faculdade de Tsinghua, disse que os jornalistas digitais devem aprender com a redação de um homem só de Andy Carvin da Rádio Pública Nacional americana. Carvin cobriu o Oriente Médio durante os levantes da Primavera Árabe em 2011, baseando-se em vários ativistas, blogueiros e repórteres locais através de redes sociais como o Twitter.

  • Yoichi Nishimura, editor-gerente do Asahi Shimbun no Japão, contou como o terremoto de 2011 mudou a relação do jornal com seus leitores. O jornal compartilhou com o Google informação extensiva sobre pessoas desaparecidas, resultando em um grande banco de dados conjunto para ajudar a rastrear pessoas. Além disso, os meios de comunicação em massa usaram extensivamente o Twitter e o Facebook para divulgar informações relacionadas aos desastres e promover articulação de informação útil.

  • Joyce Barnathan, presidente do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), disse: "Nunca houve um momento mais crucial para educar jornalistas de negócios. O que acontece aqui na economia chinesa cada vez mais poderosa tem um efeito cascata em todo o mundo". O ICFJ faz parceria com a Tsinghua no programa de jornalismo global de negócios.

  • Lu Xiaohua, editor-chefe da rede chinesa de notícia, Xinhua News, disse que a China está tentando desenvolver uma presença de mídia internacional na dimensão e estatura da BBC, CNN, Russia Today e Al-Jazeera. A rede lançou um serviço 24 horas de televisão de inglês em 2010.

  • Li Liangrong, professor de jornalismo na Universidade de Fudan, disse que a mídia precisa dar mais cobertura em profundidade, especialmente agora que há tantas notícias curtas na Web. A Web oferece a possibilidade de apresentar "notícias convergentes", ou reportagens "em múltiplas dimensões". O padrão ainda deve ser a notícia "aberta, justa, equitativa, extensiva e intensiva."

  • Andrew Leckey, presidente do Donald W. Reynolds National Center for Business Journalism da Arizona State University, disse que é um grande momento para os jovens entrarem na profissão. Enquanto os jornais diários estão diminuindo, a demanda por jornalistas de negócios está crescendo. As histórias globais mais interessantes agora são histórias de negócios.

Este artigo foi publicado originalmente no blog News Entrepreneurs e traduzido ao português para a IJNet com permissão.

James Breiner é co-diretor do Global Business Journalism Program na Universidade Tsinghua e ex-bolsista do programa Knight International Journalism Fellow, tendo lançado e dirigido o Centro de Periodismo Digital na Universidade de Guadalajara. Ele é bilíngue em espanhol e inglês e consultor em jornalismo online e liderança. Visite seus sites News Entrepreneurs e Periodismo Emprendedor en Iberoamérica. Siga-o no Twitter.